Brasil é bronze no Pan que reafirma a não obrigatoriedade do biquíni no vôlei de praia

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O Brasil deu a volta por cima na disputa do vôlei de praia feminino nos Jogos Pan-Americanos de Lima-2019 após amargar uma derrota de virada nas semifinais para os Estados Unidos. Ângela e Carol Horta voltaram à areia nesta terça-feira (30/7) para a disputa de terceiro lugar. Concentradas, as brasileiras venceram as cubanas Delís e Martínez, por 2 sets a 0, com parciais de 21/19 e 21/18, conquistando o bronze. Assim como toda a competição, o tradicional biquíni usado pelas jogadoras foi substituído por roupas esportivas de calças e mangas compridas, uniformes que começaram a ser flexibilizados em 2012.

“Ontem, a gente tava chorando de tristeza, mas o esporte é assim: ‘um dia não estamos bem e, no outro, se surpreende. Agradecemos muito a nossa equipe, a galera de Brasília, do Brasil, de todos os lados, é muito especial esse momento. Sei que nosso time podia ter subido ao lugar mais alto do pódio, mas o esporte é assim”

Ângela, brasileira nascida em Brasília que ganhou bronze no Pan de Lima

A temperatura em San Miguel, local das disputas do vôlei de praia na capital peruana, variou entre 14° a 17°C, com sensação térmica de 13° C nesses primeiros dias do Pan-Americano. O reflexo do frio foi visto nas areias por meio das vestimentas das jogadoras da mesma forma que ocorreu nos Jogos Olímpicos de Londres-2012. Foram as baixas temperaturas da capital inglesa que fizeram a Federação Internacional de Voleibol (Fivb) flexibilizar as vestimentas usadas pelas mulheres na modalidade. Mas há bem mais reivindicações por trás desta liberação.

Além de motivos religiosos e culturais apresentados por alguns países, as próprias atletas questionavam a obrigatoriedade do biquíni no vôlei de praia. A insatisfação era por causa da objetificação dos corpos das jogadoras. O esporte ainda se mostra muito sexualizado, chegando ao extremo de surgir afirmações de que o sucesso de público nos torneios femininos seria em função dos biquínis.

Ângela e Carol Horta em comemoração ao bronze no Pan de Lima-2019 | Luka Gonzales/AFP

A regra modificada pela Fivb antes das Olimpíadas de 2012 permitia que jogadoras de vôlei de praia competissem com calças curtas de comprimento máximo de três centímetros acima do joelho e tops com ou sem mangas. Depois disso, as restrições acabaram e a modalidade continuou com o sucesso de público e de praticantes. Prova disso foi a disputa no Pan de Lima, em que a grande maioria das duplas jogaram com roupas compridas e os torcedores encararam o frio para acompanhar as competições.

O bronze suado de Ângela e Carol Horta no Pan

Apesar da vitória ter sido por 2 sets a 0, as parciais evidenciam o equilíbrio da disputa pela medalha de bronze no vôlei de praia dos Jogos Pan-Americanos de Lima-2019. Ângela e Carol Horta começaram o jogo nervosas, chegando a ficar quatro pontos atrás no placar. A virada, porém, ocorreu ainda no primeiro set, fechado pelas brasileiras em 21 x 19. A segunda parcial também foi dura, mas a dupla brasileira conseguiu imprimir um ritmo com menos oscilações, vencendo por 21 x 18 e confirmando o Brasil no pódio do vôlei de praia em todas as edições do Pan-Americano que contaram com a modalidade.


“Ficamos muito felizes e emocionadas, sabemos que foi um jogo muito difícil da semifinal e tivemos que recuperar a cabeça. Sabíamos que tería um jogo difícil, tivemos que nos concentrar muito e agora é comemorar mais uma medalha para o Brasil”

Carol Horta, brasileira de Fortaleza que ganhou bronze no Pan de Lima

Maíra Nunes

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