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Sou uma mulher quente

Eu gosto de sol, do calor, do suor. Tenho uma frase – por causa da qual já fui acusada de cafona, aliás – mas que define muito bem minha relação com o verão: “o sol abraça a gente”.

No inverno, nos abraçamos a nós mesmos na tentativa de nos esquentarmos e recorremos ao colo do outro para trocar calor. Nesta estação não: de peito aberto, você se sente aquecida. Dispensa tecidos, abre mão de contato físico. Basta o sol e sua capacidade acolhedora.

Sorte minha ter nascido na considerada a “capital das piscinas”. Minha terra natal está distante do mar, mas tem lago e piscinas de água corrente para aliviar a seca.

Deve ser culpa do meu signo, câncer, potencializado pelo ascendente, peixes. Quem entende de astrologia diz que meu horário e meu dia de nascimento me fizeram uma pessoa de afinidades com o elemento água. Sou mulher de muitas lágrimas, é fato. E de amor pelo mar.

Talvez por isso goste tanto dos dias quentes como os nossos últimos têm sido. Calor faz suor brotar dos poros. Já o frio eriça os pelos. Gosto da sensação da água refrescando a pele, diferente da agonia de tirar a roupa em dias gelados para deixar o jato do chuveiro te lavar.

O inverno pede cama. Já o sol te convida a se levantar. Gosto de caminhar no Parque da Cidade no calor. Sentir a pele mudando de tom. Bronze é cor mais nobre do que meu natural amarelo desbotado.

Em nenhuma época do ano é tão delicioso tomar água. No frio, você se hidrata por necessidade, já no calor, o líquido refresca o corpo, molha a garganta e faz você se sentir vivo ao sentir o líquido aliviando a sede.

Verão é estação de cores, que tingem a paisagem e as roupas. Aliás, é tempo de pouco roupa. De sentir o próprio corpo e também o do outro. De pele com pele.

Nasci em julho, mês gelado. Que incoerência. Tenho alma solar e dispenso a frieza do inverno. Gosto de me derreter de amor e de calor; de sentir que meu corpo reage, na tentativa de se resfriar.

Mas tem prazer que só as noites geladas podem oferecer: dormir enrolada em um edredom. Mas isso fica fácil de resolver: ligo o ar-condicionado no máximo e me jogo na cama como se nevasse do lado de fora.

Escreva: fsduarte@hotmail.com

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Flávia Duarte

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Flávia Duarte

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