Daiane dos Santos, primeira brasileira a chegar em uma final olímpica da ginástica artística, passou o bastão para Rebeca Andrade, primeira medalhista do Brasil da modalidade
Uma ligação direta entre Brasil e Japão tornou a medalha de prata da Rebeca Andrade nos Jogos Olímpicos de Tóquio ainda mais especial. Daiane dos Santos e Daniele Hypólito comentaram, ao vivo, a transmissão da prova que rendeu o primeiro pódio olímpico para a ginástica feminina do Brasil. As duas foram as primeiras ginastas brasileiras, ao lado de Camila Comin, a se classificarem para uma final olímpica nos Jogos de Atenas-2004.
Naquela final de solo, Daiane era tida como favorita ao ouro olímpico, com a apresentação ao som do Brasileirinho, executando o inovador duplo twit carpado que encantou o mundo um ano antes. A brasileira conquistou o primeiro título mundial do Brasil na ginástica artística no Campeonato de Anhaneim, nos Estados Unidos, em 2003. No ano seguinte, ela disputou essa edição das Olimpíadas lesionada e terminou na 5ª colocação. O feito, porém, revolucionou a modalidade, com a contribuição do treinador ucraniano Oleg Ostapenko.
Uma das crianças que se inspiraram em Daiane dos Santos e Daniele Hypólito foi Rebeca Andrade. Uma reportagem da Globo de 2009 registrou o encontro entre elas e Rebeca, aos 10 anos, declarando a satisfação de compartilhar um treinamento com elas. Nesta quinta-feira (29/7), ao ver onde aquela menina chegou, embalada pelo funk “Baile de Favela”, Daiane se emocionou e ressaltou a representatividade da conquista desta ginasta de 22 anos. Na Rio-2016, Rebeca competiu no solo ao com de “Single Ladies”, de Beyoncé.
“Agora, a gente tem a primeira medalha do Brasil na ginástica artística com uma negra. Isso é muito forte. Até pouco tempo os negros não podiam competir em alguns esportes”, comemorou Daiane dos Santos, a primeira medalhista mundial negra do Brasil na ginástica artística. “É uma menina que veio de origem humilde, criada por uma mãe solo, veio de várias lesões para ser a segunda melhor atleta do mundo”, completou a ex-ginasta, hoje com 38 anos.
É uma passagem de bastão, que não se restringe às duas, claro. Daiane dos Santos e Rebeca Andrade representam o trabalho de muitos e muitas. Ginastas e profissionais pioneiros que abriram portas para que, hoje, o Brasil esteja no pódio de uma Olimpíadas. Algo extremamente seletivo na ginástica artística.
Desde quando a prova do individual geral integrou o calendário olímpico, em 1952, as medalhas se concentram em cinco países: Estados Unidos, Rússia/União Soviética, China, Romênia e Ucrânia. As raras vezes que que o pódio olímpico teve outra bandeira, foram com a Alemanha Oriental (1972), a Checoslováquia (1968 e 1964) e a Hungria (1996 e 1952).
Lembre da apresentação de Daiane dos Santos, com Brasileirinho, nos Jogos Olímpicos de Pequim-2008:
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