Brasil leva a maior quantidade de mulheres ao Parapan de Lima: 38% do time

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Lima (Peru) — Os Jogos Parapan-Americanos de Lima-2019 começaram na última sexta-feira (23/8) com uma chuva de medalhas para o Brasil, que busca se manter na liderança do quadro de medalhas pela quarta vez seguida. E a meta brasileira não para por aí. A intenção é conquistar ainda mais medalhas — e ouros — do que na última edição, em Tóquio-2015. Para subir no pódio mais de 257 vezes — sendo 109 no lugar mais alto, como no Canadá –, o Brasil classificou a maior delegação da história do país na competição, com 337 atletas. De quebra, levou a maior quantidade de atletas mulheres: 38% do total. Mas qual motivo de a proporção ainda ser distante do equilíbrio em relação aos homens?

Na prática, 128 esportistas representam o Brasil nas disputas femininas do Parapan de Lima. A questão é que o número representa a totalidade de vagas disponíveis pela competição para as mulheres. É possível começar a compreender essa relação desigual por meio das modalidades. Entre as 17 que integram o evento, duas são apenas masculinas. O futebol de 5 (para cegos e pessoas com baixa visão) e o futebol de 7 (para paralisia cerebral).

Em 2017, o Campeonato Brasileiro de futebol de 7 abriu as portas para que Mariana Damásio se tornasse a primeira jogadora mulher a disputar jogos oficiais da competição, por meio do torneio de acesso. Fora ela, o movimento paralímpico vê algumas meninas surgirem nos Jogos Escolares Paralímpicos, em que a modalidade também permite a participação mista. Apesar disso, Claudio Garcia, assessor de imprensa da Associação Nacional de Desporto para Deficientes (ANDE), explica que o movimento internacional do esporte caminha para criar uma categoria feminina. “A federação internacional está viajando por alguns países tentando implementar o futebol de 7 feminino”, diz.

Vídeo: conheça a Mariana, jogadora que abre as portas para mulheres no futebol de 7

Após os Jogos Paralímpicos do Rio-2016, o futebol de 7 sofreu um baque ao ser retirado do programa paralímpico para Tóquio-2020 e para Paris-2024. Para muitas pessoas envolvidas com o esporte paralímpico no Brasil, o fato de a modalidade praticada por atletas com paralisia intelectual não incluir a prática feminina pesou de alguma forma para a retirada. Claudio diz que a ANDE visa trabalhar para ter alguns times só com mulheres em 2024.

Há outras modalidades em que a competição é mista, mas o elenco é composto predominantemente por competidores homens, caso do rúgbi em cadeira de rodas. Das seis seleções que competem no Parapan de Lima, apenas três contam com uma jogadora. As três mulheres em meio aos 72 atletas que disputam a competição parapanamericana são Jeny Barraza, do Chile; Paola Martinez, da Colombia; e Mélanie Labelle, do Canadá.

Para Alberto Martins, chefe da missão brasileira em Lima, investir em medidas que aumentem a participação das mulheres no paradesporto é inclusive uma questão estratégica e técnica para melhorar os resultados do país internacionalmente. “O mundo tem poucas mulheres competindo no esporte paralímpico. Se nós trouxermos mais mulheres, com certeza, teremos mais chances de medalhas”, pontua.

Números do Parapan de Lima e do Brasil

17 modalidades – 13 delas valem vaga para as Paralimpíadas de Tóquio-2020

33 países

1.890 atletas

337 atletas brasileiros – incluindo 22 atletas-guia (atletismo), calheiros (bocha), pilotos (ciclismo) e goleiros (futebol de 5)

128 atletas mulheres do Brasil – equivalente a 38% da delegação brasileira

512 total de integrantes da missão brasileira – deles, 197 são da comissão técnica, equipe médica e demais integrantes estafe

23 estados brasileiros + DF – representam o Brasil na competição

Delegação do Brasil

77% tem alguma deficiência física
22% tem deficiência visual
1% tem deficiência intelectual

As modalidades

As 17 modalidades em disputa no Parapan de Lima são: atletismo, basquete em cadeira de rodas, bocha, ciclismo, futebol de 5, futebol de 7, goalball, halterofilismo, judô, natação, rúgbi em cadeira de rodas, parabadminton, parataekwondo, tênis em cadeira de rodas, tênis de mesa, tiro esportivo e voleibol sentado.

Delas, as competições de bocha, halterofilismo, taekwondo e judô valem pontos no ranking mundial. Todas as demais, são classificatórias diretas para as Paralimpíadas de Tóquio-2020. No caso do Brasil, o país carimbou o passaporte para a capital japonesa com antecedência no futebol de 5 e no goalball masculino e feminino.

*A repórter viajou a convite do Comitê Paralímpico Brasileiro

Maíra Nunes

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