Vitória autoral arriscada de Vítor Pereira deixa Fla em vantagem contra o Flu na final do Carioca

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Ayrton Lucas fez um gol, deu assistência e sofreu falta na expulsão de Samuel Xavier. Foto: Marcelo Cortes/CRF

 

Houve um tempo no carnaval do Rio de Janeiro em que a Imperatriz Leopoldinense era criticada por fazer um desfile pragmático, correto, sem a mínima intenção de levantar a Sapucaí. Havia preocupação, sim, com a nota dos jurados, o título. Não era nem apontada como favorita e ganhava. O Flamengo teve um pouquinho de Imperatriz na vitória por 2 x 0 contra o Fluminense no primeiro jogo da final do Carioca. Esteve longe de levantar a galera no Maracanã, mas leva uma boa vantagem para a apuração do campeão no duelo do próximo domingo. O time rubro-negro pode perder por um gol de diferença na volta para conquistar o 38º título.

 

Vítor Pereira foi corajoso. Evitou jogar para a galera na escalação. Não contava com Arrascaeta. Guardou Gabriel Barbosa e Everton Ribeiro para o segundo tempo. Iniciou a partida com apenas um integrante do quarteto, o centroavante Pedro. Ao apostar nos agudos Everton Cebolinha e Matheus França atrás do camisa 9 em uma espécie de 3-4-2-1 com a bola e 5-4-1 sem ela, o técnico português mostrou que havia um arriscado plano autoral. Por sinal, mal executado e por isso incompreendido pela impaciente torcida no primeiro tempo.

 

O elenco mais caro da América do Sul entrou em campo com uma postura humilde, respeitosa em relação ao Fluminense. A estratégia era neutralizar os pontos fortes de um adversário que havia virado a decisão da Taça Guanabara. O time caríssimo admitia a necessidade de sofrer. Se não fosse o goleiro Santos, a trupe de Fernando Diniz teria ido para o intervalo em vantagem.

 

A partida virou no intervalo graças a um mérito de Vítor Pereira. Ele mudou o eixo ofensivo do Flamengo. Na Era Dorival Júnior, o time trabalhava para dar profundidade a Rodinei. Com a saída do lateral-direito e a chegada do lusitano, Ayrton Lucas passou a turbinar jogadas pelas pontas.

 

Em noite iluminada, o jogador de 25 anos revelado pelo Fluminense decidiu a partida. Acertou belo chute cruzado no lance do primeiro gol, deu assistência para Pedro, outra cria de Xerém no segundo, e sofreu a falta responsável pela expulsão do lateral-direito Samuel Xavier.

 

O gol de Pedro é o desfecho de uma trama digna de aplausos. O lance começa com uma cobrança de lateral de Filipe Luís no campo de ataque, passa de pé em pé, inclusive pelo goleiro Santos, e termina no fundo da rede depois de 1 minuto e 7 segundos de posse de bola. Um lance daqueles que só se via nos tempos de Jorge Jesus e do antecessor Dorival Júnior.

 

Depois do jogo, o zagueiro Nino sintetizou a derrota do Fluminense. Disse que o time se sentiu confortável no primeiro tempo e cometeu erro de avaliação. Achou que continuaria assim na etapa final. Só que não. O Flamengo jovem, operário, agressivo na marcação na etapa inicial, virou um time dominante depois dos dois gols com as entradas de Filipe Luís, Everton Ribeiro, Vidal e Gabriel Barbosa. Fernando Diniz não tem um banco de reservas desse quilate.

 

O resultado é ótimo para o Flamengo e péssimo para o Fluminense por uma razão óbvia: ambos estrearão na Libertadores no meio da semana. Vítor Pereira sabe que os comandados dele sofrerão muito com a altitude de Quito (2.650m) contra o Aucas. O tricolor irá ao Peru enfrentar o Sporting Cristal. Os dois confrontos serão na quarta-feira. O Flamengo entrará em campo duas horas e meia antes do adversário e fará viagem mais longa estimada em sete horas. A final não está decidida, mas a vantagem levando-se em conta a agenda pesada anima os rubro-negros. O Fluminense não contará com Samuel Xavier e Fernando Diniz. Ambos farão muita falta.

 

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