A expressão correta em latim é “Veni, vidi, vici”. Mas por um dia vale o trocadilho em homenagem ao protagonista do décimo quarto título do Real Madrid na Liga dos Campeões da Europa: “Vini, vidi, vici”. Vim, vi, venci. Vinicius Junior foi para a Europa ouvindo o apelido pejorativo de “Neguebinha” e sai do Stade de France, em Saint-Denis, na França, com status de Neymar. Há sete anos, o menino da Vila Belmiro marcou o gol da conquista do Barcelona contra a Juventus, em Berlim. Neste sábado, a cria do Ninho do Urubu decretou a vitória por 1 x 0 contra o fortíssimo Liverpool. Um jovem de 21 anos crava seu nome na história auxiliado por uma exibição hercúlea do goleiro belga Courtois e consolidada pela linda imagem do capitão Marcelo tornando-se o primeiro brazuca a levantar a Orelhuda. Antes que eu esqueça, que volante é o Casemiro, hein?!
Vinicius Junior consolida uma dinastia. O Real Madrid conquista a Champions League pela quinta vez em nove anos. É muita coisa. A série iniciada sob o comando de Carlo Ancelotti, em 2014, foi consolidada por Zinedine Zidane no tricampeonato de 2016,2017 e 2018 e volta a ser conquistada sob a batuta do italiano que se tornar o maior vencedor do torneio. Referência de Tite, Carleto atinge a marca de quatro títulos continentais. Dois pelo Milan (2003 e 2007) e outros dois pelo próprio Real Madrid nas edições de 2014 e 2022. O cara campeão nacional nas cinco principais ligas do planeta – Alemão, Espanhol, Francês, Inglês e Italiano. Aplausos.
Quem costumava atribuir a coleção de glórias do Real Madrid ao protecionismo da arbitragem e outras conjecturas precisa se render a uma campanha irretocável marcada por viradas épicas contra três favoritos ao título. No mata-mata, eliminou Paris Saint-Germain, o até então campeão vigente Chelsea e o timaço do Manchester City e o extraordinário Liverpool.
Autor do gol do título, Vinicius Junior era questionado até mesmo em sua melhor temporada. Vale lembrar que o presidente Florentino Pérez agitava o mercado antes da decisão tentando realizar o sonho de contratar Kylian Mbappé. Pois Vinicius Junior provou novamente seu valor em Saint-Denis, nas proximidades de Paris, a casa do astro até então pretendido pelo patrão.
Iluminado, Vinicius Junior decidiu a Liga dos Campeões com a frieza do dia em que virou o jogo contra o Emelec, no Equador, com a camisa do Flamengo, pela Libertadores. Estava com moral. O companheiro de ataque Benzema havia avisado ao mundo que seu parceiro já está entre os cinco melhores do mundo. O moleque de São Gonçalo (RJ) mostrou que não eram palavras jogadas ao vento. Benzema joga ao lado de Mbappé na França. Sabe o que está falando.
O dia da glória de Vinicius Junior consolida a mudança de patamar dele não somente no Real Madrid, mas na Seleção Brasileira e diante da crítica mundial. O menino que chegou a ser “esquecido” por Tite em uma das convocações para as Eliminatórias virou titular. Irá ao Mundial do Qatar entre os 11 na Copa que pode significar uma passagem de bastão. Neymar cogitou que pode ser a última participação dele no torneio. Portanto, o Real Madrid, o Brasil e o mundo podem estar começando a viver uma nova era. A era Vinicius Junior.
Encerro parafraseando poema do xará de Vinicius Junior. Um dos trechos do Soneto de Fidelidade, de Vinicius de Moraes, diz assim: “Que Vini não seja imortal, posto que é chama, mas que seja infinito enquanto dure”. Parabéns, menino. Reverência ao Real Madrid, onde joga o novo melhor do mundo: Karim Benzema!
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