Conheça a primeira árbitra do DF a integrar o quadro de juízes da Fifa

Compartilhe

Há oito anos atrás, com 24 anos, Leila Cruz não diria nem que tinha interesse pela arbitragem. Hoje, ela é a primeira árbitra do DF a integrar o quadro da Fifa e se diz grata por ter sido a primeira mulher a conseguir o feito. “Nós, mulheres, não somos o sexo frágil. Não mais. Nós somos forte”, ressaltou Leila em seu discurso com o escudo Fifa na mão pela primeira vez na noite desta terça-feira (15/1).

Atualmente, Leila é uma das oito brasileiras presentes no quadro de árbitras da Fifa. “É algo grandioso, eu não posso dizer que era algo que eu já esperava, mas eu lutei e sabia que era possível.”, diz a árbitra assistente. A bandeirinha ficou sabendo da notícia por meio de uma mensagem da colega de profissão, Tatiane Sacilotti, que também está no quadro. “Quando eu vi o meu nome lá, eu não acreditei, corri, pulei e gritei, mas a ficha demorou para cair”, brinca.

Na última terça, ela voltou a sala da faculdade de Educação Física, onde os árbitros se preparam para os campeonatos na pré-temporada, relembrou as dificuldades, recebeu o escudo e celebrou ao lado da família, que estava presente. “O caminho não é fácil. Foram seis anos de luta, de treinos incessantes, de estudos de madrugada, mas valeu a pena cada dia”, relembrou.

O primeiro desafio foi durante o curso de arbitragem em 2012. Ir e voltar de Luziânia (GO), cerca de 55 km de Brasília, para as aulas, era uma das barreiras . “Obrigada pelas caronas até a rodoviária”, brincou Leila com os colegas.

A árbitra assistente de 30 anos nascida em Luziânia conheceu a profissão, que exerce há seis anos, por meio de um amigo. Formada em educação física, Leila trabalhava em uma academia e um dos alunos, que na época era árbitro da CBF, a viu correndo nas esteiras e perguntou se ela não tinha interesse em se tornar árbitra.

De imediato a resposta foi não. Apesar do interesse no futebol e de jogar a modalidade desde os seis anos de idade, ela nunca havia pensado em se tornar uma juíza ou bandeirinha.

Ascensão rápida como árbitra assistente

O próximo objetivo de Leia Cruz é apitar um jogo da Série A | Arquivo pessoal

O amigo, então, insistiu e a inscreveu no curso. “Não foi um amor à primeira vista, com o tempo fui me apaixonando. Foi uma coisa que foi me conquistando”, conta. No entanto, a evolução como bandeirinha foi rápida. Em 2013, se formou, e no ano seguinte, em 2014, começou a apitar oficialmente.

Depois de um ano da estreia em jogos oficiais, ela conseguiu o escudo da CBF. Ao longo da carreira, Leila trabalhou em 45 jogos pela entidade. Série B, C, D, Copa Verde, e Copa do Brasil foram alguns dos campeonatos em que ela atuou. “Hoje, a série A é meu objetivo e é o primeiro passo para que eu possa alcançar novas competições”, comenta.

Para isso, é importante estar sempre em forma. “O treinamento é praticamente diário. Toda terça e quinta tem treinos em grupos, mas faço fortalecimento na academia nos outros dias e treinos específicos.”, explica.

O tempo é dividido com a profissão de personal trainer. No entanto, Leila explica que com a entrada no quadro da Fifa, o treinamento deve ser intensificado. “A preparação é diferente e eu acredito que eu tenha que me dedicar um pouco mais a arbitragem agora, que é meu principal foco”, revela.

A “eterna” luta contra o preconceito

Para ela, o fato de ser a primeira mulher do DF a integrar o quadro de árbitros da Fifa é um marco importante. “É grandioso, não só pra mim, mas para o quadro feminino porque nós sabemos o quanto é difícil para as meninas acreditarem e, hoje, elas podem ver que é possível”, ressalta.

As dificuldades vão desde as piadinhas e “brincadeiras” que tem que escutar até situações mais sérias. “Eu sempre passei muito pelo machismo e por essas situações, por sempre almejar lugares que eu achava alcançáveis e nem sempre o público masculino pensar da mesma forma”, lamenta.

Felizmente, Leila afirma que não passou por nenhum momento que marcou a carreira de forma negativa. No entanto, a bandeirinha relembra um momento no qual a torcida fez um coro e ficou a xingou de puta. “Eu fiquei abismada com a reação deles”, relembra. Para ela, é necessário ter amor para seguir na profissão, mas Leila prova que é possível chegar onde quiser. “Nós mulheres estamos aqui para ficar e competência não nos falta”, afirma.

Ficha técnica

Leila Cruz nasceu em Luziânia | Minervino Junior/CB/D.A Press

Nome completo: Leila Naiara Moreira Cruz

Idade: 30 anos

Onde nasceu: Luziânia

Profissão: árbitra assistente e personal trainer

Primeiro jogo que apitou: Brasília x Formosa, pelo Campeonato Brasiliense, em 2014

Jogo mais importante da carreira: Chile x Canadá, pelo Torneio Internacional de Futebol Feminino de Brasília, em 2013

> Formou no curso de arbitragem em 2013

> Entrou para o quadro da CBF em 2015

> Já apitou 45 jogos da CBF

> Entrou para o quadro da Fifa em 2019

Maria Eduarda Cardim

Posts recentes

Macris diz que lesão nas Olimpíadas está cobrando o preço: “Longe dos meus 100%”

Como se não bastasse a intensidade de sentimentos por disputar os primeiros Jogos Olímpicos da…

3 anos atrás

Atacante Nycole, de Brasília, rompe LCA e adia sonho com a Seleção

A brasiliense Nycole Raysla, 21 anos, atacante do Benfica que vinha sendo convocada nos últimos…

3 anos atrás

Goleira do Minas Brasília, Karen é convocada para a Seleção Brasileira

Goleira do Minas Brasília, Karen Hipólito é um dos nomes novos a ter oportunidade na…

3 anos atrás

Medalhas femininas do Brasil praticamente dobram da Rio-2016 para Tóquio-2020

O Brasil encerrou os Jogos Olímpicos de Tóquio-2020 com a melhor campanha da história no…

3 anos atrás

Canadá vence Suécia na primeira final olímpica do futebol feminino definida nos pênaltis

Definida pela primeira vez na disputa dos pênaltis, a final olímpica do futebol feminino terminou…

3 anos atrás

Sem Tandara, Brasil domina Coreia do Sul e pegará EUA na final de Tóquio-2020

Após ser acordada com a notícia bomba do corte da oposta Tandara dos Jogos Olímpicos…

3 anos atrás