bolsonaristas_1200 Foto: Ed Alves/CB/ DA press

Ricardo Cappelli não acredita que o acaso seja responsável pela falha do 8 de janeiro

Publicado em Eixo Capital

Coluna Eixo Capital, por Ana Maria Campos

Durante a apresentação do relatório sobre a invasão e depredação do Palácio do Planalto, Congresso e Supremo Tribunal Federal (STF), o interventor da segurança pública do DF, Ricardo Cappelli, deixou claro que não acredita que o acaso tenha provocado a maior falha no policiamento da Praça dos Três Poderes da história de Brasília. Citando o ex-chanceler Celso Amorim, Cappelli disse: “Quem quiser que acredite em coincidência. Eu só acredito em teoria da conspiração”. O secretário-executivo do Ministério da Justiça e Segurança Pública listou uma série de falhas que juntas criaram a tempestade perfeita para que os atos golpistas ocorressem: desconsideração dos riscos apontados pela inteligência por parte do então secretário de Segurança, Anderson Torres, ausência de um plano operacional para conter o movimento, baixo efetivo, falta de comando do então comandante-geral da PM, coronel Fábio Augusto Vieira.

Quebra de hierarquia
Em seu relato, Ricardo Cappelli ressaltou que o coronel Fábio Augusto Vieira, preso preventivamente desde 9 de janeiro, estava em campo no dia do vandalismo desde antes do início da confusão. Pediu reforço e não foi atendido. Houve quebra de hierarquia. Cappelli chegou a dizer que esse tipo de situação é criada pela politização das polícias. “Quando a gente tem um político indicando cada comandante de batalhão, fica difícil manter a hierarquia e a disciplina”, afirmou.

Poucos e inexperientes
Na linha de contenção dos manifestantes durante os atos de vandalismo na Praça dos Três Poderes, foram destacados policiais militares sem experiência, ainda no curso de formação, segundo aponta Ricardo Cappelli. Ele ainda ressalta que foram destacados 555 PMs, mas as imagens de drones indicam que não havia nem metade disso. “A impressão que dá no vídeo é que não tínhamos 150 homens na Esplanada naquele dia. Um efetivo que não guarda correspondência com o alerta de sexta-feira (06/01)”, disse Cappelli.

Duas horas
Houve um intervalo de duas horas entre o início do vandalismo nos prédios do Congresso, Palácio do Planalto e STF e a chegada do reforço para reprimir as agressões.

Inteligência apontou o risco
Relatório de inteligência da Secretaria de Segurança relacionado pelo interventor, Ricardo Capelli, apontou para a possibilidade de ocorrência dos seguintes episódios em 8 de janeiro: possibilidade de invasão e ocupação de órgãos públicos, participação de adultos “em boas condições físicas” e pertencentes ao segmento de CACs (caçadores, atiradores e colecionadores). O documento aponta que a mobilização tratava da “tomada de poder”, com a invasão do Congresso Nacional e era vedada a participação de crianças e pessoas com dificuldades de locomoção. “As divulgações apresentam-se de forma alarmante, dada a afirmação que a ‘tomada de poder’ ocorreria principalmente com a invasão do Congresso Nacional”, aponta o documento.

Conforto para golpistas
Relatório sobre os atos antidemocráticos elaborado pelo interventor da segurança pública do DF, Ricardo Cappelli, indica que o acampamento instalado em frente ao QG do Exército tinha estrutura de conforto para os manifestações: barracas de camping e de lona, tendas, cozinhas coletivas, banheiros químicos e com chuveiro quente, geradores de energia, placas solares, som mecânico, caminhão utilizado como palco e carro de som. Cappelli chamou de “mini-cidade golpista”. A pergunta é: quem bancou?

Maioria do Mato Grosso
Em 11 de novembro, havia 310 caminhões ou motor-homes estacionados nos arredores do acampamento instalado em frente ao QG do Exército, sendo mais da metade (162) do Mato Grosso, estado em que Jair Bolsonaro teve 65,08% dos votos válidos no segundo turno. Apenas 24 tinham placa do Distrito Federal.

Na polícia
Em pouco mais de dois meses de duração do acampamento, houve 73 ocorrências policiais relacionadas aos manifestantes, sendo 20 de crimes contra a honra, 19 de furtos e 13 de lesão corporal e vias de fato (agressões como socos, tapas e empurrões).

Nova desembargadora

A juíza Carmen Nicea Nogueira Bittencourt tomou posse ontem como nova Desembargadora do Tribunal de Justiça do Distrito Federal e Territórios (TJDFT). Ao dar posse à magistrada, o presidente do TJDFT, Cruz Macedo, ressaltou o comprometimento, a eficiência e a qualificação da nova desembargadora que “traz a marca genética da vocação para a magistratura de sua família”. Carmem Bittencourt é filha do desembargador falecido Mauro Renan Bittencourt e sobrinha do desembargador aposentado Sérgio Bittencourt, ambos do TJDFT.

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