Coronel Wellington Corsino: remuneração desigual é o cerne da histórica desunião entre as corporações militares e a Polícia Civil do DF

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À Queima-roupa / Coronel Wellington Corsino, presidente da Associação dos Oficiais da Reserva Remunerada e Reformados da Polícia Militar e do Corpo de Bombeiros do DF (Assor-SF)

por Ana Maria Campos

Como está a relação entre policiais civis e militares?
A relação entre as lideranças dos sindicatos e associações das forças de Segurança Pública do Distrito Federal está num processo, creio que irreversível, de estabelecimento da pacificação das relações instituições e interpessoais dos integrantes das três instituições. Pela primeira vez na história, estamos juntos numa campanha de recomposição salarial. E a palavra de ordem é a equidade salarial. Ninguém deve ganhar mais que as outras, todos deverão receber uma remuneração igualitária, pois esse é o cerne da histórica desunião entre as corporações militares e a Polícia Civil do DF.

As declarações do deputado Reginaldo Sardinha (sobre uma suposta inveja que a PM teria da PCDF) criaram um afastamento?
Devemos reconhecer que as palavras do deputado Sardinha foram inoportunas e desgastaram um pouco o processo de pacificação entre os integrantes da segurança pública. Eu mesmo fiz uma nota repudiando a atitude do deputado. Mas tive todo o cuidado para não extrapolar minhas críticas da pessoa do deputado para a instituição o que seria incorrer no mesmo equívoco que ele cometeu. As instituições não podem ser antagônicas entre si, pois prestam um serviço complementar onde todas são importantes no objetivo comum que é a segurança do cidadão e do seu patrimônio e a paz social. Nosso inimigo é e, sempre será, o indivíduo que tiver comportamento desviante da norma penal e do pacto social como um todo.

Acha que sai algum benefício para as forças de segurança?
Sabemos que o GDF dispõe de recursos suficientes apenas para proporcionar uma recomposição emergencial para as forças de segurança pública. Eu digo emergencial porque não podemos nos iludir com uma recomposição ideal a que fazemos jus e temos direito, por causa da crise econômica que o mundo e o Brasil atravessam. Por isso, entendemos que teremos uma recomposição aquém da defasagem que acumulamos ao longo desses anos. A questão de fundo dos nossos salários é a distribuição dos recursos do Fundo Constitucional. Inicialmente esses recursos foram previstos na Constituição Federal apenas para organizar e manter a Policia Militar, a Polícia Civil, o Corpo de Bombeiros Militar do Distrito Federal e a Polícia Penal, incluída recentemente no texto constitucional. Acontece que depois a Constituição foi emendada e incluída ao texto original um complemento com a seguinte redação: bem como prestar assistência financeira ao Distrito Federal para a execução de serviços públicos, por meio de fundo próprio. Os órgãos de Segurança Pública só têm essa fonte de financiamento para organizar e manter as quatro intuições. Mas, só nos é distribuído do total dos recursos do Fundo Constitucional (FC) um percentual de mais ou menos 50%. Não somos contra a saúde e a educação receberem recursos complementares do FC, mas receberem 50% dos recursos me parece ser muito injusto para mantermos dignamente 4 órgãos de segurança e os outros 50% apenas para duas atividades estatais.

Todos serão contemplados da mesma forma?
A recomposição deverá ser igualitária senão haverá uma gravíssima crise na segurança pública do Distrito Federal. Ademais, entendemos que o governador e o presidente da República não permitirão qualquer tipo de discriminação com nenhuma das instituições.

Acredita que a paridade das forças de segurança no DF será mantida?
Acredito piamente na paridade salarial das forças de segurança pública do DF. No item acima isso fica claro e justificado.

A PM vai apoiar algum candidato ao governo?
As Associações da Polícia Militar e do Corpo de Bombeiros estão se articulando para desenvolvermos um processo de conscientização dos policiais e bombeiros militares para apoiarmos em massa um nome que será definido futuramente, para o Governo do Distrito Federal e para o Senado nas eleições de outubro desse ano. Os nomes para deputado federal e distrital serão das próprias instituições militares.

Ana Maria Campos

Editora de política do Distrito Federal e titular da coluna Eixo Capital no Correio Braziliense.

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