Bolsonaro Bolsonaro ganhou os presentes de sempre ao receber o clubes e brincou: "Só não me tragam mais camisas" Bolsonaro ganhou os presentes de sempre e brincou: "Só não me tragam mais camisas"

Vinte horas de pressão: bastidores do ataque dos clubes à Câmara e ao Planalto pela lei do mandante

Publicado em Esporte

Articulada na segunda-feira na reunião dos 40 clubes das séries A e B para criação da Liga Nacional, um Brasileirão sem cordão umbilical com a Confederação Brasileira de Futebol (CBF), a caravana de 15 clubes por Brasília para pressionar o executivo e o legislativo pela aprovação da Lei do Futebol Livre foi considerada nos bastidores uma jogada bem ensaiada para que o Projeto de Lei 2336/21 seja votado rapidamente pelos parlamentares antes mesmo do recesso do Congresso Nacional, de 18 de julho a 2 de agosto.

Em 20 horas, presidentes, dirigentes e representantes de times foram recebidos pelo mandatário da Câmara dos Deputados, Arthur Lira, na noite de quarta-feira; por parlamentares ligados ao esporte em um café da manhã nesta quinta-feira e em um almoço oferecido pelo presidente da República, Jair Bolsonaro, no Palácio do Planalto. Tudo isso em um período turbulento na capital do país, com uma CPI da Covid-19 em ebulição, e o Palácio do Planalto sob suspeita de irregularidades na compra da Covaxin.

A agenda começaria na manhã desta quinta-feira com um café da manhã na residência oficial do presidente da Câmara, Arthur Lira, na Península dos Ministros. Porém, o deputado pediu para cancelar o encontro na casa dele e antecipou o debate para a noite da última quarta-feira com os representantes dos times, o Movimento Futebol Livre, representante de 60 times de diferentes divisões do Brasileirão, e a Associação Nacional de Clubes de Futebol no gabinete da presidência da Câmara dos Deputados.

 

  • Quem participou da caravana
    Série A: Atlético-GO, Athletico-PR, Bahia, Ceará, Flamengo, Fortaleza e Palmeiras.
    Série B: Náutico, Vitória, Cruzeiro, Coritiba, Vila Nova, CSA e Avaí.
    Série C: Paysandu
    Além deles: Liga do Nordeste, Associação Nacional de Clubes e Movimento Futebol Livre

 

No ano passado, Bolsonaro articulou a Medida Provisória 984/2020. O texto, que permitia ao mandante negociar o próprio direito de transmissão, independentemente dos contratos firmados pelo visitante, caducou no Congresso Nacional e ganhou nova versão neste ano. A MP do Mandante virou o Projeto de Lei 2336/21, rebatizado de Lei do do Futebol Livre. Os clubes pressionavam por uma nova MP, mas Arthur Lira venceu a queda de braço e o desejo dos clubes será via PL, mesmo. Motivo: os parlamentares queriam mais protagonismo no debate.

No encontro com Lira, foram estabelecidas prioridades. A principal delas, a Lei do Futebol Livre, antes do recesso do Congresso Nacional. Motivo: as negociações para os direitos de transmissão costumam começar dois anos antes do vencimento dos contratos. Os da Série A expiram em 2024. Os da B, em 2023. Logo, os clubes da segunda divisão, entre eles Botafogo, Cruzeiro e Vasco, são os mais agoniados. Os acordos incluem luvas, os tradicionais sinais milionários que garantem uma espécie de pré-contrato com as tevês interessadas.

“Estive em Brasília com os diretores dos clubes de futebol para tratar do projeto de lei que regulamenta o direito de transmissões de eventos esportivos”, disse Lira nas redes sociais.

Na manhã desta quinta-feira, os clubes partiram para o ataque aos parlamentares em um café da manhã no hotel Meliá, no centro da cidade. Foram recebidos pela presidente da Comissão de Comissão Especial para Modernização da Lei Pelé, deputada Celina Leão (PP-DF), pelo relator, Felipe Carreras (PSB-PE), que também é o comandante da Comissão do Esporte na Câmara, e pelo deputado Julio Cesar Ribeiro (Republicanos-DF), escolhido por Arthur Lira para o papel estratégico de relator da Lei do Futebol Livre.

A conversa com eles e outros deputados influentes na causa do esporte também pediu celeridade na votação e estabeleceu outras cinco prioridades para depois do recesso do Congresso Nacional. Todos eles ligados à atualização da Lei Pelé, em vigor desde 1998. A norma que leva o nome do Rei do Futebol é considerada “analógica” em tempo “digital”.

Do hotel, a romaria dos clubes partiu em direção ao Palácio do Planalto para um almoço com o presidente Jair Bolsonaro. Enquanto a CPI da Covid pegava fogo no Congresso Nacional, o principal articulador da velha MP do Mandante encaixou na agenda a recepção aos clubes. Ganhou mais camisas de clubes para a coleção e disse em tom de brincadeira sobre o próximo retorno dos dirigentes à sede do Executivo:

“Só não me tragam mais camisa, não aguento mais camisa”,disse Bolsonaro em tom de brincadeira na recepção aos clubes.

O presidente convidou para o almoço o ministro da Cidadania, João Roma, o secretário Nacional do Esporte, Marcelo Magalhães, e o secretário do Futebol, Ronaldo Lima. O texto da PL 2336/21 foi confeccionado justamente por eles e debatido com os clubes.

A agenda em Brasília terminou com um tuitaço cobrando celeridade na votação da Lei do Futebol Livre, se possível, antes do recesso deste mês no Congresso Nacional. Aparentemente unidos pela criação da Liga Nacional, os times reivindicam “maior concorrência, mais investimentos e melhor espetáculo para os milhões de torcedores”.

 

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