O que se pode tirar dos três jogos disputados pela Seleção Brasileira no Torneio Internacional da França, entre 2 e 11 de março? Foram muitos testes visando os Jogos Olímpicos de Tóquio-2020. Teve o primeiro gol da Marta sob comando de Pia Sundhage. Também acabou a invencibilidade da técnica sueca desde que chegou ao Brasil. Duas jogadoras em especial souberam aproveitar as chances para carimbar o passaporte para Tóquio. E o Brasil amargou a primeira baixa para as Olimpíadas em função de lesão.
As partidas também apontaram melhoras na defesa do Brasil, como no empate em 0 x 0 contra a Holanda, vice-campeã da Copa do Mundo 2019. Depois, a derrota para a França por 1 x 0 evidenciou falta de criatividade no setor de criação. Esse resultado ainda manteve a freguesia brasileira diante da carrasca da Seleção Brasileira no último Mundial. Por fim, a Seleção Brasileira cedeu o empate para o Canadá após abrir 2 x 0. Veja ponto a ponto desses três jogos abaixo.
Em sete meses de trabalho, a técnica sueca Pia Sundhage convocou 46 atletas e colocou 43 para jogar. Foram muitos os testes. Natural, principalmente por se tratar de uma treinadora estrangeira em um país onde nunca trabalhou. Faz parte conhecer as jogadoras de perto e dar oportunidade para que elas mostrem serviço em partidas com a camisa da seleção.
Vale ressaltar que a suéca também testou as jogadoras em mais de uma posição. Luana, por exemplo, jogou como lateral direita contra a Holanda e como meia/volante ao lado da Formiga contra França e Canadá. Isso porque cada seleção pode relacionar até 18 atletas nas Olimpíadas, diferentemente da Copa do Mundo em que podem ser levadas 23.
As Olimpíadas de Tóquio-2020, porém, começam daqui pouco mais de quatro meses, em 22 de julho. E nos próximos amistosos, o elenco que irá para o Japão já deve começar a tomar forma visando ganhar entrosamento.
Luana Bertolucci e Bia Zaneratto fizeram bonito e praticamente carimbaram o passaporte para as Olimpíadas de Tóquio-2020. Luana, meia de 26 anos do PSG, começou na lateral direita e ganhou pontos pela versatilidade. Mas ganhou a confiança mesmo atuando como volante, ao lado de Formiga, nos desarmes e principalmente no desafogo da equipe brasileira na saída de bola pelo meio. Até braçadeira ganhou quando Marta não esteve em campo. Foi o destaque brasileiro do Torneio Internacional da França.
Outra jogadora que soube aproveitar muito bem os três jogos amistosos no país europeu foi Bia Zaneratto. A centroavante do Palmeiras de 1,74 metro mostrou dinamismo no ataque, se movimentando bastante pelas laterais. A melhor apresentação ofensiva brasileira no Torneio da França ocorreu no primeiro tempo contra o Canadá. Nela, Bia foi responsável pelas duas assistências para os gols de Marta e Ludmila no empate em 2 x 2. Importante pontuar que Pia evidenciou que gosta de usar duas centroavantes na formação.
Ludmila e outras jogadoras que estiveram na Copa do Mundo 2019, como a defensora Antônia – que foi usada como lateral direita após a contusão da Letícia Santos – também foram muito bem e devem voltar a representar a Seleção Brasileira nas próxima grande competição internacional do futebol feminino: as Olimpíadas de Tóquio-2020.
Pia Sundhage usou duas formações táticas diferentes para começar os jogos do Torneio Internacional da França. Na estreia diante da Holanda, usou o 4-4-2. Nele, testou Luana como lateral direita. Colocou Thaísa e Formiga como volantes, Debinha e Andressa Alves como meias abertas e Marta e Ludmila no ataque. Fator positivo foi não ter sofrido gol da equipe vice-campeã da Copa do Mundo 2019.
Repetiu o 4-4-2 contra a França, com outros nomes. Cristiane e Bia Zaneratto começaram como titulares do ataque, enquanto Andressinha e Andressa Alves foram as meias abertas e Luana e Formiga completaram a segunda linha de 4 do Brasil. Não funcionou. Mesmo que na prática a Bia Zaneratto tenha saído da área para buscar bola e ajudar na criação (formando quase um 4-2-3-1), o Brasil perdeu muita velocidade e poder de marcação com as duas Andressas jogando juntas.
