O controverso ex-presidente do Vasco Eurico Miranda dizia que o Clássico dos Milhões é um campeonato à parte. Portanto, o time cruzmaltino conquistou merecidamente o primeiro título do ano com um belíssimo gol do lateral-direito uruguaio Pumita Rodriguez depois de uma sucessão de erros corriqueiros no posicionamento defensivo rubro-negro. O zagueiro Fabrício Bruno desvia a bola para o meio da área, Éverton Cebolinha não acompanha Pumita na marcação e o goleiro Santos aceita a finalização de muito longe. Tenho a impressão de que a linda e irretocável finalização de primeira era defensável.
Enquanto Maurício Barbieri dava mais um grande passo para devolver autoestima a uma torcida cansada da rotina de vexames como a do Vasco, o português Vítor Pereira fortalecia o movimento das duas maiores torcidas do país contra si. Os corintianos se divertem no camarote com a péssima fase de quem considera ter traído o clube. Os flamenguistas querem vê-lo pelas costas. Houve quem torcesse contra a fim de ver a queda do lusitano.
O Vasco não venceu o Flamengo por acaso. Embora seja um trabalho em confecção, o “alfaiate” Maurício Barbieri conseguiu costurar uma roupa arrumadinha para a noite de gala no Maracanã. Havia sido assim também nos clássicos contra Fluminense e Botafogo nesta Taça Guanabara. O Vasco estava bem vestido. Jogou bem e perdeu para o Fluminense. Exibiu futebol razoável diante do Botafogo e conquistou os três pontos.
A partida deste domingo deixou recado para os dois times. Maurício Barbieri precisa rever a escolha do primeiro cobrador de pênaltis do time. Ao que parece, esse cara não deveria ser Pedro Raul. O centroavante desperdiçou um pênalti no instante em que poderia fazer 2 x 0 e resolver o clássico. Deu oportunidade ao Flamengo de frustrar a vitória cruzmaltina. O treinador também deve rever a utilização de Nenê. O meia-atacante entrou em campo aos 31 minutos do segundo tempo no lugar de Alex Teixeira, mas estava em outra rotação.
O Flamengo precisa atentar para um detalhe. A escalação inicial escolhida pelo técnico Vítor Pereira tinha média de idade de 29,9 anos. Maurício Barbieri mandou a campo uma formação quatro anos mais jovem. O resultado foi a queda de rendimento rubro-negra na etapa final. Isso tem sido recorrente nesta temporada. Os titulares aparentam estar fora de forma e precisam de condicionamento sob pena de o Flamengo amargar o terceiro vice em pouco mais de dois meses de temporada. Poderiam ser quatro, mas o campeão da Libertadores conseguiu a proeza de cair na semifinal do Mundial de Clubes contra o Al-Hilal.
A equipe rubro-negra perdeu a chance de conquistar antecipadamente o título simbólico da Taça Guanabara. Isso transformaria o clássico desta quarta-feira contra o Fluminense em um mero amistoso. Só que não. A derrota para o Vasco deu ao jogo status de final. O Flamengo tem a vantagem do empate contra o arquirrival que mais o incomoda. O tricolor impediu o tetra consecutivo do Flamengo na temporada passada. Vítor Pereira amargou o terceiro lugar no Mundial, vices na Supercopa do Brasil e na Recopa Sul-Americana e não seria absurdo perder para o Fluminense. A situação de Vítor Pereira ficaria insustentável.
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