Coluna Eixo Capital, por Ana Maria Campos
Depois de muitas adversidades nos últimos anos, o PT-DF estava literalmente em clima de festa na última sexta-feira, quando celebrou, em vários eventos ao longo do dia, 43 anos de existência. O partido que já elegeu dois governadores em Brasília, Cristovam Buarque e Agnelo Queiroz, enfrentou bombardeios por denúncias no estádio Mané Garrincha, no Centro Administrativo de Taguatinga (Centrad), o impeachment de Dilma Rousseff, com muitas ações e condenações da Operação Lava-Jato, a prisão de Lula por 535 dias, e sucessivas derrotas nas urnas, com Fernando Haddad na Presidência e nas últimas três disputas ao Palácio do Buriti. Mas o momento é de reconstrução. A derrota de Jair Bolsonaro, a derrocada da Lava-Jato e o terceiro governo de Lula abrem caminho para uma nova fase do partido que perdeu no DF para o bolsonarismo em 2018 e 2022.
Homenagem aos ex-presidentes
Na festa do PT-DF, no Teatro dos Bancários, ex-presidentes foram homenageados. Estavam lá Chico Morbeck, Hélio Doyle, Orlando Cariello, Érika Kokay, Chico Vigilante, Roberto Policarpo e Jacy Afonso. Também ex-presidente do PT-DF, o professor Luiz Basílio Rossi, que morreu em janeiro, foi representado pela filha Maria Silvia Rossi.
Embate local
O ex-deputado Geraldo Magela foi presidente do PT-DF quando Cristovam Buarque assumiu o governo do DF em 1995. Mas não participou da festa no Teatro dos Bancários. Magela está convocando para a festa nacional amanhã no Centro de Convenções Ulysses Guimarães. O petista até hoje não engoliu o recuo no convite para a vice-presidência da Caixa Econômica Federal e atribuiu publicamente a um veto dos companheiros de partido no DF, que negam essa versão.
De volta
No evento, houve o anúncio de que o jornalista Armando Rollemberg vai voltar ao partido. Irmão do ex-governador Rodrigo Rollemberg (PSB), ele é um dos fundadores do PT.
Lula presente
Na festa de aniversário do PT amanhã, no Centro de Convenções Ulysses Guimarães, está prevista a presença do presidente Lula.
A pergunta que não quer calar
O governador afastado Ibaneis Rocha vai voltar ao exercício do cargo antes do prazo estabelecido de 90 dias pelo STF?
Inacreditável
Uma das conversas periciadas no telefone do delegado Fernando Oliveira, responsável pelo comando das forças de segurança no dia 8 de janeiro, mostra a reação do então secretário de Segurança Pública do DF, Anderson Torres, que estava na Flórida. O diálogo ocorreu no dia seguinte às invasões, às 23h27, quando a intervenção federal na segurança pública estava decretada, o governador Ibaneis Rocha havia sido afastado por 90 dias, e as prisões preventivas de Anderson e do então comandante-geral da PM, coronel Fábio Augusto Vieira, já estavam sendo avaliadas pelo ministro Alexandre de Moraes, do STF. Anderson diz: “Difícil. Inacreditável o que estamos passando”. Fernando responde que o chefe precisa cuidar da saúde. A essa altura, os dois delegados já estavam exonerados dos respectivos cargos.
Sem responsabilidade
Como ocorreu com o governador afastado Ibaneis Rocha, o relatório de análise da Polícia Federal sobre o telefone do ex-secretário-executivo da Secretaria de Segurança Pública Fernando Oliveira apontou que o responsável pela pasta no dia das invasões dos prédios dos Três Poderes não agiu para facilitar a vida dos vândalos. E, segundo a PF, tentou agir de “forma ativa” para impedir a destruição que ocorreu.
Espaço para a direita
O deputado distrital Thiago Manzoni (PL) lançou na última sexta-feira o primeiro episódio do podcast A direita em todas as direções. A ideia é dar voz aos principais expoentes do meio conservador e político do Brasil. Os episódios serão transmitidos pela plataforma YouTube no canal Thiago.Manzoni e pequenos cortes serão disponibilizados, semanalmente, nas redes sociais do deputado. No primeiro episódio, Manzoni entrevistou a comentarista política Zoe Martínez, demitida recentemente da Rádio Jovem Pan. A cubana falou sobre o seu passado, comentando e analisando os principais fatos ocorridos nas últimas semanas na política nacional.
Valorizando o carnaval
Estreando no Senado, a senadora Teresa Leitão (PT/ PE) apresentou projeto de lei que concede ao carnaval de Pernambuco reconhecimento como manifestação de cultura nacional. A ideia é valorizar os festejos populares e tradicionais da cultura local e de repercussão nacional. Esse é o primeiro projeto da primeira mulher a representar o estado no Senado. Foi protocolado na quinta-feira, data em que se comemora o Dia do Frevo em Pernambuco. “É um projeto simples, mas carregado de simbolismo e de muita afetividade”, afirma a senadora.
Só papos
”A gente teve lá na Bahia, é um Haiti assim, não tem explicação. É uma pobreza, é tudo pichado, é sujo. E é uma área turística. A gente fica imaginando onde não é”
Deputado federal Maurício Marcon (Podemos-RS)“Caro Deputado Marcon: instrua-se, eduque-se, retenha essa baba ofídico-peçonhenta que emana da tua boca, seiva da violência que grassa em nosso país. Conheça direito a Bahia, o seu peso histórico, a sua estupenda arte, as suas magníficas igrejas e a sua gigantesca e decisiva contribuição para a formação da nacionalidade brasileira”
Ministro aposentado Joaquim Barbosa, ex-presidente do STF
Mandou bem
A Embaixada da Suíça se ofereceu para intermediar o conserto do relógio do século 17, feito pelo famoso relojoeiro francês Balthazar Martinot, que foi destruído no Palácio do Planalto, durante os atos golpistas de 8 de janeiro. O relógio é uma raridade. Apenas dois exemplares resistiram ao tempo. O outro é mantido no Palácio de Versalhes, em Paris.
Mandou mal
As forças de segurança do DF, que deveriam agir para defender os prédios da Praça dos Três Poderes, subestimaram a agressividade dos golpistas instalados no acampamento em frente ao QG do Exército e os manifestantes que chegaram a Brasília em mais de cem ônibus e que acabaram depredando violentamente o Palácio do Planalto, o Congresso e o STF.
Enquanto isso… Na sala de Justiça
Depois que o STF formou maioria para derrubar lei de Rondônia que proibia o uso de linguagem neutra nas escolas e em documentos públicos, sob o fundamento de tratar-se de matéria de competência da União, o deputado federal Kim Kataguiri (União-SP) apresentou projeto de lei com esse mesmo tema. Agora para tentar aprovar em âmbito federal. “O Estado deve usar e ensinar às nossas crianças a forma correta da língua portuguesa, e não aberrações ideológicas”, afirma. A linguagem neutra foi adotada em eventos do governo Lula como fator de inclusão à diversidade, muito incentivado pela primeira-dama, Janja Lula da Silva, e representa uma queda de braço entre esquerda e direita.