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O que o Brasil pode aprender com as finalistas da Copa da França?

Publicado em Futebol

Estados Unidos e Holanda protagonizam a grande final da Copa do Mundo de 2019. O duelo, que acontece no domingo, às 12h, em Lyon, definirá o país vencedor da edição do torneio que colecionou recordes e levou o futebol feminino a um novo patamar. No oitavo Mundial da história, a trajetória dos finalistas ensina muito ao Brasil se quiser conquistar a ambicionada taça.

Presente em todas as Copas, a seleção norte-americana é um exemplo de sucesso. Com três canecos na estante, é o maior campeão do torneio e chega à quinta final da competição. Para as holandesas, é apenas a segunda participação na Copa do Mundo. A estreia foi há quatro anos, no Canadá, mas apesar da juventude em Mundiais, as finalistas estão colhendo um trabalho consistente do país com o futebol feminino. A evolução rendeu o título da Eurocopa feminina para a Holanda em 2017.

Alex Morgan comemora a classificação dos Estados Unidos para a final | Fifa/Divulgação

Ligas nacionais

Apesar da tradição norte-americana, a liga do país passou por instabilidades desde a formação em 2001. A primeira competição (WUSA) existiu apenas até 2003. Em 2009, foi feita a WPS, extinta em 2011. A National Women’s Soccer League teve a edição inaugural em 2013 e, atualmente, é disputado por nove times. Apesar da inconsistência, o campeonato é conhecido por ter as melhores jogadoras do mundo. Não é à toa que as 23 atletas que buscam o tetracampeonato na França vestem a camisa de clubes norte-americanos.

O Campeonato Holandês feminino foi criado em 2007 e, desde então, é disputado ininterruptamente, sendo três temporadas (2013-2015) em uma fusão com a Bélgica. O atual formato da competição voltou a ser jogado unicamente por clubes holandeses e conta com nove equipes. Apesar do fortalecimento da liga, das 23 convocadas, apenas seis defendem times da liga nacional. As demais estão na Inglaterra (6), Alemanha (4), Espanha (3), França (3), Noruega (1) e Suécia (1).

Apesar de ter existido outros torneios de âmbito nacional, o Campeonato Brasileiro Feminino foi criado apenas em 2013. Em 2017, lançou-se a Série B do torneio, que está em processo de popularização. A partir deste ano, a CBF exigiu que os times que disputam a elite masculina deveriam ter modalidades femininas. Dessa forma, espera-se o crescimento das ligas no país. Das jogadoras que disputaram o Mundial na França, apenas cinco jogam em clubes no país.

Melhores comandantes

À frente da seleção dos Estados Unidos desde 2014, Jill Ellis, 52 anos, acumula um trabalho consistente e vitorioso. A técnica orquestrou a conquista do tricampeonato da equipe na Copa do Mundo Feminina do Canadá em 2015. Em função desse desempenho, foi eleita a treinadora do ano pela Fifa.

A técnica Sarina Wiegman, 49 anos, é uma lenda do futebol feminino holandês. Ela passou parte da carreira nos EUA, onde se inspirou para desenvolver a modalidade na Holanda. Sarina começou como auxiliar da seleção nacional (2014 a 2017) e comandou o time interinamente em duas ocasiões. Em janeiro de 2017, foi efetivada, seis meses antes de o país sediar a Uefa Women’s Euro.

Apesar do trabalho a curto prazo, a seleção treinada por Sarina sagrou-se campeã europeia pela primeira vez na história. A conquista foi fundamental para ela ganhar o prêmio de melhor treinadora de futebol  feminino da Fifa em 2017.

Antes da estreia contra a Jamaica na Copa do Mundo, o técnico Oswaldo Alvarez, 62 anos, conhecido como Vadão, acumulou nove derrotas em 10 jogos. Mesmo com quase quatro anos à frente da Seleção Brasileira, divididos em duas passagens, a equipe apresentou desempenhos ruins e desajustes táticos, além de improvisações inadequadas, como a atacante Andressa Alves na função de lateral, e substituições precipitadas. Após as derrotas, Vadão não sabia explicar porque a equipe jogou mal e o que seria necessário para melhorar o desempenho. Definitivamente, Vadão não era a melhor opção.

Lutas

Os Estados Unidos não é a principal potência do futebol feminino por acaso. O sucesso da seleção norte-americana é resultado do desenvolvimento do esporte nas escolas e universidades. Em 1972, uma lei federal proibiu organizações que recebiam verbas do governo de discriminar pessoas por qualquer motivo de gênero. Isso obrigou as entidades educacionais a criar times femininos de futebol.

Apesar do apoio legal, a equidade de gênero ainda não é realidade no futebol dos Estados Unidos. Além de serem símbolo de ativismo, as jogadoras confrontam a entidade que administra a modalidade no país, exigindo equiparação de salários em relação aos homens.

Atletas da atual seleção campeã mundial entraram com uma ação judicial contra a federação de futebol dos EUA, protocolada em março. As jogadoras afirmam que recebem menos dinheiro do que a equipe masculina, além de as condições de viagens, do departamento médico, da promoção de partidas e dos treinamentos serem desfavoráveis às atletas femininas em relação ao time masculino, ainda que as performances delas sejam superiores às dos homens.

A recente iniciativa da Federação Holandesa de Futebol de trocar o tradicional escudo de Leão do uniforme das mulheres para leoas marcou a busca por representatividade e a valorização do bom momento do time.

Arquibancadas cheias

Em frente ao Parc des Princes foi possível encontrar grupos buscando ingressos do torneio| Maria Eduarda Cardim/CB

O apoio dos torcedores também chama a atenção entre os finalistas. Atrás dos franceses, os Estados Unidos é o país com maiores compradores de ingressos para a Copa de 2019. A Holanda ocupa a quarta colocação da lista, atrás da Inglaterra. O Brasil não figura nem entre os 10 primeiros.

Por Mariana Fraga (estagiária sob supervisão de Fernando Brito)

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