Nenhum clube das principais divisões do futebol masculino do Brasil deu oportunidade a uma treinadora. A presença delas nos bastidores do trabalho do técnico, no entanto, é extensa. Finalista da Copa do Brasil, o Palmeiras conta com três profissionais do gênero feminino entre os 33 que compõem a comissão técnica de Abel Ferreira. Apesar de representar menos de 10%, essas profissionais simbolizam uma abertura de portas para o equilíbrio nesse cenário ainda repleto de barreiras. Adversário alviverde na véspera do Dia Internacional da Mulher, às 18h, no Allianz Parque, em São Paulo, o Grêmio tem apenas homens na comissão liderada por Renato Gaúcho. Segundo o site do tricolor gaúcho, são 37 colaboradores.
“Toda a estrutura do futebol masculino foi construída e montada para os ‘comportamentos masculinos’, vamos dizer assim”, pontua Mirtes Stancanelli, nutricionista do Palmeiras há dois anos, em entrevista ao Elas no Ataque. Por isso, alguns pontos precisam ser repensados, desde a estrutura com banheiros diferentes até uma reunião importante para tomada de decisões. “A mulher tem sido colocada e também se colocou no futebol masculino e estamos acertando esses detalhes, como, por exemplo, a entrada das mulheres nos vestiários”, explica. “A gente não está tendo dificuldades de atuar no meio, a estrutura só precisa entender, e está entendendo, que existem as mulheres”, completa a profissional.
A nutricionista exemplifica com questões corriqueiras, como o uniforme da equipe ser produzido apenas em modelos masculinos. “De repente, a pessoa não pensa que tem uma mulher no grupo”. Mas a presença delas começa a evidenciar aspectos femininos que ficaram esquecidos em um meio todo construído para o mundo masculino. “Em algum momento, a gente tem de se adaptar. O próprio atleta, as comissões e diretorias começam a ver a mulher de forma diferente.” Para Mirtes, as atuais profissionais do gênero feminino no futebol nacional quebram essas barreiras com profissionalismo e dedicação. “Eu sei da minha importância para que as mulheres continuem no esporte”, afirma.
São 27 anos dedicados à nutrição para a performance no futebol. Dois deles no Palmeiras, onde Mirtes levou uma metodologia que englobava gerar mais compreensão aos jogadores para que o trabalho fizesse mais sentido e, consequentemente, alcançar os objetivos traçados.
Na avaliação dela, o cargo que ocupa não tem relação a gênero, mas ao trabalho estar direcionado às metas traçadas pelo time. “Sinto-me muito bem exatamente por ser aceita pelas minhas competências e experiências e pelo meu comportamento dentro do clube. É isso que faz eu compor a comissão técnica”. O trio feminino da equipe palmeirense ainda conta com Elaine Francelino de Souza, técnica em nutrição, e Gisele Silva, psicóloga.
“Sinto-me muito bem exatamente por ser aceita pelas minhas competências e experiências e pelo meu comportamento dentro do clube. É isso que faz eu compor a comissão técnica”
Mirtes Stancanelli, nutricionista do Palmeiras
Se Leila Pereira seguisse a cabeça do pai, hoje seria dona de casa e cercada por muitos filhos em Cabo Frio (RJ). Nenhum problema se fosse esse o desejo dela. Mas a única menina entre os irmãos criados para serem médicos queria fazer faculdade e trabalhar. Apoiada pela mãe, foi estudar no Rio ainda adolescente para, mais tarde, se transformar em uma empresária renomada. Atualmente, é presidente da Crefisa, patrocinadora máster do Palmeiras desde 2015. Na última semana, Leila foi reeleita conselheira do campeão da Libertadores até 2025 e é cotada para a eleição presidencial do clube, em novembro.
“Meu pai não queria que eu saísse de Cabo Frio, porque sou filha única. Ele queria que eu ficasse, casasse, tivesse filhos e fosse dona de casa”, contou Leila, em entrevista ao Uol. “Minha mãe nunca trabalhou, é dona de casa. Eu não tive em quem me espelhar. Eu sempre soube que minha vida não estaria restrita a Cabo Frio. Eu sempre quis mais”, completa a empresária, orgulhosa das conquistas, desde a escolha por cursar jornalismo até os caminhos que segue abrindo no mercado financeiro e no futebol.
Dos 76 representantes do Conselho Deliberativo, três são mulheres. Além de Leila Pereira, Ilse Particelli Martins e Lucile Cezar Fanti Correa. A empresária que diz ter começado a se relacionar com o Verdão por causa do marido, hoje, é liderança política do time. Na linha de frente ou não, o esforço dela é colaborar com o desempenho da equipe para ter a possibilidade de levantar três taças ao fim da temporada — Campeonato Paulista, Libertadores e, possivelmente, a Copa do Brasil.
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