A data Fifa conseguiu tirar Jorge Jesus do sério quando Tite convocou Gabriel Barbosa e Rodrigo Caio para os amistosos da Seleção contra Senegal e Nigéria, em Cingapura. O líder do Campeonato Brasileiro não terá duas peças-chave em rodadas importantíssimas da maratona pelo título da Série A. Por outro lado, a data Fifa pode ser considerada aliada do time carioca nas semifinais da Copa Libertadores da América depois do empate por 1 x 1 com o Grêmio na partida de ida na Arena, em Porto Alegre. Afinal, se o calendário permitisse, a Conmebol certamente agendaria o duelo de volta para a próxima quarta-feira. Consequentemente, Jorge Jesus viveria um drama para escalar a equipe.
O Flamengo se impôs em Porto Alegre. Isso é indiscutível. Encurralou o Grêmio dentro de casa. Fez quatro gols para valer um. Chegou a ter 80% da posse de bola no primeiro tempo. Impressionante levando em conta o adversário. Porém, a intensidade do jogo rubro-negro cobra caro. Gerson, Arrascaeta e Filipe Luís são problemas apenas para a sequência do Brasileirão. Poderia ser pior sem a data Fifa. Os tais amistosos impediram a Conmebol de agendar os duelos de ida e volta das semifinais para duas semanas consecutivas — como aliás, deveria ser. Imagina o caos para um Flamengo exausto e com jogadores lesionados. Haveria pouco tempo para recuperar peças tão importantes da engrenagem.
O esgotamento de Gerson é emblemático. O ex-jogador da Fiorentina e da Roma estaria no terceiro mês de temporada no futebol italiano. Praticamente não teve férias quando acertou com o Flamengo. Isso mais a sequência de jogos no auge da temporada brasileira explica um pouquinho o esgotamento físico do importantíssimo trunfo rubro-negro. É o risco assumido ao contratar jogadores no meio da nossa temporada, época em que os reforços estariam desfrutando as férias no Velho Continente.
O Flamengo tem a vantagem do 0 x 0. Impossível imagina que este será o placar da partida de volta no Maracanã. São os dois times mais ofensivos do Brasil. Ao Grêmio, vitória e empate a partir de dois gols interessam. Arrancar resultados fora de casa não chega a ser novidade para o Grêmio na era Renato Gaúcho. O Imortal conquistou o título em 2017 dentro da casa do Lanús. Venceu o River Plate por 1 x 0 no Monumental de Núñez antes de cair em casa na semifinal do ano passado. Avançou às semifinais, em São Paulo, ao derrotar o Palmeiras no Pacaembu.
Quanto aos lances cruciais do jogo, tenho a impressão de que o primeiro gol de Gabriel Barbosa deveria ser validado. Quase impossível cobrar fair play no fim de uma partida semifinal como no lance do gol do Grêmio. Everto Ribeiro vacilou. Deveria ter chutado a bola para fora. Netor Pitana também tinha poder para isso. Estava de frente para o lance. Sem Filipe Luis, a defesa ficou totalmente desarrumada no contra-ataque tricolor. Antes disso tudo, que defesas de Diego Alves na pressão tricolor no início da etapa final.
Gérson foi soberano enquanto teve pernas e saúde parnas. Encontrou espaço para acionar Arrascaeta e ver o uruguaio dar assistência para Bruno Henrique abrir o placar. Tuitei na semana passada que Renato Gaúcho havia recuperado Luan e Diego Tardelli para a série contra o Flamengo. Luan comeu a bola. Tardelli fez o papel de formiguinha. Que espírito de equipe.
O cenário para a partida de volta no Maracanã lembra um pouquinho a final da Copa do Brasil de 1997 entre Grêmio e Flamengo. O time rubro-negro arrancou empate por 0 x 0 no Olímpico. Na volta, amargou empate por 2 x 2 — placar que interessa ao Grêmio na partida de volta marcada para 23 de outubro. Tempo suficiente para Grêmio e Flamengo chegarem 100% ao duelo que promete ser muito mais aberto.
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