rafael_parente Crédito: Ana Rayssa/CB/D.A Press

Rafael Parente: “Tive a sorte de conviver, crescer e aprender muito sobre política com dois líderes incríveis”

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À Queima Roupa // Rafael Parente, Ex-secretário de Educação, pré-candidato do PSB ao Palácio do Buriti

por Ana Maria Campos

O senhor é mesmo pré-candidato ao Palácio do Buriti?
Sim, sou. Venho trabalhando incansavelmente e com muito foco neste projeto desde julho do ano passado. Tenho recebido diversos apoios, não apenas dos segmentos e militância do PSB, mas de setores e lideranças de todo o DF, como profissionais da educação, da cultura, empreendedores sociais, líderes de bairros, grupos de jovens, ativistas, entre outros. Os resultados têm sido bem animadores.

Essa será a sua primeira candidatura. É novato na política. Já vai apostar no Executivo?
É verdade que nunca fui candidato e nem havia me imaginado candidato até a saída da Secretaria de Educação. Mas tive a sorte de conviver, crescer e aprender muito sobre política com dois líderes incríveis: Pedro Parente, meu pai, e Sigmaringa Seixas, que era meu tio e padrinho. A política sempre fez parte da minha vida e das conversas da família desde que nasci, aqui em Brasília. Além disso, passei por dois governos, tenho perfil executivo, paixão por pesquisar, desenhar e implementar políticas públicas baseadas na ciência e na razão e acompanhar a transformação na ponta, na rua, no chão da escola (ou do hospital, delegacia…). Tive sucesso como gestor em governos, na iniciativa privada e no terceiro setor, implementando projetos e políticas de mérito e relevância. Sempre fui workaholic, sabendo que o meu propósito de vida é apoiar a transformação social começando pela educação. Por todos esses motivos, permito-me acreditar que tenho a melhor formação, experiência, perfil e rede de conexões para transformar Brasília no que tenho certeza que ela pode e merece ser.

O PSB estuda fechar uma federação com PT, PCdoB e PV. Todos os partidos têm pré-candidatos ao governo. Como será a escolha do nome que vai representar o grupo?
O PSB escolheu o meu nome como pré-candidato ao governo do Distrito Federal e esta escolha vem sendo reforçada a todo momento pelo presidente Rodrigo Dias e o (ex) governador Rollemberg. Temos conversado com frequência com estes e outros partidos. Acreditamos na criação de uma frente ampla, nos moldes da geringonça portuguesa. Tenho total desprendimento em dizer que a escolha deverá recair sobre o candidato que melhor atender à viabilidade política e eleitoral, com informações de pesquisas quantitativas e qualitativas. Dados sobre o quanto cada pré-candidato é conhecido, rejeitado e percebido pela população são importantes, mas não são definidores quando considerados isoladamente. É importante ressaltar que a escolha do candidato dessa possível frente não estará dissociada da política nacional e essa articulação vem sendo empreendida pelos presidentes dos partidos envolvidos. E o DF está inserido nas negociações.

Se não der certo a candidatura ao governo, há possibilidade de disputar outro cargo?
Não me vejo no Legislativo, não tenho o perfil.

O senhor é um especialista em educação. O que precisa melhorar nesta área no DF?
Sou mestre e PhD em educação, fui subsecretário no Rio de Janeiro, secretário no DF, cofundador e diretor de três empresas (a primeira delas foi o CLIC, em Brasília, quando eu tinha 21 anos de idade) e uma organização do terceiro setor. É verdade que tenho formação e experiência em educação e que a área deve ser a prioridade máxima de um possível futuro governo. No entanto, temos conversado com ex-ministros, ex-governadores, ex-secretários, pesquisadores, técnicos, gestores e empreendedores para aprender sobre política, saúde, economia, transporte etc. Estamos mapeando as políticas públicas mais inovadoras de cada área não só no Brasil, mas em todo o mundo. Sobre nossa visão para a educação no DF, o mais importante será melhorar a gestão a partir da composição de uma equipe técnica, competente, séria, que não represente interesses políticos, econômicos, ou de grupos específicos e que atue como time; investir na formação, na carreira e na motivação de todos os profissionais da educação; investir em materiais, metodologias e infraestrutura, não deixando faltar livros, laboratórios, equipamentos ou profissionais nas escolas; investir em inovação e modernização das técnicas pedagógicas, especialmente considerando uma realidade pós-pandemia. Também é importante frisar que, assim como na educação, é possível fazer melhor em outras áreas: acabar com o caos na saúde, melhorar a qualidade sofrível do nosso transporte público, a segurança, a economia, e tudo isso valorizando os técnicos, se preocupando com as pessoas, tendo vontade política, e, acima de tudo, fazendo uma gestão séria e transparente, o oposto do que temos visto atualmente.

Acha que, mesmo com a nova onda de covid, é hora de aulas presenciais?
É certo que a suspensão das aulas durante a pandemia trouxe enormes prejuízos para crianças e jovens, além de transtornos para as famílias. Isto posto, reafirmo minha crença na ciência, nos cientistas e nos pesquisadores sérios, que estudaram muitos anos para ter a responsabilidade de emitir uma opinião acerca de um assunto específico. Diversos pesquisadores do país recomendaram, em nota técnica, que as aulas presenciais em escolas e universidades do Distrito Federal sejam suspensas para evitar a contaminação das nossas crianças e jovens pela nova cepa. Isso até que os pesquisadores confirmem que a reabertura é segura para alunos e profissionais.

O senhor passou apenas sete meses na Secretaria de Educação. Arrepende-se de ter integrado o governo Ibaneis?
Passei praticamente oito meses (saí no final de agosto) e fiquei nove meses trabalhando intensamente pela nossa educação, se considerarmos também o tempo da transição entre governos. Não me arrependo. Foi o cargo mais honroso que ocupei em toda minha vida e, em certos aspectos, uma experiência maravilhosa. Trabalhávamos com tanta intensidade que cada mês parecia dois ou mais. Honrei meus compromissos, não abri mão dos meus valores e tive de sair do governo por conta disso.

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