Políticos sem mandato querem voltar à política em 2022

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Coluna Eixo Capital, por Ana Maria Campos

O eleitor optou pela novidade em 2018. Preferiu não votar em políticos tradicionais, conhecidos, com história. Assim, afastou da vida pública muitos candidatos que caminhavam havia anos entre mandatos e reeleições. Agora, a situação mudou. Pesquisas analisadas por especialistas em campanhas indicam que o eleitorado está desconfiado de neófitos que não têm resultados a apresentar. Nessa onda, alguns políticos de Brasília tentam retornar ao cenário. Alguns tentam pegar uma carona com a disputa presidencial e uma novidade surge nesta campanha: a volta do ex-presidente Lula. Sem condenações e com o discurso de injustiçado, o petista é um diferencial de 2022 em relação a quatro anos antes, quando estava condenado e inelegível. O resultado desse caldo saberemos em outubro. Veja quem quer voltar:

Rodrigo Rollemberg (PSB)
Derrotado nas urnas no segundo turno em 2018 pelo então novato Ibaneis Rocha (MDB), Rodrigo Rollemberg está há três anos sem mandato. Ele se prepara para concorrer a uma vaga de deputado federal, com a orientação do partido para eleger uma bancada grande na Câmara, o que fortalece as legendas, com poder no Congresso e aumento de recursos partidários e eleitorais. Mas recentemente ele passou a ser incentivado a mudar os planos e concorrer novamente ao Palácio do Buriti. A análise é de que todos que se apresentam como adversários de Ibaneis terão dificuldades para unir um grupo forte para se contrapor à reeleição do governador. Rollemberg pode liderar uma frente de centro-esquerda e ainda contar com o apoio de Lula. Ele ouviu conselhos antes do Natal. Não disse nem sim, nem não.

Agnelo Queiroz (PT)
O ex-governador Agnelo Queiroz foi bombardeado por denúncias de superfaturamento no estádio Mané Garrincha, foi alvo de buscas e apreensões da Operação Panatenaico, um desdobramento da Lava-Jato, e sofreu uma condenação da justiça eleitoral. Ficou inelegível na última eleição. Mas agora aposta numa reviravolta. A Lava-Jato já não tem mais a mesma força popular e os advogados do petista acreditam que poderão rever a inelegibilidade de Agnelo. Assim, ele vai tentar disputar um mandato de deputado federal.

Tadeu Filippelli (MDB)
Ex-deputado distrital, ex-deputado federal e ex-vice-governador, Tadeu Filippelli também sofreu pelos desdobramentos da Operação Lava-Jato. Desgastou-se e terminou a eleição de 2018 como suplente da deputada federal Celina Leão (PP-DF). Afastou-se do governador Ibaneis Rocha e está trabalhando muito para voltar a um mandato. Ele tem andado tanto pelas cidades, que recentemente postou no Instagram a foto de um furo na sola do sapato. Com as mudanças no cenário político, vai tentar um mandato de deputado federal ou até, quem sabe, distrital.

Rogério Rosso (PSD)
O ex-governador e ex-deputado federal Rogério Rosso (PSD) perdeu a disputa ao Palácio do Buriti em 2018 e ficou sem mandato. Passou a trabalhar na indústria farmacêutica, ao lado do grande patrocinador de seu grupo político, Fernando Marques, dono da União Química, mas não esqueceu a política. Com o recall da última eleição, quando terminou a disputa em terceiro lugar, com 11,24% dos votos válidos, deve tentar um mandato de deputado federal.

Alberto Fraga (DEM)
O ex-deputado federal Alberto Fraga disputou mandato de senador e governador. Na última eleição, chegou a crescer bastante, mas acabou afundando numa condenação judicial, depois revista. Amigo do presidente Jair Bolsonaro, chegou a ser cotado para assumir um ministério. Mas não passou de uma possibilidade. Agora Fraga quer voltar. Vai tentar um novo mandato de deputado federal.

Eles não querem voltar
Entre os que estão no caminho inverso, dois políticos que já exerceram vários mandatos pensam em não voltar às urnas em 2022. O ex-governador e ex-senador Cristovam Buarque (Cidadania-DF) ainda analisa o cenário, para tomar uma decisão. Mas ele sabe que a conjuntura não é favorável. Pensa em não se candidatar. O ex-deputado Augusto Carvalho (Solidariedade) também não quer concorrer. Ele tem mandato até 2023 como presidente da Associação Nacional dos Funcionários do Banco do Brasil (Anabb) e pretende chegar ao final.

Mandou bem
O filme Não olhe para cima é um choque por mostrar de forma irônica uma realidade no Brasil: negacionismo, lavagem cerebral, inversão de prioridades, violação ao interesse público, corrupção, busca a qualquer custo pela audiência e descaso com a ciência.

Mandou mal
O governo federal negou autorização de envio de ajuda humanitária da Argentina às cidades afetadas pelas chuvas na Bahia, estado comandado por político de partido adverso, onde mais de 400 mil pessoas foram afetadas pelos temporais e inundações.

Ana Maria Campos

Editora de política do Distrito Federal e titular da coluna Eixo Capital no Correio Braziliense.

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