Carnaval é água em ebulição. Eu, que sempre passei essa data em qualquer lugar que não fosse na rua, me aventurei a dar os primeiros passos na folia da capital. Para a festa começar a ferver, é preciso adicionar os ingredientes: música, gente fantasiada e gente desinibida, seja pela natureza ou pelo efeito do álcool.
Cheguei quando o bloco Peleja ainda era só um grupo de gatos pingados sacudindo o corpo ao ritmo da banda que tocava samba. Confesso que pelejei para desfrutar a mesma animação, mas não desisti da experiência. Carnaval é festa de ser quem não é. Iniciante que era, entrei no jogo. Estava ali como alguém que não era na realidade. Troquei meus saltos e, com os pés no chão, rente ao asfalto, calcei tênis. Sempre acostumada à maquiagem e a delineador diários, fui de cara lavada. Meus paetês corriqueiros, preferi deixá-los em casa. Tudo em excesso perde a graça e o que não faltava ali era gente com roupa que refletia e cílios gigantescos obtidos à base de cola.
Para a água começar a ferver, fiz minha parte. Investi R$ 10 em uma tiara florida, arte de uma vendedora de rua. Mesmo valor me custou um copo de caipirinha. Enquanto espero a bebida, alguém, bem mais animado que eu, me cobre com espuma branca. Devo ter fuzilado o folião com o olhar. “É carnaval”, gargalhou minha amiga.
Nesse ponto, o público ralo começava a encorpar. A música ficava mais animada. Sem fantasia, um senhor, que estava na escada entre um bloco comercial e outro, me chamou mais a atenção do que qualquer qualquer efeito especial. De boné, camisa e calça jeans, olhava embevecido o movimento de gente com algumas décadas a menos de vida e, certamente, um bocado a menos de experiência do que ele. A barba benfeita e muito alva era indício de que poderia já ter completado uns 70 anos. Eu me arrisco a dizer que, ao menos sua mente, teria voltado aos 20. Um palpite despertado pelo semblante que mantinha, de quem revive uma emoção ao ouvir antigas marchinhas.
Nesse caldeirão fervente, ele acompanhava a música com passos mais tímidos. Eu já sentia a caipirinha trazer o meu bom humor. O carro de som saiu pela comercial da 201 Norte. Segui no ritmo do grupo. Ia atrás de onde estava a cantoria. Se antes estava fugindo do sol escaldante, me entreguei ao calor. Já não me importava com os abraços melados dos conhecidos que esbarrei por ali. O senhor de boné branco tinha, então, o sorriso ainda mais largo e o movimento dos pés tinham dominado o corpo. Assim é carnaval, vai esquentando.
No ponto de ebulição, eu reconhecia as músicas da época de adolescência. Queria só relembrar os passos que não dançava há pelo menos 20 anos. Finalmente, estreava no carnaval de Brasília. A essa altura, desconhecia o paradeiro do senhor de cabelos brancos. E, eu, que tinha ficado aborrecida com a espuma, agora me alegrava com a chuva de confetes ou o enlace de uma serpentina. A música estava animada; o álcool aumentava a agitação do corpo e da mente; a aglomeração de pessoas, o calor e a troca de energia física de dois corpos que quase são obrigados a ocupar o mesmo lugar. Era o caldeirão fervendo.
Mas, como esclarece a química, água que ferve entra no ponto de ebulição. É líquido se transformando em vapor. Assim foi a minha folia. Depois da euforia, a energia começa a se esvair. Sei que, se não desliga a água no fogo, ela evapora. Quem tinha mais gás ficou para a saideira. Eu organizei a minha. Tomei um táxi. Foi tempo de me livrar do suor e dormir.
Para quem procura ação
Ontem, o Parque da Cidade também estava movimentado de gente que prefere praticar atividade física e se exercitar do que curtir a folia de rua. A dificuldade de encontrar vaga no estacionamento próximo ao ponto conhecido como Quiosque do Atleta revelava quão cheio estava o local. Na pista de caminhada, pedestres, corredores, ciclistas e patinadores dividiam o espaço para treinar e aproveitar o dia de sol.
Integrantes do grupo Corredores de Rua do DF chegaram cedo ao endereço, enfrentaram 6km debaixo de sol forte e depois se reuniram na sombra de uma árvore para comemorar os aniversariantes do mês. Ao todo, são 45 participantes, mas ontem nem todos estiveram presentes. O fundador do grupo, Jhonny Inácio Filho, 35 anos, reforçou que a equipe prefere a prática do esporte à folia de blocos carnavalescos. “Nossos lemas são a corrida e a geração saúde. Todo fim de semana, estamos juntos, e também durante a semana. Todos aqui estão no mesmo clima, sem bagunça de carnaval, nem confusão, alcoolismo e exagero. A nossa paixão é pela corrida”, detalhou.
Os amigos Aluízio Ferreira da Silva, 55, e Cláudio de Souza Cavalcante, 45, também aproveitaram o domingo para ficar longe dos blocos e pedalar no parque. Aluízio reforçou que não é adepto do carnaval. “Sempre dá muita briga. Prefiro estar no parque, onde podemos aproveitar um clima tranquilo e sem violência. É melhor ser feliz do que amanhecer no cemitério”, brincou o fotógrafo. Ele, no entanto, reclamou de o parque não ter uma pista exclusiva para ciclismo. “A gente vem para cá com a intenção só de aquecer. Quando é para ganhar velocidade, temos que sair do parque e ir para outros locais, como a Ermida Dom Bosco”, completou.
Programe-se
30ª edição do Rebanhão – Renovação Carismática Católica (RCC)
Até amanhã
Local: Ginásio Nilson Nelson
Horário: das 8h às 17h
Entrada franca
Conferência Arena Jovem de carnaval da igreja Sara Nossa Terra
Até amanhã
Local: Campus Arena —
Arena Hall
Renascer — Comunidade Católica Shalom
Até amanhã
Horário: das 8h30 às 18h
Entrada franca
Local: Universidade Católica de Brasília / Pistão Sul — Taguatinga
Emuah Fest Folia — O carnaval cristão
Até amanhã
Horário: a partir das 19h30, com a missa
Local: Paróquia São Paulo — Incra 8 (Brazlândia, Área Especial 16, Lote 2, Núcleo Rural Alexandre Gusmão)
6º Halleluyah
Até hoje
Horário: a partir das 20h
Local: Paróquia Imaculado Coração de Maria — Alexânia (GO)
Acampamento de Carnaval
7º Rejubilai
Até amanhã
Horário: A partir das 9h
Entrada franca
Local: Avenida Vargem da Bênção, chácara 55 – Recanto das Emas
Carnaval da Paróquia São Gabriel Arcanjo – Consolação retiro de carnaval 25 anos
Até hoje (8/2)
Horário: das 8h às 18h
Entrada: 1kg de alimento
Local: Escola CEF 206 — Recanto das Emas
8º Louvar-te
Até amanhã
Local: Colégio CCI — QN 401 Conjunto B, Lote 03, Samambaia Norte
Congresso Gigante da Igreja Assembleia de Deus de Sobradinho I (ADS)
Até amanhã
Horário: a partir das 18h30
Entrada gratuita
Local: Ginásio de Esportes de Sobradinho I
Imersão total — 120 horas ininterruptas de cultos
Até amanhã
Local: Igreja Comunidade das Nações — SIA Trecho 2/3 — Lotes 390/400