Um caso de machismo nada velado em Roma, na Itália, está sendo investigado pela Procuradoria da Federação Italiana de Futebol (FIGC). Panfletos foram distribuídos na estreia da Lazio no Campeonato Italiano, no último sábado (18/8), contra o Napoli. Nos papéis, havia uma mensagem de que não era admitido mulheres, esposas ou namoradas nas 10 primeiras filas do setor norte do Estádio Olímpico, casa do time da capital italiana.
“A curva nord é um lugar sagrado para nós, um ambiente com um código não escrito que deve ser respeitado. As primeiras linhas do fundo sempre viveram como se fossem uma trincheira e dentro dele não admitimos mulheres, esposas ou namoradas e pedimos que elas se posicionem a partir da fila dez. Quem escolhe o estádio como uma alternativa para um refúgio romântico, que assista em outro setor do campo”
Mensagem do panfleto emitido pelo coletivo Diabolik Pluto
Segundo o jornal Il Messaggero, a assinatura é o apelido de Fabrizio Piscitelli, principal líder da torcida organizada. As investigações estão sendo baseadas em imagens das câmeras de segurança do estádio.
A Lazio pode sofrer consequências disciplinares que envolvem pagamento de multa, jogos com os portões fechados ou perda de pontos no Campeonato Italiano, conforme afirma o diretor da federação italiana, Michele Uva. Já o diretor de comunicação da Lazio, Arturo Diaconale, lamentou em entrevista à ANSA que o time possa sofrer punição. Ele explicou que a mensagem é apoiada por uma minoria de torcedores e que o clube é contra qualquer tipo de discriminação.
Os torcedores mais fanáticos seguidores da Lazio são conhecidos como Irriducibili e costumam ser agressivos, além de seguir ideais fascistas. O clube já sofreu punições com a atuação deles nos estádios. Em 2017, pagou multa de 50 mil euros por adesivos espalhados com mensagens antissemitas no Olímpico e, antes, jogou duas partidas com portões fechados por gritos racistas contra atletas negros do Sassuolo.
Casos de segregação ou de violência contra mulheres no futebol não são exclusivas a Itália. A repórter Bruna Deltry, do Esporte Interativo, foi assediada com um beijo na boca por um torcedor enquanto trabalhava em uma partida do Vasco contra a Universidad Catolica, pela Libertadores, em São Januário. A assessora de imprensa Sarah Borborema sofreu violência semelhante no clássico entre Vasco e Fluminense, nas Laranjeiras. Ambos os casos ocorrerem neste ano e motivaram torcedoras do time carioca a criarem o grupo Vascaínas contra o assédio.
Em maio, com o apoio de Sônia Andrade, vice-presidente geral do Vasco, o clube abriu as portas do Estádio de São Januário para que reuniões do grupo debatessem o assédio e a violação dos direitos das mulheres no futebol. As três reuniões realizadas até o momento foram consideradas um ponto de partida para fortalecer o papel feminino em todas as áreas do esporte.
Acompanhando a iniciativa das torcedores, o Vasco prometeu criar uma ouvidoria voltada às mulheres, instalar um grupo interdisciplinar com psicólogos, assistentes sociais e a Delegação da Mulher nos jogos, além de prometer publicar uma cartilha contra o assédio. O assédio denunciado ao clube pode significar ainda a exclusão de sócios torcedores, além de ter implicações criminais.
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