Foram 18 anos dedicados à Seleção Brasileira feminina de futebol. Dona de duas pratas olímpicas (2004 e 2008) e um ouro Pan-Americano (2007), Rosana foi a única mulher levada pelo Fifa Legends, uma homenagem feita pela entidade aos “lendários” do futebol, na final da Copa do Mundo Sub-17, no Estádio Bezerrão, no Gama. A jogadora fez parte do grupo de craques do futebol brasileiro ao lado de Ronaldo “Fenômeno”, Bebeto, Cafú, Júlio César e Roque Jr.
“O convite é uma conquista, porque a Fifa enxergou tudo que eu fiz pelo futebol feminino. É muito especial”, comemora Rosana, em entrevista ao Elas no Ataque.
Rosana começou a jogar futebol com 6, 7 anos na rua, no meio dos meninos, depois seguiu jogando bola na escola até integrar o time feminino do São Paulo, ainda aos 14 anos. Aos 17, estreou na Seleção Brasileira. Pioneira e com uma carreira vitoriosa, Rosana revela a vontade de ter pegado o crescimento que a modalidade feminina vem vivendo neste ano.
“Fico muito feliz com a ascensão do futebol feminino, com categorias de base, o campeonato um pouco mais estruturado. Me sinto parte dessa progressão. Gostaria de ter 10 anos a menos, com certeza iria pegar uma condição muito melhor. Mas em contrapartida, fazer parte da construção também é muito bacana”, diz Rosana.
Com passagens também pelos principais clubes estrangeiros, como Lyon e Paris Saint-Germain, Rosana planejava voltar para o Brasil para encerrar a carreira no São José, aos 32 anos. Mas um turbilhão de emoções a fez mudar de planos. Ela perdeu o noivo, um dos principais incentivadores da carreira dela como jogadora de futebol, em decorrência de um enfarto meses antes do casamento e decidiu continuar jogando futebol.
Atuou no North Carolina Courage, dos Estados Unidos, depois voltou ao Brasil para o Audax até anunciar a aposentadoria da Seleção em 2017 e, pouco depois, encerra a carreira no Santos. Em outubro deste ano, Rosana surpreendeu a todos ao voltar aos gramados para reforçar a Ferroviária na Copa Libertadores da América, em que foi vice-campeã.
Rosana conversou com o Elas no Ataque sobre o retorno ao futebol, que deixa a entender que terá mais capítulos como jogadora, e sobre a expectativa de ser treinadora, possibilidade apontada pelo Lyon quando ela atuou no clube francês em 2012 pelo perfil de liderança apresentado como jogadora. Leia a entrevista completa abaixo:
Como foi a tomada de decisão sobre a aposentadoria do futebol?
Eu decidi parar de jogar porque tive alguns problemas pessoais em 2016, umas perdas importantes na família, tanto do meu pai quanto do meu noivo e eu não tinha sofrido esse luto ainda. No ano passado, isso me pegou muito forte. Apesar de eu ter feito um bom campeonato, senti que era o momento de descansar, de dispersar um pouco, não focar tanto no futebol.
Como foi voltar a jogar futebol defendendo a Ferroviária?
Decidi dar esse tempo do futebol, mas não imaginava que teria um retorno tão breve, mas também por conta da oferta, que ainda é pouca, os clubes me procuraram. Na Ferroviária, o prefeito gosta de mim, eu tinha boas memórias de quando a Tati (Tatiele) foi minha treinadora no Internacional, além do fato de a Libertadores ser uma competição curta e por ser um time de tradição no futebol feminino. Então decidi jogar para ver se reacendia essa chama em mim. Não foi algo planejado.
Vai voltar a jogar?
Provavelmente. A Libertadores foi uma estratégia para saber se realmente iria reacender essa chama. E eu me senti muito parte do time da Ferroviária, as meninas mesmo falaram que eu era uma inspiração. Acho que dá para contribuir um pouquinho mais.
No tempo longe dos gramados, você trabalhou com agenciamento…
Sim, trabalhei com agenciamento, principalmente na parte do futebol masculino, mas minha identificação maior sempre foi estar no campo. Em um pós-carreira novamente eu pretendo estar como treinadora. Uma coisa secundária também seria estar na gestão. Mas o futebol não sai de mim e eu não quero sair dele.
Você disse querer ser treinadora quando parar novamente. Qual a sua trajetória nesta área até o momento?
Eu já venho fazendo cursos de treinadora e de gestora há muitos anos. Eu sempre me identifiquei muito com o futebol e passei 14 anos fora do Brasil já projetando o meu pós-carreira, porque lá os clubes dão essa condição. No Lyon (onde atuou em 2012), eles traçaram o meu perfil de liderança e listaram o que eu poderia exercer no pós-carreira dentro do meu perfil psicológico. E treinadora foi uma das coisas que me colocaram.
Após a Copa do Mundo da França, a sueca Pia Sundhage assumiu o comando da Seleção Brasileira. O que uma técnica estrangeira agrega ao futebol feminino brasileiro?
Não diria que o fator agregador seja por ela ser estrangeira, mas pelo fato de ser a Pia. Ela é uma treinadora que passou por grandes seleções, que teve conquistas muito expressivas e que só tem a contribuir. Só acho que precisamos preparar outras treinadoras para um futuro breve. A Pia não vai ficar no Brasil para sempre. Precisamos ter algo mais organizado e estruturado para que outras treinadoras tenham condição de galgar assumir uma Seleção Brasileira.
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