Última brasileira campeã da São Silvestre evitava corridas com premiações diferentes para mulheres

Compartilhe

A queniana Flomena Cheyech é a campeã da São Silvestre 2017, neste domingo, em São Paulo. Assim, o jejum de brasileiras no topo do pódio da corrida de rua mais tradicional do Brasil chega a 11 anos. A última foi Lucélia Peres, que antes mesmo de ganhar a São Silvestre em 2006 evitava participar de corridas que pagavam premiação aos vencedores diferente entre homens e mulheres — entre as homens, o etíope naturalizado barenita Dawitt Admasu ganhou a prova composta por 15 km na Avenida Paulista deste ano — Marílson Gomes dos Santos foi o último campeão brasileiro, em 2010.

“Achava uma coisa absurda. As mulheres treinam igual, correm o mesmo percurso, então por que não merecíamos premiação igual?”

Lucélia Peres cruzou em primeiro a 82ª São Silvestre, em 2006 / Foto: José Patricio/AE

Lucélia Peres diz que sempre criticou tanto a diferença das premiações entre homens e mulheres, quanto à quantidade de atletas premiados quando é maior na prova masculina do que na feminina. “Eu tinha um feminismo intrínseco, é uma coisa natural minha”, conta a também tricampeã da Volta Internacional da Pampulha, em Belo Horizonte.

“Antigamente havia provas que tinham essa diferenciação de valor. Hoje, vemos cada vez menos isso. Nas grandes provas isso já não ocorre”, observa Lucélia. Aos 36 anos, a mineira radicada em Brasília segue assistindo à São Silvestre de casa e continua na ativa.

Ela diminuiu as participações em provas de 10 km, em que foi medalhista de bronze nos Jogos Pan-Americanos do Rio-2007, e passou a encarar corridas mais longas. Em 2017, completou a primeira maratona, em Buenos Aires, terminando na 11ª posição.

Gravidez impediu participação de Lucélia na São Silvestre de 2013

A rotina de atleta, Lucélia divide com a dedicação à própria assessoria esportiva voltada a atletas amadores e para curtir de perto o crescimento do filho Arthur, de 3 anos. Por sinal, ela se preparava para a São Silvestre de 2013 quando descobriu que estava grávida. A corredora seguiu treinando e manteve a prática de exercícios físicos durante toda a gestação,  mas suspendeu as competições e acabou não disputando a São Silvestre.

Para esportistas, gestação é um desafio. “Filho muda totalmente a rotina tanto durante a gestão, por ter de reduzir os treinamentos e não participar de competições; quanto pelas mudanças no corpo, pela demanda de tempo para voltar a forma e para cuidar do filho depois do nascimento”, diz.

Com o nascimento do filho, Lucélia reduziu o tempo de treinamento e o ritmo de viagens, até porque já tinha dedicado 20 anos ao esporte e queria curtir o crescimento do filho.

Campeões da São Silvestre 2017

O pódio feminino da São Silvestre 2017 foi composto pela Flomena Cheyech, que venceu a prova com 50m18s, seguida pela etíope Sintayehu Hailemichael, com 50m55s, e pela queniana Birhane Dibaba, com 50m77s.  Na prova masculina, Dawitt Admasu foi campeão da São Silvestre pela segunda vez na carreira, ao terminar os 15 km em 44m17s. Em segundo lugar, ficou o etíope Belay Bezabh e, em terceiro, o queniano Edwin Rotich.

Maíra Nunes

Posts recentes

Macris diz que lesão nas Olimpíadas está cobrando o preço: “Longe dos meus 100%”

Como se não bastasse a intensidade de sentimentos por disputar os primeiros Jogos Olímpicos da…

3 anos atrás

Atacante Nycole, de Brasília, rompe LCA e adia sonho com a Seleção

A brasiliense Nycole Raysla, 21 anos, atacante do Benfica que vinha sendo convocada nos últimos…

3 anos atrás

Goleira do Minas Brasília, Karen é convocada para a Seleção Brasileira

Goleira do Minas Brasília, Karen Hipólito é um dos nomes novos a ter oportunidade na…

3 anos atrás

Medalhas femininas do Brasil praticamente dobram da Rio-2016 para Tóquio-2020

O Brasil encerrou os Jogos Olímpicos de Tóquio-2020 com a melhor campanha da história no…

3 anos atrás

Canadá vence Suécia na primeira final olímpica do futebol feminino definida nos pênaltis

Definida pela primeira vez na disputa dos pênaltis, a final olímpica do futebol feminino terminou…

3 anos atrás

Sem Tandara, Brasil domina Coreia do Sul e pegará EUA na final de Tóquio-2020

Após ser acordada com a notícia bomba do corte da oposta Tandara dos Jogos Olímpicos…

3 anos atrás