Pia Sundhage é apresentada na CBF como nova técnica da Seleção Brasileira feminina de futebol
Pia e Tite Materia Pia Sundhage e Tite: técnicos da Seleção Brasileira | Lucas Figueiredo/CBF Pia Sundhage, técnica da Seleção Brasileira feminina de futebol ao lado de Tite, comandante da equipe masculina, na CBF

Em apresentação à Seleção, técnica Pia fala de mudanças, Marta e Olimpíadas

Publicado em Futebol

Pia Sundhage foi apresentada oficialmente como técnica da Seleção Brasileira feminina nesta terça-feira (30/7), na sede da Confederação Brasileira de Futebol (CBF), na Barra da Tijuca, Zona Oeste do Rio de janeiro. Pia assinou um contrato de dois anos, com mais dois renováveis. A cerimônia quebrou com a formalidade de costume. Logo no início, Pia foi recebida com vídeos de boas-vindas de Andressa Alves, Cristiane e Tamires, jogadoras que disputaram a Copa do Mundo na França.

Com a palavra, a treinadora disse que assumir a Seleção Brasileira é um grande passo na carreira. “Tenho o maior orgulho e estou muito feliz pelo fato de olhar ao meu redor e sentir muita expectativa. Quando se tem muita expectativa de um treinador, é claro que se quer mais. Estou assumindo um grande time”, declarou.

Quando esteve à frente dos Estados Unidos, a nova treinadora do Brasil foi campeã Olímpica em Pequim-2008 e em Londres-2012. Em 2011, a Sueca foi vice-campeã do Mundo com as norte-americanas em 2011. No Rio-2016, sob comando da Suécia, ficou com a prata. Além disso, foi eleita a melhor técnica do ano em 2012.

O presidente da CBF, Rogério Caboclo também comemorou a chegada da nova comandante. “Momento histórico, de grande alegria por trazer a melhor treinadora do mundo para o melhor futebol do mundo. A Pia dispensa apresentações, simplesmente participou das três últimas finais olímpicas. Pia conjuga a qualidade técnica com as jogadoras que temos”, disse Caboclo.

Pia Sundhage foi apresentada pelo presidente da CBF, Rogério Caboclo | Lucas Figueiredo/CBF

As melhores do planeta juntas: Marta e Pia

A Seleção Brasileira vai contar com a melhor treinadora do mundo em 2012 e com a jogadora eleita seis vezes melhor do mundo, ambas em votação da Fifa. “Marta tem sido a melhor há tanto tempo, tem esse coração do futebol. Não sei que posição vai ter em campo, preciso ganhar o respeito dela. Falei com ela, está determinada a fazer algo positivo. Não é só a Marta, mas o time todo. No fim das contas, é a equipe que vence, a Marta sabe disso”, apontou Pia.

Mudanças  no elenco

A Seleção comandada por Vadão chegou à França com o revés de nove derrotas em 10 jogos. No Mundial, ganhou duas partidas e perdeu uma na fase de grupos e outra quando foi eliminada nas oitavas de final para as anfitriãs. Durante a coletiva de apresentação, Pia Sundhage falou sobre o maior desafio à frente da equipe canarinha. “A Seleção precisa mudar, mas não tem de ser muito radical, pois podemos perder a confiança. O Brasil jogou bem na Copa do Mundo, mas não pode ser também uma mudança muito pequena. É preciso ter uma mudança que faça a diferença, isso é o mais importante.”

Categorias de base do Brasil

Neste ano, a CBF organizou pela primeira vez um Campeonato Brasileiro  Sub-18 feminino. No entanto, as Seleções Brasileiras sub-20 e sub-17 seguem sem técnicos desde 2018. Em meio à falta de alinhamento entre as ações da entidade, Pia ressaltou a importância do investimento em divisões juvenis. “As categorias de base são necessárias quando a gente fala de desenvolvimento. Se você quer que a Seleção jogue um futebol excelente, você precisa de um sub-20 e sub-17 muito bons. Vai acontecer passo a passo.”

A nova treinadora falou sobre a necessidade de obter equilíbrio de jogo e tentar imprimir a mentalidade das escolas norte-americanas e suecas. “O EUA não joga 90 minutos, mas 92 minutos. Apesar do ego grande, são as melhores em equipe. E na Suécia, que é defender a organização. Se eu conseguir trazer o melhor dos Estados Unidos e o melhor da Suécia, diria que vamos ter uma jornada interessante”.

Olimpíadas de Tóquio, em 2020

Apesar da grande expectativa devido ao currículo vencedor da treinadora em Jogos Olímpicos, faltando pouco menos de ano para a edição de Tóquio, Sundhage destacou que o foco inicial não será o título e sim no trabalho. “Esperamos chegar na final, mas precisamos trabalhar muito,  dar o primeiro passo e não falar ainda sobre medalha. Ao fazer o dever de casa, as coisas acontecem.”

Pia Sundhage falou sobre o perfil das jogadoras que devem compor o elenco brasileiro para Tóquio-2020. “Para mim, temos que falar principalmente da atitude, tem de vir de dentro. Vi todas as jogadoras se saindo bem porque queriam isso. Minha função é essa. Jogadoras como Cristiane são ótimas, mas será que vai querer mostrar isso amanhã, depois de amanhã, semana que vem? Precisamos ter a ideia de quem vai querer jogar nos Jogos Olímpicos e quem não vai querer.”

Por Mariana Fraga*
*Estagiária sob supervisão de Maíra Nunes

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