Montpellier (França) — Algoz do Brasil na última Copa do Mundo, quando eliminou a Seleção Brasileira nas oitavas de final de 2015, a Austrália experimentou do mesmo veneno diante da equipe de Marta nas Olimpíadas do Rio, no ano seguinte. Da segunda vez, foram as australianas que ficaram pelo caminho após perderem para a seleção canarinha nos pênaltis. Nesta quinta-feira (13/6), às 13h (de Brasília), as duas esquadras voltam a se cruzar, pela primeira fase da Copa do Mundo da França, no Stade de la Mosson, em Montpellier.
Apesar da partida não ser eliminatória desta vez, a surpreendente derrota da Austrália para a Itália de virada, por 2 x 1, na primeira rodada, criou contornos dramáticos para a equipe que era tida como favorita da chave do Brasil. As brasileiras lideram o grupo com três pontos após vencerem a Jamaica por 3 x 0, mas sabem que os desafios mais difíceis estão por vir, diante da própria Austrália e da Itália. Os dois primeiros de cada grupo se classificam para as oitavas de final, além dos quatro melhores terceiros colocados.
O duelo válido pela fase de grupos promete oferecer emoção ao torcedor. Isso porque o confronto virou clássico do futebol feminino. Em 2016, a disputa entre Brasil e Austrália que valia vaga para a semifinal das Olimpíadas do Rio acabou sem gols, inclusive na prorrogação. Nos pênaltis, Marta errou a quinta cobrança e deixou a adversária a um gol da classificação. Foi quando Bárbara roubou a cena ao defender o pênalti de Alanna Keneddy. Antes, a goleira brasileira havia defendido o chute de Katrina Gorry. Agora na Copa, todas elas voltam a se encontrar em um torneio oficial de seleções.
Das quatro jogadoras que tiveram papel marcante naquele jogo das Olimpíadas do Rio, apenas Bárbara não joga nos Estados Unidos. A zagueira Alanna Keneddy e a atacante Marta atuam, inclusive, no mesmo clube, o Orlando Pride, dos Estados Unidos. O time norte-americano ainda conta com as meias Camila Martins, do lado brasileiro, e Emily Van Egmond, do lado australiano. Mas é uma rival de todas elas na liga norte-americana que vem assumindo protagonismo neste duelo entre seleções com cara de clássico.
A capitã Sam Kerr é a referência da Austrália. Ela inclusive marcou o único gol das Matildas, como são chamadas, na Copa da França. A atacante do Chicago Red Stars é uma das 12 atletas da seleção australiana que jogam nos EUA. Aos 25 anos, Kerr foi artilheira da liga americana e chegou a concorrer com Marta pelo prêmio de melhor do mundo em 2018. Esse troféu, porém, quem levou para casa foi a própria brasileira, pela sexta vez na carreira. Mas a alagoana sabe bem do potencial de Kerr, tanto que votou na rival australiana para levar a premiação de melhor do mundo.
Marta titular
O técnico Vadão confirmou a escalação da jogadora eleita seis vezes melhor do mundo apenas na manhã do dia do jogo. Marta começará a partida contra a Austrália, que será a estreia dela na Copa da França na quinta participação da atacante no torneio. Nos dois últimos dias, a camisa 10 treinou normalmente com a equipe depois de se recuperar de uma lesão na coxa esquerda. “Tem respondido bem ao tratamento. Depende de uma conversa de todos nós, inclusive da própria Marta”, disse o treinador, mantendo a cautela na coletiva de ontem.
A goleira Bárbara não economizou precaução sobre a presença de Marta em campo. “Ela está com fome de bola. Ela se sente 100%. Segundo ela, está se sentindo muito bem. Vai para o jogo”, opina a salvadora de Marta na decisão de pênaltis das quartas de final das Olimpíadas do Rio.
Rivalidade crescente
Brasil e Austrália se enfrentaram seis vezes em confrontos oficiais, com cinco vitórias brasileiras e apenas uma australiana. As Matildas só ganharam do Brasil no último Mundial, em 2015, quando eliminaram a Seleção (1 x 0) nas oitavas. Apesar do time da veterana Formiga se destacar nos resultados dos jogos oficiais, foi a equipe australiana que levou a melhor nos confrontos recentes. As Matildas venceram os últimos quatro amistosos, todos disputados após as Olimpíadas do Rio.
A evolução de Brasil e Austrália é oposta no futebol feminino. Em 2003, quando a Fifa começou a ranquear as seleções, a equipe brasileira ocupava a sexta colocação, enquanto a australiana estava na 15ª. O auge da seleção canarinha foi entre 2008 e 2010, após ter sido vice-campeã mundial em 2007 e prata nas Olimpíadas de Pequim, em 2008, mantendo-se entre os três melhores. Nos anos seguintes, no entanto, o Brasil despencou até a 10ª posição, que ocupa desde o ano passado. A Austrália chegou a ser o quarto país melhor ranqueado, em 2017, e atualmente é o sexto.
Veja confrontos oficiais entre Brasil x Austrália
Em Copas do Mundo
Mundial de 2007: Brasil 3×2 Austrália – Quartas de Final
Mundial de 2011: Brasil 1×0 Austrália – Fase de Grupos
Mundial 2015: Brasil 0x1 Austrália – Oitavas de Final
Em Jogos Olímpicos
Sydney 2000 – Brasil 2×1 Austrália – Fase de Grupos
Atenas 2004 – Brasil 1×0 Austrália – Fase de Grupos
Rio 2016 – Brasil 0 (7) x (6) 0 Austrália – Quartas de Final
Amistosos Recentes
3/8/2017 – Austrália 6 x 1 Brasil
16/9/2017 – Austrália 2 x 1 Brasil
19/9/2017 – Austrália 3 x 2 Brasil
26/7/2018 – Brasil 1 x 3 Austrália (pelo torneio amistoso She Believes)
Por Maria Eduarda Cardim e Maíra Nunes — Enviadas especiais
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