Alvo de bombardeios e machismos, Flávia Arruda deixa o cargo com prestígio para concorrer ao Senado

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ANA MARIA CAMPOS

A deputada Flávia Arruda (PL-DF) deixou nesta manhã (31) o cargo de ministra-chefe da Secretaria de Governo da Presidência da República para se dedicar à campanha ao Senado.

Com a maior votação entre os candidatos à Câmara dos Deputados em 2018, Flávia começou o mandato em 2019 já tendo que provar competência. Conseguiu firmar o próprio perfil.

Criou e presidiu a Comissão Externa de Combate à Violência Contra a Mulher. Coordenou a bancada do DF no Congresso.

Foi a primeira deputada a presidir a Comissão Mista do Orçamento. Em seguida, assumiu o cargo de ministra do governo Bolsonaro. Foi a primeira mulher a exercer o cargo de ministra-chefe da Secretaria de Governo da Presidência da República.

Saiu do posto primeira dama do DF para a política e se tornou poderosa ministra da articulação política da gestão de Bolsonaro, um governo conservador e que, em muitos atos, demonstra machismo.

Em quase um ano no cargo, Flávia ajudou, na articulação política, a aprovar projetos como a PEC dos Precatórios; o PLP dos Combustíveis; o Programa Auxílio Brasil com transferência de renda para famílias em situação de pobreza; o Marco Legal do Setor Ferroviário; a Lei que possibilitou a privatização da Eletrobrás; a Modernização do Ambiente de Negócios; a Lei Complementar que permitiu prorrogar a isenção dos impostos para 17 setores do comércio; o PL que ampliou o prazo para o registro de imóveis rurais.

Jovem, bonita e casada com um ex-governador, José Roberto Arruda, de quem herdou votos e uma carreira, Flávia foi alvo de intrigas de políticos que pediram a sua cabeça em vários momentos.

Também sofreu bombardeios machistas, especialmente nas últimas semanas.

Para o presidente Bolsonaro, no entanto, o trabalho de Flávia no governo foi “impecável”.

Agora o desafio é grande: eleger-se senadora, numa disputa com apenas uma vaga, carregando o bônus e o ônus de ter sido ministra do governo Bolsonaro.

No DF, preside o partido de Bolsonaro. Está politicamente ligada a uma gestão que tem a aprovação de um terço da população, mas desperta o ódio de uma grande parcela de eleitores.

Terá que responder na campanha ao negacionismo e às manifestações positivas à ditadura militar, mesmo sem ter defendido essas questões.

Na saída, Flávia não fez o sucessor. Foi substituída pelo chefe de gabinete pessoal do presidente Bolsonaro, Célio Faria Júnior. Mas deixou o governo com prestígio.

Na campanha, estará ao lado do governador Ibaneis Rocha (MDB) no projeto de reeleição. Se conseguir se eleger para atuar no tapete azul do Congresso, chegará em 2026 candidatíssima ao Palácio do Buriti.

Ana Maria Campos

Editora de política do Distrito Federal e titular da coluna Eixo Capital no Correio Braziliense.

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