Arlete Sampaio: “Aumentar em termos reais o salário mínimo não tem nada de ‘comunista’”

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Da coluna Eixo Capital

À Queima Roupa: Arlete Sampaio, deputada distrital (PT)

“A obtusidade da elite econômica do país ainda não a permitiu compreender que o Brasil tem tudo para ser uma grande e importante nação no mundo. Por exemplo, aumentar em termos reais o salário mínimo não tem nada de ‘comunista’”

Você não disputou a eleição, mas fez um sucessor, Gabriel Magno, que se elegeu deputado distrital. Por que você decidiu não concorrer?
Tenho convicção da necessidade de construirmos novas lideranças políticas no PT-DF. Eu tenho 72 anos e o Gabriel Magno tem 36. Terá, portanto, uma importante carreira política pela frente. Tem uma visão do mundo, do Brasil e do DF semelhante à minha, só que com mais energia para exercer um mandato eletivo.

Pretende ajudar no governo Lula? De que forma?
Sou vice-presidente do PT-DF. Tenho a missão de ajudar a fortalecer a presença do PT no cenário político do DF. Agora temos a Federação e vamos trabalhar juntos durante quatro anos. Assim, estaremos ajudando o governo Lula, mesmo não compondo a estrutura de governo.

O que significa, na sua avaliação, a volta de Lula à Presidência da República?
Estamos diante de um fenômeno novo no Brasil, que é a articulação da extrema direita fascista, representada pelo atual presidente e seus filhos. Eles possuem uma articulação internacional com outros agrupamentos do tipo. A eleição do Lula, que disputou contra a máquina do Estado, uma eficiente comunicação de fake news, e toda sorte de desinformação, de apoio de segmentos ultra conservadores e fundamentalistas, é um respiro para a democracia brasileira. Venceu a mobilização popular em torno da grande liderança que é o Lula. Precisamos continuar mobilizados e, na prática, demostrar o nosso compromisso com o Brasil e com o nosso povo. Fazer o Brasil crescer, gerar empregos, distribuir renda, cuidar da educação, saúde e assistência social; dialogar com o mundo com altivez e soberania. São esses fatores objetivos que mostrarão a superioridade de nosso projeto político.

Acredita que a relação entre Lula e Ibaneis será pacífica e respeitosa?
O governador Ibaneis é um homem inteligente. Discordo da maneira como governa, mas ele não se enquadra no figurino da extrema direita fascista. Ele verá, na prática, que é muito melhor governar tendo o Lula presidente. Lula fez muito por Brasiia e continuará fazendo. Não haverá maiores problemas entre os dois governos.

Qual é a sua expectativa para o mandato de Lula com tantos compromissos sociais e dificuldades extremas, inclusive orçamentárias?
O Lula vai implementar um programa de desenvolvimento econômico e social para o Brasil. A obtusidade da elite econômica do país ainda não a permitiu compreender que o Brasil tem tudo para ser uma grande e importante nação no mundo. Por exemplo, aumentar em termos reais o salário mínimo não tem nada de “comunista”. Quando o povo consome mais, a roda da economia gira, mais empregos são criados, mais impostos são arrecadados, mais lucros têm os empresários. Lula terá, sim, mais dificuldades do que quando assumiu em 2003 porque o país está devastado. Mas com liderança, diálogo, confiança e muito apoio popular e da ampla aliança que ele construiu vamos reconstruir e transformar a Brasil.

Como Lula poderá ajudar o DF?
O Lula irá investir mais no DF, em colaboração com o governo local. Muitas das obras que hoje são feitas no DF ainda são contratos realizados na época dos governos Agnelo e Dilma. O Lula ampliou a UnB para as câmpus de Ceilândia, Gama e Planaltina, implantou a lFB (Instituto Federal de Brasília) com cerca de 10 unidades em várias cidades do DF. Vai ajudar na reforma do Teatro Nacional e na implementação de projetos culturais. As políticas públicas reorganizadas no plano federal também trarão inúmeros benefícios para o DF.

Ana Maria Campos

Editora de política do Distrito Federal e titular da coluna Eixo Capital no Correio Braziliense.

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