Outra campeã olímpica denuncia médico da seleção dos EUA por abuso sexual

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Notícias sobre abuso sexual no esporte voltaram à tona nesta sexta-feira (10/11). A tricampeã olímpica Aly Raisman revelou que também foi vítima de Lawrence G. Nassar, médico da seleção de ginástica artística feminina dos Estados Unidos. Nassar está preso em Michigan enquanto responde por 22 acusações de conduta sexual criminal de primeiro grau envolvendo outras ginastas. São pelo menos sete vítimas.

A revelação feita pela estadunidense Aly Raisman, de 23 anos, em uma entrevista ao “60 Minutes” foi acompanhada de desabafo: “Cada vez que eu olho para eles, que os vejo sorrindo, apenas penso que só quero criar mudanças para que outras meninas nunca tenham de passar por isso”.

Aly Raisman foi capitã da seleção dos Estados Unidos que sagrou-se campeã olímpica nos Jogos de Londres-2012 e nos Jogos do Rio-2016. A ginasta ainda ganhou as medalhas olímpicas de ouro no solo e de bronze na trave em Londres, e duas pratas no Rio. Ao todo, ela soma seis pódios em Olimpíadas e três em Campeonatos Mundiais.

Força à campanha “Me Too”

A última acusação contra os abusos do médico Lawrence G. Nassar veio da colega McKayla Maroney, outra ginasta da seleção americana campeã olímpica em 2012. Aos 21 anos, McKayla contou no mês passado que o médico Nassar começou a molestá-la quando ela tinha 13 anos.

Maroney publicou a declaração no Twitter, por meio da campanha nas redes sociais chamada ‘Me Too’ (Eu também, em inglês), que reúne atrizes de Hollywood e atletas que alegam ter sido vítimas de abuso sexual. Atualmente, o perfil da ginasta não está disponível.

A hashtag ‘Me Too’ ganhou força nas redes sociais após o escândalo sexual que envolveu o produtor de Hollywood Harvey Weinstein, acusado de assédio por atrizes. Diversas personalidades famosas se juntaram à campanha após a atriz Alyssa Milano convidar os usuários da rede a responderem seu tweet com ‘Me Too’, caso tenham sido assediados ou sofrido abuso. O tweet recebeu mais de 68 mil respostas e 25 mil retweets.

Outras esportistas aderiram à campanha e revelaram assédios. A lutadora de MMA Tara LaRosa revelou que sofreu uma tentativa de assédio pelo médico antes de uma luta. Segundo Tara, o médico pediu para fazer um exame de mama como parte do exame físico pré-luta. De acordo com ela, o exame não faz parte do protocolo médico antes dos combates em nenhum outro estado.

Outra atleta que se pronunciou sobre o tema foi a americana Breanna Stewart. A medalhista de ouro no basquete na Rio-2016, com os Estados Unidos, falou abertamente sobre abusos sofridos na infância, em um texto publicado no site The Players Tribune. Breanna relatou que a primeira vez aconteceu quando ela tinha apenas nove anos e que foi molestada por anos.

A atleta contou que demorou a contar o caso até mesmo para as pessoas próximas a ela. “Eu não queria ser mais definida por isso do que pelo quão bem eu jogo basquete”, declarou.

Acusações de abuso sexual contra Nassar

A ginasta Jamie Dantzscher, medalhista de bronze nos Jogos Olímpicos de Sydney-2000 com a seleção dos Estados Unidos, também está entre as vítimas que acusaram o médico Lawrence G. Nassar de crime sexual.

Nassar se declarou culpado por conter conteúdo de pornografia infantil; e está aguardando julgamento na prisão. Contudo o médico também está sendo processado por mais de 100 mulheres que o acusam de abuso sexual. Sobre essas acusações, ele diz ser inocente.

A seleção dos Estados Unidos de ginástica se pronunciou dizendo que adotou uma nova política que exige a denúncia de suspeitas de abuso sexual. “Queremos trabalhar com Aly e todos os atletas interessados ​​para mantê-los seguros”, afirmou. “Estamos consternados com a conduta de que Larry Nassar é acusado, e lamentamos que qualquer atleta tenha sofrido danos durante a carreira de ginasta”.

Por Maíra Nunes e Maria Eduarda Cardim

Maíra Nunes

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