Por que Aline Pellegrino e Duda na CBF simbolizam um marco no futebol feminino

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Dois meses após a saída de Marco Aurélio Cunha da coordenação do futebol feminino da Confederação Brasileira de Futebol (CBF), enfim, a entidade abriu as portas para mulheres assumirem papel de protagonismo na gestão do futebol brasileiro. Duda Luizelli, que era diretora de futebol feminino do Internacional, substitui Marco Aurélio como coordenadora das Seleções Brasileiras Femininas. E Aline Pellegrino, até então diretoria de futebol feminino da Federação Paulista de Futebol (FPF), é a nova coordenadora de competições femininas. Elas são as primeiras mulheres a ter cargo de diretoria na CBF. Os anúncios foram oficializados nesta quarta-feira (2/9).

Vale lembrar que o próprio Marco Aurélio Cunha chegou a dizer que “era preciso ter mulheres capacitadas” para ocuparem cargos na entidade, tentando explicar a ausência histórica de mulheres nesses espaços. Mas as duas recém-chegadas acumulam histórico de muito conhecimento e competência de gestão no futebol feminino, sendo que uma delas é negra. Outra novidade acompanhada dessas nomeações é a igualdade dos salários e das premiações que, a partir de agora, serão iguais aos realizado para atletas da Seleção masculina.

Aline Pellegrino era sonho antigo dos amantes do futebol feminino para a Seleção femininae não foi a primeira vez que o nome dela foi cotado para o posto. Pelle, como é carinhosamente chamada, foi indicada mais de uma vez a cargos administrativos da entidade máxima do futebol brasileira. Em 2017, ela foi recomendada pelas próprias jogadoras da Seleção ao cargo de diretoria do departamento de futebol feminino.

A expectativa e o desafio são conseguir expandir o trabalho de sucesso realizado no futebol paulista a âmbito nacional. Por isso, a ex-zagueira assumirá, na CBF, a função de ajudar a desenvolver a modalidade no país. “O desafio é gigante. Fazendo um paralelo: eu estava cuidando de uma federação. Agora vou tentar replicar isso para 27 federações, com situações totalmente diferentes. É um desafio muito grande, mas acredito que a melhor forma de iniciar isso é se aproximando. É estar perto das federações, entender como elas veem o desenvolvimento do futebol feminino, em que momento elas estão. Estar muito próximo e entender que cada um vai estar em um momento diferente. Se o olhar é muito macro, o impacto fica menor”, disse Pelle.

Desde 2016, quando começou na Federação Paulista de Futebol, a modalidade feminina cresceu em termos de estrutura e visibilidade no estado. Os jogos passaram a ser transmitidos na internet, ação repetida mais tarde no torneio nacional, e colecionou recordes de públicos expressivos para a modalidade, como as 28.609 pessoas presentes na final do Paulista de 2019, entre Corinthians e São Paulo, no Itaquerão.

Conquistas que são fruto do que Pelle defende por onde passa: “O futebol feminino tem público para consumir, tem engajamento, tem atletas de alto nível e espaço para crescimento, além de ter, principalmente, um trabalho diário a ser desenvolvido, com objetivos também a longo prazo”. Para se ter uma noção, metade dos 16 clubes da elite do Campeonato Brasileiro são são paulistas, enquanto a outra metade são de outros sete estados.

“Espero que eu seja um elo entre clubes, atletas, federações e a confederação, porque a gente está dentro da hierarquia desse processo. Venho com o objetivo na mediação entre eles, pelo desenvolvimento do futebol feminino no Brasil”, anseia Aline Pellegrino, já na nova função. Antes de assumir cargos de gestão, Pelle foi treinadora, supervisora de futebol e jogadora. Dentro de campo, a ex-capitã da Seleção conquistou a medalha de ouro no Pan do Rio-2007, a prata nos Jogos Olímpicos de Arena-2004 e foi vice-campeã da Copa do Mundo em 2007.

A nova coordenadora: Duda, das “Gurias Coloradas”

Duda é a nova coordenadora de seleções femininas da CBF | Banco de Dados / Agência RBS

O outro nome a engrossar o caldo da gestão do futebol feminino na CBF é Eduarda Luizelli, a Duda, coordenadora de futebol feminino do Internacional. Com 35 anos de carreira dedicados à modalidade, a gaúcha se tornou a primeira mulher a assumir a gestão da Seleção Feminina. comandará a Seleção Brasileira Feminina Principal e as Seleções Brasileiras Sub-20 e Sub-17.

“Não tenho nenhuma dúvida que esse será o desafio mais importante da minha carreira, fazer o Brasil o melhor do mundo também no futebol feminino, e não só no profissional, mas também na base. Tenho a experiência com o trabalho de quase 30 anos com a formação de atletas desde a categoria de base, e acredito que a base forte faz uma equipe forte no futuro. É com esse pensamento que venho contribuir com a CBF”, disse Duda. A nova coordenadora que o olho brilhou quando recebeu o convite, demonstrando entusiasmo.

Em 2017, o trabalho dela foi acompanhado de perto pela CBF. Ela chefiou as delegações coloradas sub-14 e sub-16 na Granja Comary, em Teresópolis (RJ), durante o Torneio de Desenvolvimento e Licenciamento de Clubes realizado pela entidade. Duda também tem serviços prestados e elogiados à Federação Gaúcha de Futebol.

Na Seleção Brasileira, ela adianta que o primeiro passo é conhecer o trabalho e os profissionais já existentes, o que inclui a sueca, técnica da seleção principal: “Quero trabalhar com a Pia Sundhage, uma das treinadoras mais importantes do futebol feminino e, hoje, a técnica da Seleção Brasileira. Junto à Pia e às comissões técnicas, quero construir um plano de ação e um planejamento do futebol feminino. Nosso objetivo como gestora de futebol é sempre vencer e vamos em buscar disso”, destaca. Os desafios mais próximos são os Jogos Olímpicos de Tóquio 2020 (adiados para 2021) e os Campeonatos Sul-Americanos de base, previstos para novembro.

Maíra Nunes

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