Copa do Mundo: a agonia de estar no avião durante o jogo do Brasil

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Dentre tantos horários para embarcar em uma viagem de avião, o meu tinha de ser bem na hora do jogo do Brasil? Pois é, a opção que melhor equilibrava itinerário e tempo de conexões contava com apenas este contraponto, que para uma amante de futebol pesou um pouco mais do que o “apenas”. O voo saiu de São Petersburgo, na Rússia, passou por Dubai e chegaria em São Paulo exatamente no intervalo de Brasil x Sérvia. Comprei.

Próximo do pouso em território brasileiro, o piloto anunciou que o avião chegaria meia hora mais cedo do que o previsto. Sozinha, comemorei de forma contida. O que demorou, porém, foi o tempo para estacionar a aeronave e abrir as portas. Então comecei a identificar de forma mais fácil quem era brasileiro. Ainda sentados, ele se entreolhavam, tensos. “Alguém está com internet para saber o placar do jogo?”, soltou um.

Angustiados pela falta de notícia, o silêncio foi quebrado por um coro de gol. O avião era da Emirates, com dois andares. Foi do nível superior que chegou a comemoração. Como aquelas televisões que têm um atraso de segundos na transmissão percebido em dias de jogo, os passageiros do andar debaixo do avião, então, puderam vibrar também. Eis que um chinês de uns vinte e poucos anos atualiza o placar: 1 x 0 para o Brasil.

O rapaz ainda completa: o gol foi de Paulinho, de quem se tornou fã na passagem do jogador pelo Guangzhou Evergrande, clube da China que ele torce.

Saída do avião liberada. Aos poucos, todos vão se atualizando também dos demais resultados. Uma mescla de espanto e satisfação era inevitável na expressão de cada um que ficava sabendo da desclassificação da Alemanha, após a derrota para a Coreia do Sul por 2 x 0. Eu mesma cheguei a repetir a pergunta do placar, imaginando ter ouvido algo errado. A torcida passara a ser pela chegada da mala o mais rápido possível. Cada minuto a mais na esteira significava tempo a menos de jogo.

Logo na saída da alfândega, um telão no free shop com um aglomerado de pessoas à frente. A apreensão daqueles sedentos por notícia sobre a partida se contrastava à descontração dos vendedores. Mesmo trabalhando, eles estavam paramentados com enfeites nas cores do Brasil na cabeça e se divertiam diante de um jogo, que, pelo visto, estava mais tranquilo do que o anterior. Feito: mais um gol para o Brasil. Desta vez, de Thiago Silva de cabeça. Ao fim do jogo, um dos rapazes ao meu lado que estava com a camisa da Seleção Brasileira veste um casaco sobre a blusa e ainda pendura o crachá no pescoço. Pronto, agora já pode voltar ao trabalho.

Maíra Nunes

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