Uma foto dos campeões do torneio Skate Park Internacional, também conhecido como Oi Park Jam, gerou polêmica após ser divulgada no último domingo (28/1). Os comentários criticam a diferença entre a premiação do campeão da categoria masculina Pedro Barros e da campeã da categoria feminina Yndiara Asp.
Na foto é possível notar que Pedro recebeu um cheque no valor de R$17 mil, enquanto Yndiara recebeu R$5 mil. Mesmo competindo no mesmo torneio, Pedro recebeu mais que o triplo em relação ao prêmio da categoria feminina. O fato incomodou alguns internautas e gerou um debate sobre o machismo dentro das premiações esportivas.
Na foto divulgada no Instagram oficial do evento, as opiniões se dividem entre críticas contra a desigualdade dos prêmios e comentários que tentam explicar o motivo da diferença. Algumas atletas conhecidas na modalidade resolveram se manifestar a respeito do tema. Karen Jonz, tetracampeã mundial de skate, publicou um texto que aborda a questão da desigualdade no esporte. Karen relembra que está envolvida com o meio desde quando o skate feminino era visto como uma “aberração”.
Skatistas se manifestam
A tetracampeã convocou as mulheres skatistas a se unirem e lutarem contra a desigualdade. “Isso só vai mudar se a gente se unir muito e lutarmos juntas (e juntos) para que a desigualdade deixe de ser o estado normal das coisas. Nada disso é normal”, afirma. “Ao ver a comoção que a notícia do valor das premiações provocou no público, eu percebi que, mesmo que nós tenhamos avançado muito rumo à igualdade, ainda resta muito a ser feito”, completa.
Karen lembra também que o skate é uma modalidade olímpica e que não há mais espaço para esse tipo de coisa. “Nós, mulheres, treinamos tanto quanto os homens, vivemos isso com tanta intensidade e paixão quanto os homens, mas enfrentamos, além das dificuldades inerentes da vida de atleta, os desafios a mais que temos apenas pelo fato de sermos mulheres”, critica.
Outra atleta da modalidade que se manifestou foi Letícia Bufoni. A skatista, cotada para representar o Brasil em Tóquio-2020, reproduziu o texto de Karen das redes sociais ao lado de uma foto, na qual ela usa uma camiseta com a palavra ‘igualdade’.
Organização responde críticas
Após a polêmica, a organização do campeonato se manifestou por meio das redes sociais nesta segunda (29/1). Na nota, a organização reconhece a importância do debate e explica que o número de praticantes de skate ainda é diferente entre os gêneros. “O Oi Park Jam reflete essa realidade, com 23 homens (22 profissionais e entre os mais bem colocados no ranking mundial e 1 amador) e apenas 10 mulheres (em sua maioria amadoras) competindo”, afirma a nota.
Ainda de acordo com o comunicado, as premiações levaram em conta a participação qualitativa e quantitativa de skatistas profissionais. Ao final, a organização reforça que tem o objetivo de estimular a popularização do skate e o aumento da participação das mulheres nos campeonatos. “Estamos comprometidos com o debate sobre igualdade de gênero e vamos continuar nos esforçando para a inserção da mulher no skate em igualdade de gênero.”