Aos 20 anos, Ketleyn Quadro entrava para a história do esporte brasileiro. A judoca de Ceilândia conquistou o bronze na categoria até 57kg, tornando-se a primeira mulher brasileira a conquistar uma medalha em esportes individuais em Olimpíadas. Agora, aos 33 anos, a brasiliense volta a escrever o nome em um dos momentos mais especiais dos Jogos Olímpicos. Ketleyn será a porta-bandeira do Brasil na edição de Tóquio, ao lado do jogador de vôlei Bruninho, campeão olímpico na Rio-2016 e medalhista de prata em Londres-2012 e Pequim-2008.
“Eu fico me emocionando o tempo inteiro”, revela Ketleyn. “As conquistas são consequências de quem acredita, de quem constrói apesar das adversidades, de muita dedicação, de muito treinamento, do trabalho de muitas pessoas”, comentou, após o comunicado do Comitê Olímpico do Brasil (COB). Quando criança, ela foi matriculada pela mãe na natação, mas faltava às aulas para assistir aos treinos de judô. De tanto insistir, acabou nos tatames.
Quis o destino que a primeira oportunidade de disputar as Olimpíadas fosse em 2008, após a principal concorrente à vaga, Danielle Zangrando, primeira brasileira medalhista em campeonatos mundiais de judô, se machucar. De segunda opção, Ketleyn acabou no pódio dos Jogos de Pequim-2008, sendo a primeira brasileira dos esportes individuais em Olimpíadas a conquistar esse feito.
Mas esse mesmo destino depois tirou Ketleyn das duas edições olímpicas seguintes, perdendo a concorrência para Rafaela Silva em Londres-2012 e para Mariana Silva na Rio-2016. “Eu olho pra minha carreira e vejo que não ter participado dos últimos dois Jogos Olímpicos me ajudou a crescer, a evoluir e a estar aqui”, avalia a judoca dona de 33 medalhas em eventos do Circuito Mundial da Federação Internacional de Judô.
A trajetória da judoca passou por períodos de reinvenção. A primeira grande mudança ocorreu aos 18 anos, em 2006, quando surgiu a oportunidade de trocar Ceilândia pelo Minas Tênis Clube, um dos principais centros de treinamento do esporte olímpico no país. Trocou a categoria até 57kg pela até 63kg com objetivo de voltar a disputar as Olimpíadas. E, no início de 2018, deixou o Minas após 12 anos para treinar no Sogipa, em Porto Alegre, outro grande de judocas como Mayra Aguiar.
Agradecida pelo privilégio de poder representar cada um dos brasileiros como porta-bandeira, Ketleyn não esconde o amor pelo esporte que dedicou a vida. “Acho que vai passar um filme na minha cabeça quando eu estiver lá e saber que tudo que passei valeu à pena”, comenta. Ao lado dela, estará o jogador de vôlei Bruninho, outro atleta que também começou a trajetória olímpica nos Jogos de Pequim-2008 e, mesmo muito jovem, coroou a estreia em cima do pódio.
Bruninho suportou a pressão e a desconfiança de ser filho de Bernardinho, então técnico da seleção masculina de vôlei, e sagrou-se medalhista de prata aos 22 anos. Após repetir o vice-campeonato na edição de Londres-2012, enfim conquistou a sonhada medalha de ouro como capitão do Brasil e com direito à festa dentro de casa, em pleno Maracanãzinho, na Rio-2016. Hoje, aos 33 anos, segue exercendo o espírito de liderança como capitão de uma das seleções favoritas ao título olímpico em Tóquio e será o primeiro representante do vôlei a ser porta-bandeira no evento.
“Sou um mero representante do que o vôlei significa não só para o esporte, como para o povo brasileiro. Os valores que gerações anteriores deixaram de dedicação, de luta, de garra, de superação é o que levo e me sinto muito honrado”, comenta Bruninho. O levantador brincou que Ketleyn será a porta-bandeira e ele o mestre-sala do país que costuma comemorar suas conquistas esportivas com um bom samba.
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