Desconfio que os russos não sabiam da dimensão da Copa do Mundo até a vivenciarem em casa. Não me refiro à equipe — que disputa sua quarta edição do Mundial, sem contar com as sete participações da antiga União Soviética —, mas à população. O clima de Copa, com torcedores pintados, cantos ecoando pelos metrôs e a bagunça nos bares diante de uma televisão, só começou com o primeiro dia da competição. Por sinal, com um jogo de abertura que não poderia embalar mais: goleada da seleção anfitriã por 5 x 0 sobre a Arábia Saudita. Ali, o futebol travava seu primeiro flerte com os russos, que já saíram às ruas para comemorar. Eram os estrangeiros, porém, quem davam o tom de Copa do Mundo como conhecemos por aqui no Brasil.
Aos turistas, o país sede do Mundial de futebol se apresentou como um “match” promissor, caso fosse um candidato em aplicativos de relacionamento no celular. Palco da abertura, Moscou impressiona pela infraestrutura capaz de dar todo o suporte aos torcedores para acompanharem os eventos ligados à competição. Dispõe de três aeroportos e conta com um dos maiores e mais eficientes metrôs do mundo, que ainda presenteia os usuários com estações lindíssimas. O maior país do mundo ainda faz a ligação terrestre entre as cidades por meio de trem em vagões que, em geral, são bem confortáveis.
Mesmo assim, o início do namoro com a Copa do Mundo na Rússia foi meio desajeitado. Faltou cerveja aos torcedores que a buscavam no fim de uma noite de jogos — pois é, a bebida acabou nos pontos mais turísticos diante de tanta “empolgação” dos amantes do futebol. Até a Fan Fest de Moscou, local dedicado aos torcedores acompanharem a Copa, não dispunha de espaço para acomodar todos os interessados. Em dias de jogos de Rússia, México e Brasil, por exemplo, a capacidade para 25 mil pessoas deixou muita gente de fora. Para quem conseguiu entrar, a cerveja disponível era vendida apenas em temperatura ambiente — quente para os brasileiros. Rússia e Copa do Mundo estavam naquele estágio em que o casal ainda está se conhecendo.
Após a estreia na capital Moscou, a seleção russa partiu para a conquista mais efetiva de seus torcedores. Aproveitou o cenário romântico dos canais de São Petersburgo, que no verão praticamente não escurece nas chamadas Noites Brancas, para chamá-los para sair. Com a vitória sobre o Egito por 3 x 1, o convite se tornou irrecusável. Uma verdadeira festa tomou as ruas da cidade. Os turistas dos mais diversos países se juntaram aos donos da casa para festejar. O país anfitrião se rendeu ao Mundial e vibrou com a segunda vitória da Rússia até a madrugada. Os jornais locais dedicaram horas do dia seguinte ao feito. A cena do resgate de um rapaz que caiu em um dos canais de São Petersburgo devido a uma comemoração para lá de animada foi repetida várias vezes pelos telejornais.
Depois disso, os russos se entregaram à alegria que o futebol é capaz de proporcionar. Antes do jogo seguinte, pintaram os rostos, passaram a exibir adereços e seguiram fazendo barulho com o único grito sincronizado em apoio à equipe: “Rússia”. Quando tudo parecia lindo, veio a derrota por 3 x 0 para o Uruguai, em Samara. Um balde de água fria fez os russos voltarem a ter os pés no chão. Meio desconfiados, os russos voltaram a se enfeitar para apoiar o time nas oitavas de final diante da temida Espanha, campeã mundial em 2010. Lotaram o Estádio Luzhniki e viram a Rússia levar a partida para os pênaltis após empate em 1 x 1. O que parecia impossível, a cada fase, se mostrava real nesta Copa do Mundo das zebras.
Para a loucura dos russos, o inacreditável aconteceu: vitória diante da Espanha por 4 x 3 nos pênaltis e classificação para as quartas de final. Pronto. A relação Copa do Mundo e Rússia viveu um dia daqueles de quem diz: “Como eles combinam, parece que foram feitos um para o outro”. Aquele papo de os russos terem um perfil frio — já que é um país com inverno rigoroso — não teve vez. Eles vibraram ao melhor modo latino de comemorar uma vitória nos gramados: tomaram as ruas, fecharam o trânsito, fizeram buzinaço em que até a polícia aderiu.
Se no início do evento foram os turistas quem deram o tom da Copa; nesta semana, os russos mostraram que aprendem rápido. E, mais, que não estão dispostos a deixar essa farra tão cedo. Adversária da Rússia nas quartas de final, a Croácia do craque Modric que se cuide.
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