Mais de 80% do DF reprovam invasões de 8 de janeiro na Praça dos Três Poderes

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Coluna Eixo Capital, por Ana Maria Campos

A rejeição à invasão e depredação dos prédios na Praça dos Três Poderes chegou a 81,3% da população do Distrito Federal. É o que mostra uma pesquisa do Instituto Opinião de Curitiba, a que a coluna teve acesso. Apenas 2,9% disseram que são favoráveis ao vandalismo no Palácio do Planalto, Congresso Nacional e Supremo Tribunal Federal (STF). Outros 9,3% são indiferentes e 6,4% não sabem ou não opinaram. Dos 900 entrevistados, entre 10 e 12 de fevereiro, 42,2% disseram que todas as pessoas que participaram da baderna em 8 de janeiro deveriam ser presas. Para 26,6%, só alguns dos envolvidos teriam que ser penalizados. Já 13,4% dos entrevistados acham que a maioria deveria ser presa. A margem de erro é de 3 pontos percentuais, com 95% de confiabilidade para o resultado geral da pesquisa. O Instituto Opinião atua há mais de 10 anos com pesquisas quantitativas e qualitativas em todo o Brasil. Com sede em Curitiba, no Paraná, a entidade presta serviço para empresas, órgãos públicos, prefeituras e governos estaduais. “O levantamento deixa claro que a grande maioria dos moradores de todas as regiões do Distrito Federal repudiam os atos de 8 de janeiro”, afirma o sociólogo Arilton Freres, diretor do Instituto Opinião.

Vandalismo
A pesquisa do Instituto Opinião também questionou qual é a palavra que melhor define a conduta dos participantes dos atos antidemocráticos de janeiro. Para 31,7%, as depredações foram praticadas por vândalos; 23,2% afirmaram que os bolsonaristas radicais eram criminosos; 19,9% disseram que eram apenas pessoas insatisfeitas com o resultado da eleição presidencial; e para 13,6%, o quebra-quebra foi causado por terroristas. Outros 4,7% chamam de atos antidemocráticos.

Maioria aprovou intervenção na segurança
Em relação à medida tomada ainda em 8 de janeiro pelo presidente Luiz Inácio Lula da Silva, que determinou a intervenção federal na Secretaria de Segurança Pública do DF, o levantamento aponta que 61,6% das pessoas ouvidas concordaram com a decisão. Para 51,6% dos entrevistados, as forças de segurança do Distrito Federal não cumpriram com o dever de proteger as sedes do Executivo, do Legislativo e do Judiciário. A pesquisa do Instituto Opinião mostra que 46,7% da população do DF aprovou o trabalho durante a intervenção. Somados os percentuais de ótimo e bom, 34,9% dos entrevistados avaliaram positivamente a atuação do interventor, o secretário-executivo do Ministério da Justiça e Segurança Pública, Ricardo Cappelli. Entre as medidas adotadas, houve o afastamento da cúpula da Polícia Militar do DF e da Secretaria de Segurança.

“Programa Adote uma UBS”

A deputada distrital Dayse Amarilio (PSB), que é enfermeira por formação, protocolou projeto de lei que cria programa para incentivar a sociedade civil organizada e pessoas jurídicas a participarem da melhoria da qualidade da saúde pública do DF, por meio da conservação e da manutenção da infraestrutura das Unidades Básicas de Saúde (UBS). Segundo Dayse Amarilio, com o “Programa Adote uma UBS”, o GDF poderá firmar termos de cooperação com pessoas jurídicas legalmente constituídas e interessadas em adotar uma UBS. Pelo projeto, quem quiser participar poderá doar equipamentos e materiais, realizar obras de reforma e ampliação, de acordo com projeto aprovado pelo GDF; contribuir na conservação e manutenção e promover atividades voltadas à saúde pública, inclusive a implementação e conservação de hortas fitoterápicas.

Deficit de dermatologistas
O Tribunal de Contas do Distrito Federal (TCDF) pediu à Secretaria de Saúde providências para resolver um problema na rede pública: o deficit de dermatologistas. Segundo representação do Ministério Público junto ao TCDF, há uma carência de pelo menos 49 profissionais dessa especialidade médica no Sistema Único de Saúde (SUS) do DF e as contratações em concurso não têm contemplado essa questão. O processo foi julgado sob a relatoria do conselheiro Renato Rainha.

Retorno emocionado
A conselheira Anilceia Machado voltou ao trabalho, nesta semana, depois de quase dois anos afastada. Nesse período, ela passou por tratamento de saúde, ficou viúva e sofreu um acidente de carro. Na sessão de retorno ao Tribunal de Contas do DF, a ex-presidente se emocionou e agradeceu o apoio e solidariedade dos colegas.

A velha “gaiola de ouro”
A Câmara Municipal da cidade do Rio de Janeiro, quando era a capital do Brasil, se notabilizou pelo apelido que ganhou na política brasileira: “a gaiola de ouro”. Pelo barulho que fazia e pelo alto custo da construção do prédio que abrigava a Câmara Municipal. Isso porque algumas das maiores lideranças do país passaram por lá e promoviam calorosos debates que repercutiam no Palácio das Laranjeiras e na opinião pública carioca, centro político nervoso do Brasil até o surgimento de Brasília.

Uma nova “gaiola de ouro”?
Passados 63 anos, a Câmara Legislativa do Distrito Federal está no centro das atenções da política nacional com o começo da CPI dos Atos Antidemocráticos. Os depoimentos de ontem atraíram a atenção nacional e os próximos — como o do ex-ministro da Justiça e ex-secretário de Segurança Anderson Torres — prometem revelações que podem abalar a República.

Silêncio
Mas Anderson Torres quer usar a prerrogativa constitucional de não responder às perguntas dos deputados distritais na CPI dos Atos Antidemocráticos. A defesa do ex-ministro fez ontem o pedido ao ministro Alexandre de Moraes, de permanecer em silêncio durante a oitiva na Câmara Legislativa. A medida pode ser estratégica para a defesa, mas é ruim do ponto de vista político, porque seria uma oportunidade para a contestação pública de todas as acusações. Depois de mais dois feminicídios ontem e uma tentativa, que medidas urgentes precisam ser adotadas para impedir esses crimes?

Ana Maria Campos

Editora de política do Distrito Federal e titular da coluna Eixo Capital no Correio Braziliense.

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