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A luz de Lourdes

Fico em Nova York por mais uma semana. Vim fazer um curso em uma universidade americana. Ali, tem gente de todas as partes do mundo, estudando ou ensinando. Gente com coleção de diplomas, com uma tecla SAP disponível no cérebro para falar qualquer idioma.

Mas tenho certeza que não será dos de currículo invejável a maior lição que levarei para casa. Estou segura de que a pessoa mais brilhante com a qual esbarrei nesta viagem atende por Lourdes.

Nome tão comum no Brasil é assinado por uma venezuelana pixota, residente há três décadas nos Estados Unidos. A pouca altura, porém, não lhe rouba a grandeza da história de vida que escreveu.

Introduzimos nossa conversa em ritmo morno, falando do Brasil, de comida e de dança. Por alguma razão, ela comentou ter se separado há oito meses, de maneira que reagi com a piada clichê de que deveríamos sair por essa cidade vibrante para encontrarmos um namorado: um para mim e outro para ela.

Ela não fez caso de minha proposta pouco original e começou a falar de amor. O tema tão comum, compreendido em qualquer língua, na narrativa de Lourdes, ganhou contornos dignos de romance.

A senhora alegre de 59 anos, foi casada três vezes. Tem três filhos e uma soma de netos que se referem a ela como a “super abuela”. Movida por paixão, se casou pela primeira vez aos 20.

Descobriu que a chama do amor esmoreceu e se viu encantada por pessoas, homens ou mulheres. Teve namoradas, mas o coração foi fisgado por um homem que um dia apareceu na sua frente sujo, com aspecto de quem tinha a rua como lar. Ofecereu a ele, casa, comida e roupa lavada. Amor também. Tiveram uma filha.

Logo, o amor surpreendeu novamente e lhe trouxe uma companheira, a mesma com quem rompeu recentemente. Com sabedoria adquirida na vida e não nos bancos acadêmicos, essa taxista me disse que é preciso deixar sarar o coração antes de outro chegar.

Completou o discurso dizendo que dentro de todos nós há uma luz, ansiosa por brilhar e atrair energia em volta. O segredo é deixá-la resplandecer e fluir no ritmo do universo. “Permita que a vida siga em harmonia. Nesse caminho, é possível encontrar algumas fagulhas que alimentará o fogo que é viver. Você, então, precisará saber o que fazer: ou ele te ilumina, ou te queima e te faz sofrer”, me disse essa senhora iluminada.

Escreva: fsduarte@hotmail.com
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Flávia Duarte

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Flávia Duarte

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