Pia mudou para o confronto contra o Canadá. No 4-3-3, o meio foi formado por Andressinha, Luana e Formiga e o ataque por Marta, Bia Zaneratto e Ludmila. Com essa formação, o Brasil ganhou velocidade na transição da defesa para o ataque e conseguiu criar bem mais chances ofensivas. Tanto que marcou dois gols em menos de 20 minutos de jogo, com Marta e Ludmila, em assistências de Bia Zaneratto.
“Nós jogamos em dois sistemas diferentes, então temos de decidir quando devemos fazer isso de acordo com os jogos. E nós precisamos de mais testes para conseguir melhores respostas”, comentou a técnica após o fim da competição.
Uma das prioridades de Pia quando assumiu o comando da Seleção Brasileira feminina era arrumar o sistema defensivo. Zagueiras com mais velocidade e com uma melhor saída de bola foram testadas, assim como o uso de uma linha de defesa mais adiantada. Faltam ajustes, principalmente com as goleiras, que precisam sair mais jogando com os pés e ficarem mais atentas para se adiantarem nas bolas esticadas pelas costas da zaga brasileira.
Também vale pontuar que o Brasil sofreu gols de bobeira quando tinha vantagem no placar contra o Canadá e não soube se portar com uma jogadora a menos, após a expulsão da lateral Jucinara no segundo tempo dessa partida. “Não fomos espertas o suficiente nos gols que sofremos. Devíamos ter ficado mais para baixo, na pressão baixa, em vez de jogar como se estivéssemos no 4-4-2. É uma lição que fica para as Olimpíadas. Temos de saber o que fazer quando uma jogadora nossa é expulsa”, comentou Pia.
Ainda é começo de temporada para parte das atletas que disputaram o Torneio Internacional da França. Marta e Debinha, por exemplo, que jogam nos Estados Unidos não estavam em condições físicas de aguentar os 90 minutos. Mas a condição física das jogadoras brasileiras foi um dos pontos observados por Pia como preocupação. Ele ficou evidente no jogo contra a França.
“Não estamos bem fisicamente o suficiente. Comparando o primeiro com o segundo tempo, o time delas foi ficando cada vez mais forte. Na Olimpíada, teremos só dois dias para nos recuperarmos entre um jogo e outro. Então, precisaremos avançar na questão física”, atentou a técnica em entrevista coletiva.
A notícia triste ficou por conta de Letícia Santos, lateral-direita do Frankfurt FC que esteve com a Seleção Brasileira na Copa do Mundo da França, em 2019. A jogadora de 25 anos rompeu o ligamento cruzado anterior do joelho direito na partida contra a França, pelo torneio amistoso, e está fora das Olimpíadas de Tóquio-2020. Ela precisará passar por cirurgia e a previsão de retorno aos gramados é de seis a sete meses.
A goleira Bárbara sentiu uma forte dor na região da coxa direita e saiu mancando de campo. A atleta do Avaí/Kindermann sofreu uma contusão muscular. Ela foi diagnosticada com uma lesão parcial do músculo retofemoral na sua junção miotendinea pelo departamento médico da Seleção Brasileira e começará o tratamento fisioterápico no clube.
Os dois próximos jogos amistosos de preparação para as Olimpíadas serão em abril. No dia 8, o Brasil enfrenta a Costa Rica, na capital do país caribenho, em San José. No dia 8, o Brasil enfrenta a Costa Rica, na capital do país caribenho, em San José. E no dia 14, as comandadas de Pia Sundhage encaram os Estados Unidos, atuais campeãs mundiais e grandes favoritas ao ouro olímpico em Tóquio, em San Jose (EUA).
Pia tem 11 jogos à frente do Brasil: são 6 vitórias, 4 empates e 1 derrota.
Brasil 5 x 0 Argentina
Brasil 0 x 0 Chile (decidido nos pênaltis do Torneio Internacional de São Paulo – Brasil 4 x 5 Chile)
Brasil 2 x 1 Inglaterra
Brasil 3 x 1 Polônia
Brasil 4 x 0 Canadá
Brasil 0 x 0 China (decidido nos pênaltis do Torneio Internacional da China – Brasil 2 x 4 China)
Brasil 6 x 0 México
Brasil 4×0 México
Brasil 0x0 Holanda
Brasil 0 x 1 França
Brasil 2 x 2 Canadá
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