Jogadora denuncia técnico da seleção inglesa por racismo

Compartilhe

Uma das principais jogadoras do futebol inglês é mulher, negra e africana residente na Europa desde o primeiro ano de vida. Atleta do Chelsea, Eniola Aluko marcou 33 gols em 102 partidas que defendeu a seleção da Inglaterra. Ainda que em campo tenha conseguido driblar muitos adversários — inclusive nas Olimpíadas de Londres-2012 —, a atacante não passou a carreira imune a preconceitos. Ela denunciou o técnico da seleção inglesa, Mark Sampson, por racismo e disse que teria recebido dinheiro da Associação Inglesa de Futebol (FA) para manter o caso em sigilo.

Eniola Aluko contou que, antes de um jogo contra a Alemanha em 2014, o técnico da seleção inglesa teria dito à ela para se certificar que a família não traria o vírus ebola para a Inglaterra, após ele ter questionado se os familiares dela eram da Nigéria. A atacante é nigeriana, original de Lagos, e naturalizada inglesa. Ela mudou-se com a família para a Inglaterra quando tinha apenas um ano. O irmão também é jogador de futebol, mas defende a Nigéria em competições internacionais.

Nesta semana, a jogadora se pronunciou à mídia pela primeira vez sobre a denúncia. Ela reforçou tratar-se de racismo, porque apenas ela teria sido alvo do comentário do treinador por ser a única descendente de africanos da equipe. Eniola Aluko destacou ainda a falta de sensibilidade do técnico com um problema tão sério como o ebola. Afastada da seleção inglesa desde abril, ela afirmou que não volta a defender o país em campo enquanto Mark Sampson se mantiver no comando da equipe.

Associação Inglesa de Futebol (FA) teria pago pelo silêncio sobre racismo

Eniola Aluko defendeu 102 jogos pela seleção de futebol da Inglaterra/ Foto: FA/Divulgação

A Associação Inglesa de Futebol (FA) tornou o caso público há apenas algumas semanas. Mas, segundo o jornal The Guardian, Eniola Aluko havia denunciado a situação em novembro de 2016 e a associação no país teria arquivado o processo, além de ter pago 80 mil libras para que ela assinasse um acordo de confidencialidade sobre o caso. Agora, porém, ela teria recebido consentimento para contar o lado dela da história.

Ainda de acordo com a imprensa inglesa, a denúncia da jogadora inclui outras situações em que o treinador Mark Sampson foi autor de ofenças racistas, como quando teria perguntado a uma atleta mestiça se ela já havia sido presa.

Uma investigação independente encomendada pela FA, associação que rege a modalidade, isentou o técnico de culpa no caso. A jogadora Aluko, no entanto, disse em entrevista ao jornal The Guardian, que a investigação foi uma “farsa”, já que a atleta mestiça que teria sido alvo da ofensa não foi sequer entrevistada pela investigação.

Maíra Nunes

Posts recentes

Macris diz que lesão nas Olimpíadas está cobrando o preço: “Longe dos meus 100%”

Como se não bastasse a intensidade de sentimentos por disputar os primeiros Jogos Olímpicos da…

3 anos atrás

Atacante Nycole, de Brasília, rompe LCA e adia sonho com a Seleção

A brasiliense Nycole Raysla, 21 anos, atacante do Benfica que vinha sendo convocada nos últimos…

3 anos atrás

Goleira do Minas Brasília, Karen é convocada para a Seleção Brasileira

Goleira do Minas Brasília, Karen Hipólito é um dos nomes novos a ter oportunidade na…

3 anos atrás

Medalhas femininas do Brasil praticamente dobram da Rio-2016 para Tóquio-2020

O Brasil encerrou os Jogos Olímpicos de Tóquio-2020 com a melhor campanha da história no…

3 anos atrás

Canadá vence Suécia na primeira final olímpica do futebol feminino definida nos pênaltis

Definida pela primeira vez na disputa dos pênaltis, a final olímpica do futebol feminino terminou…

3 anos atrás

Sem Tandara, Brasil domina Coreia do Sul e pegará EUA na final de Tóquio-2020

Após ser acordada com a notícia bomba do corte da oposta Tandara dos Jogos Olímpicos…

3 anos atrás