Falta apenas um título para a Seleção Brasileira feminina de vôlei completar a sala de troféus com todas as competições internacionais da modalidade. As comandadas por José Roberto Guimarães estreiam no Campeonato Mundial, diante de Porto Rico, na madrugada deste sábado (29/9), às 1h40 (horário de Brasília), em Hamamatsu, no Japão — o jogo será transmitido ao vivo pelo SporTV 2. Na busca do ouro inédito no torneio que termina apenas 20 de outubro, saudade de casa não vai faltar, quem dirá para as duas mamães do elenco.
Mãe de primeira viagem da Lara, que está com sete meses, a levantadora Dani Lins publicou um vídeo em que se emociona ao se despedir da filhota para viajar com a Seleção para disputar o Montreux, na Suíça, no início de setembro. As lágrimas expõem o quão doloroso foi se afastar dela tão novinha. As dicas da amiga Tandara, a outra mamãe da equipe verde-amarela, é uma forma de se preparar melhor para este desafio.
“Mais uma para o time das desesperadas”, brinca Tandara, campeã olímpica nos Jogos de Londres-2012 junto a Dani Lins. “Porque quando viajamos, bate um desespero total de ficar longe da nossa filha”, completa a oposta, que ficou longe da Maria Clara, de 3 anos, por 54 dias para disputar a Liga das Nações de maio a julho. “É difícil porque eu tenho de ser mãe, mulher e atleta, então é difícil dividir por ser muita responsabilidade e eu tenho de saber disso. Acredito que não me atrapalhe tanto, mas tudo é um aprendizado e um crescimento.”
As experiências que Tandara passa hoje para Dani Lins são, muitas vezes, as mesmas que já ouviu de outras jogadoras quando foi a vez de ela enfrentar a experiência de se afastar da filha pequena pela primeira vez. “Pode acontecer de chegar da viagem e a filha não querer ir para o seu colo, porque aconteceu comigo e eu ouvi a Paula Pequeno falar isso, a Carol Albuquerque falar isso”, conta a brasiliense. Mesmo avisada, a jogadora confessa que doeu quando foi a vez dela. Ainda assim, ressalta a importância dessas conversas e dessa rede de apoio às mães atletas.
Atualmente, quando Tandara fica muito tempo longe, há vezes em que a filha Maria Clara não quer falar por telefone. “Ela diz: ‘Eu não quero por telefone, eu quero que você venha aqui”, conta a jogadora, sobre a exigência da filha. “Tem de ter paciência, que você vai conquistar ela de novo. Ela vai ver que tem de aproveitar os momentos perto.”
Dani Lins, a mãe de primeira viagem
Aos 33 anos, a levantadora Dani Lins diz ter realizado o maior sonho, que era ser mãe. “É um momento muito especial na minha vida, é uma realização como mãe, mulher, jogadora e meu sonho é minha filha me ver jogando na Seleção Brasileira”, vibra a pernambucana, que será reforço do Barueri após ter ficado longe das quadras na última temporada para dar à luz a sua primeira filha, Lara, que nasceu no fim de fevereiro.
A levantadora voltou a trabalhar com a Seleção Brasileira no início de maio, dois meses após o nascimento de Lara, e levou a pequena para acompanhá-la nos treinos. “Sabia que seria difícil a volta. Foi difícil primeiramente perder todo o peso que a gente ganha na gestação, até porque eu não me privei de nada. Comi tudo que quis porque sabia que depois teria de fechar a boca.”
Dani Lins voltou a jogar com a camisa verde-amarela nos amistosos disputados em agosto no Brasil antes do Montreux da Suíça. Os jogos a ajudaram a pegar ritmo de jogo para poder chegar competitiva ao Mundial no Japão. Para ela, a participação do companheiro e também jogador de vôlei Sidão é fundamental para poder se dedicar ao trabalho. “Tenho um marido que é pai, mãe e tudo, o que me deixa mais tranquila.
Nem por isso, as conversas com a Tandara e com outras meninas que têm sobrinhos deixam de ser importantes para ela se preparar para ficar da melhor forma possível longe da filha. “Agora que estou sem a Lara, a Tandara fala para eu ficar tranquila que ela não vai sentir tanta falta, que serei eu quem sentirei mais. Depois é que ela sente e a mãe, claro, sente também”, conta. Afinal, o sonho de ser mãe não precisa – e não deve – excluir o sonho de seguir uma carreira de sucesso no esporte.
Formato da competição no Mundial
O Brasil está no grupo D do Campeonato Mundial ao lado da Sérvia, da República Dominicana, de Porto Rico, do Cazaquistão e do Quênia. As equipes se enfrentarão dentro do grupo e as quatro melhores classificadas passarão à segunda fase. Na competição, o Brasil já conquistou as medalhas de prata nas edições de 1994, 2006 e 2010, além do bronze, em 2014.
Calendário da Seleção feminina em 2018
Liga das Nações
Local: China
Período: 15 de maio a 1 de julho
Campanha brasileira: terminou em quarto lugar. Perdeu a disputa do bronze para a China por 3 sets a 0. Os Estados Unidos levou o ouro, após vencer a Turquia por 3 sets a 2.
Montreux Volley Masters
Local: Suíça
Período: de 4 a 9 de setembro
Campanha brasileira: terminou em quarto lugar, após perder a disputa do bronze para a Turquia no tie-break. A Itália venceu o torneio ao bater a Rússia na final por 3 sets a 0.
Campeonato Mundial
Local: Japão
Período: 29 de setembro a 20 de outubro