O que mudou no skate brasileiro depois que ele se tornou olímpico?

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Brasília recebe pela primeira vez uma etapa do Circuito Brasileiro de Skate 2019— o STU Qualifying Series. No sábado e no domingo (27 e 28/7), a pista do LayBack Park, na Orla do Lago, contará com a presença de atletas da Seleção Brasileira da modalidade park, pois o torneio soma pontos na corrida olímpica para os Jogos de Tóquio-2020. A comitiva feminina tem Yndiara Asp, Leticia Gonçalves, Victoria Bassi, Isadora Pacheco e DoraVarella. Na masculina, Murilo Peres e Héricles Fagundes são os destaques no evento.

Potência no skate, o Brasil pode ter até três representantes nas Olimpíadas nas duas categorias da modalidade incluídas no programa: street e park. Para isso, os brasileiros precisam estar entre os 20 melhores do ranking internacional de cada gênero, até 30 de junho de 2020. A disputa pela corrida olímpica brasileira está acirrada com os eventos internacionais. Apenas nos últimos dois meses, Yndiara Asp viajou para outros quatro países. A skatista de Florianópolis vem direto da China, onde conquistou a quarta colocação na etapa Mundial.

“Nunca imaginei disputar uma Olimpíada, mas a partir do momento que isso entrou no mundo do skate, veio como mais um objetivo”, diz Yndiara, a brasileira mais bem classificada no ranking mundial, na sétima posição. “Dá uma vontade muito grande de ter essa experiência, sentir o que é estar em uma Olimpíada, representando o país, fazendo o que ama do outro lado do mundo, com vários ídolos. Surgiu o desejo de fazer parte disso”, diz a catarinense de 21 anos.

Isadora Pacheco, Yndiara Asp, Leticia Goncalves (esq p/ dir) e Victoria Bassi (sentada): disputam etapa de Brasília do Circuito Brasileiro de skate | Foto: Ana Rayssa.

Entre os reflexos de o skate alcançar o status olímpico, estão a criação da Seleção Brasileira e um torneio nacional de park e de
street, que conta pontos para o ranking de definição das vagas olímpicas.Criado no ano passado, o Circuito Brasileiro de skate também se mostrou uma maneira mais viável financeiramente para talentos do país serem revelados. “Em cada etapa, observamos o surgimento de novos nomes que não dão sossego para os atletas consagrados”, destaca Eduardo Musa, presidente da Confederação Brasileira de Skate (CBSk).

Yndiara destaca o aumento de visibilidade que um campeonato nacional bem estruturado agrega à modalidade. “É um circuito profissional, com premiação boa em todos os eventos e valores iguais para masculino e feminino. Está ajudando bastante a galera com o sonho de viver do skate”, avalia. O skatista Héricles Fagundes é outro integrante da Seleção que veio direto da China. Entusiasmado, o gaúcho competirá mesmo com o punho contundido. “Vai ser com superação novamente, mas com muita alegria por competir no país com meus amigos. O nível no Brasil está muito alto, a competição vai ser boa”, prevê.

No sábado, será a disputa da semifinal para as mulheres e eliminatórias para os homens. No domingo, será a semifinal masculina e, na sequência, ambas as finais. A entrada é livre para o público.

Skate: um estilo de vida paz e amor

“O skate é muito mais do que um esporte, é um estilo de vida”, descreve a jovem skatista Yndiara Asp. A jovem que ganhou o primeiro skate de presente do pai aos 7 anos conta que começou a andar para valer apenas aos 15. Foi nesse período que ela se inseriu no “lifestyle” do skate. O estilo de quem ama o esporte inclui um modo de se vestir, músicas e amizades. “Para muitas pessoas, estar nas Olimpíadas acaba trazendo o temor de o skate perder essa essência”, observa.

A visibilidade que o esporte ganhou provavelmente impulsionará novos praticantes a competir em uma Olimpíada, mas, para Yndiara, há outros objetivos em jogo. “Outras pessoas vão continuar a andar por amor. Um dos motivos de querermos estar nas Olimpíadas é para mostrar essa essência, porque o skate tem muito a somar”, pondera a favorita a representar o Brasil nos Jogos de Tóquio. Aos 17 anos, ela despontou no cenário nacional do skatepark. O primeiro objetivo era conhecer o mundo sobre a prancha com rodinhas. Hoje, ela comemora que poderá passar quatro dias em Florianópolis, depois de dois meses longe de casa.

A brasileira assume que o skate é uma competição, mas a caracteriza como saudável, pois todos torcem por manobras de sucesso dos concorrentes. “Ninguém quer ganhar com o outro errando, quer que todos consigam dar o melhor para que a decisão seja dos juízes”, explica. “O importante é ser feliz e verdadeiro consigo mesmo. É isso que levamos no skate, o amor pelo que faz e pelos outros, porque a energia que se passa é a que se recebe.”

Programe-se

Circuito Brasileiro de Skate — STU Qualifying Series (Etapa de Brasília)
Quando: sábado e domingo (27 e 28/7)
Horário: 9h às 18h
Local: pista do LayBack Park, Orla do Lago (SHTN Trecho 1 — ao lado do restaurante O Rei do Camarão, perto da Concha Acústica)
*Entrada livre

Maíra Nunes

Publicado por
Maíra Nunes

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