À queima roupa// Guilherme Campelo, candidato à presidência da OAB-DF
por Ana Maria Campos
Acredita ser possível derrotar os dois grupos que se revezam no comando da OAB-DF há 20 anos?
Acredito sim. Eu sou o único candidato que nunca integrou o grupinho formado há 20 anos. Sou a única novidade, a única chapa que representa inovação. A atual gestão diz que foi atrapalhada pela pandemia, mas em 2019 a gente não tinha pandemia. Mas a OAB ficou inerte. Então estamos mostrando que podemos trazer para participar os 12 mil colegas que nunca se envolveram com a eleição, que não votaram. A nossa abstenção é alta porque muitos não se sentem representados por esse grupinho.
Você está incentivando essa participação?
Como certeza. Estou incentivando a participação de muitos que se sentem órfãos, que não acreditam na nossa instituição. Estou mostrando que estamos sendo regidos pela minoria. Um terço da nossa classe não foi votar.
O que você vai fazer de diferente?
Primeiro a gente vai reduzir 50% da anuidade. A arrecadação foi R$ 32 milhões neste ano. No próximo, vai dobrar. Vamos chegar a R$ 50 milhões. É muito dinheiro. Temos de fazer mais com menos. A atual gestão gasta com festas, almoços, viagens para os conselheiros. Mas esse dinheiro não tem que ser aplicado para os conselheiros e sim para a advocacia, principalmente da que mais precisa que é a das 13 subseções. Por exemplo, Taguatinga tem 3,8 mil inscritos. A realidade deles é diferente da minha, do governador Ibaneis, do Kiko Caputo, que já foi presidente…
O que esses advogados querem da OAB?
Nós advogados queremos condições de trabalho. Ter acesso ao tribunal para poder prestar justiça aos nossos clientes e à sociedade civil. Mas a gente vê que em todas as unidades da federação a eleição da OAB é elitista. Só participam pequenos grupos de grandes escritórios ou pessoas conhecidas e a gente tem que trazer os colegas da base para participar da sede. Essa integração é necessária. Na sede hoje, só participam os colegas do Lago Sul, do Plano Piloto.
Você fala de eleição elitista, mas você é de um grande escritório de advocacia…
Sim. Eu sou. Mas eu trouxe minha vice que nasceu em Taguatinga, minha secretária-geral mora em Taguatinga Norte, inscrita em São Sebastião, que é a Jamile Pelez. O nosso presidente da Caixa de Assistência mora em Taguatinga e é inscrito no Riacho Fundo. A nossa vice da Caixa é do Gama. Eu prestigiei a Caixa de Assistência com advogados das subseções porque é um órgão importante não só para os advogados, mas para seus familiares, para ter um plano odontológico, um plano de saúde bom, creches. Para se contrapor a esses dois grupos que são iguais é importante ter alguém forte na cabeça, mas sem ser 100% elitista.
Você pediu o afastamento do presidente do Conselho Federal da OAB, Felipe Santa Cruz. O que motivou essa representação?
Penso que a OAB de um modo geral, especialmente o Conselho Federal, deve se afastar de atividade político-partidária. Está no Regimento Interno. O papel dos poderes era nos representar, representar a sociedade civil. E infelizmente desde 2019 ele vem participando de atividades político-partidárias e agora na pré-campanha ele começou a participar de eventos de partidos. Ele esteve em evento do PSD em outubro e segurou o braço do prefeito do Rio, Eduardo Paes, e do presidente do partido, Gilberto Kassab. Mas ele ainda representa os advogados do Brasil e é o guardião do Estado Democrático de Direito. Não pode estar se promovendo.
Você também está questionando a eleição on-line da OAB-DF. O que você vê de irregular?
Nós entramos com uma ação ordinária questionando o processo eleitoral. Não sou contra as eleições on-line. Estou defendendo o artigo 16 da Constituição Federal segundo o qual se você modifica a regra eleitoral só vai se aplicar para a próxima eleição. Eles mudaram em fevereiro deste ano para as eleições em novembro. Faltam nove dias para as eleições e até hoje não conhecemos as regras. Não sabemos como será a auditoria, como será fiscalizado e como serão apurados os votos.