Fátima Sousa: “Precisamos reerguer a nação dos destroços em que se encontra”

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À queima-roupa // Fátima Sousa, enfermeira sanitarista, ex-diretora da Faculdade de Ciências da Saúde da UnB, candidata ao governo do DF nas eleições de 2018

Por Ana Maria Campos

Em meio ao terceiro ano de pandemia, o que as pessoas ainda não aprenderam que precisam aprender para superarmos essa crise sanitária?
Escolher os gestores públicos que governem com e para a população, colocando o orçamento a serviço da ética da vida; valorizar e proteger o maior sistema de saúde do mundo, pois, sem o SUS, a mortandade seria mais grave; aprender que o Brasil deve investir na saúde, educação, ciência e tecnologia. Que a vacina diminuiu internações e salvou milhares de vidas. E, ainda, aprender que a pandemia não acabou e que devemos seguir nos cuidando coletivamente.

Como você, uma profissional da área de saúde, avalia a condução das soluções na pandemia no Brasil?
Uma sucessão de erros. Quebrou o pacto federativo que o SUS vem construindo há 34 anos, criando cizânia entre os gestores estaduais e municipais da saúde; desprestigiou as instituições de pesquisa (Butantan, Fiocruz, entre outras); criou confusão anunciando falsos tratamentos; negou a gravidade da pandemia com várias narrativas que atentaram contra a saúde pública. Também não apresentou um plano nacional de imunização, quando o país tem o Programa Nacional de Imunização (PNI), respeitado pela OMS/OPAS. Não deu exemplo se vacinando, e convocando a população a fazer o mesmo. Mais grave, não houve solidariedade com os lutos de milhares de famílias brasileiras.

Que sequelas o país terá dessa pandemia?
O país se encontra entristecido, pois nunca em nossa história recente foi registrado um número tão volumoso de violência doméstica, feminicídios, crimes homofóbicos, isto sem esquecermos das doenças mentais, suicídios, desalentos de toda natureza que nos chegam sob a perspectiva da saúde pública. Não podemos naturalizar estas sequelas, que se somam às de ordem política, econômica, sócio cultural e ideológica, onde o ódio e a desinformação têm ocupado o lugar que deve ser destinado à civilidade e ao respeito aos direitos humanos.

Acredita que o PSol vai lançar candidato próprio à presidência, vai apoiar Lula ou outro candidato?
As eleições deste ano apresentam outros desafios. Precisamos reerguer a nação dos destroços em que se encontra. Junto com a crise sanitária, miséria, extrema pobreza, insegurança alimentar, desemprego, violência generalizada que saltam aos olhos. Necessitamos de um governo de transição e o Brasil, agora mais que nunca, precisa da união de todos. Certamente, o PSol estará nessa mesa, construindo um plano nacional à superação dessas crises.

E no DF? Qual é o caminho do PSOL?
O quadro do DF é mais grave ainda. Nós não vamos desistir dessa cidade. É preciso dizer não a esse governo e a tudo que ele representa. Há décadas essa cidade virou um “balcão de negócios”, dilapidando o patrimônio público com privatizações de toda a ordem. Apresentando programas de esmolas num assistencialismo vergonhoso, ao invés de cuidar, com dignidade, das pessoas. O SUS segue um caos: sofrimentos nas filas dos hospitais, esperas por tratamentos continuados, cirurgias. E nesse quadro, o PSol precisa ter candidatura própria, a exemplo de 2018, quando fui candidata ao Governo. Estamos preparadas para governar essa cidade, e, para isso, necessitamos da união de todos e todas.

Você vai se candidatar?
Estou à disposição do meu partido. No momento encontra-se em construção uma Federação com a Rede. Nosso coletivo tem apelado para uma candidatura a deputada federal, mas essa decisão será tomada, em tempo oportuno, com a participação de todos e todas.

Toparia concorrer novamente ao Palácio do Buriti?
O PSol tem grandes quadros. Julgo ser importante, antes de colocar nomes, revisarmos nosso programa de governo apresentado em 2018, à luz desses tristes tempos. Convidarmos as instituições e pessoas que, assim como nós, acreditamos que o DF tem jeito. Nessa mesa devem se sentar socialistas, democratas, republicanos, humanistas, com a grandeza suprapartidária, em nome de um programa de governo capaz de superar as dores dessa cidade. Os jovens estão muito esperançosos e entusiasmados em fazer essa travessia e, como sempre, estarei ao lado deles.

Ana Maria Campos

Editora de política do Distrito Federal e titular da coluna Eixo Capital no Correio Braziliense.

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