Mancini O coordenador técnico Vágner Mancini é o técnico interino até a chegada de Cuca. Foto: Divulgação/SPFC O coordenador técnico Vágner Mancini é o técnico interino até a chegada de Cuca.

São Paulo, Vágner Mancini e a crise de identidade dos técnicos-dirigentes no confuso futebol brasileiro

Publicado em Esporte

Novo comandante interino do São Paulo, Vágner Mancini faz parte de uma turma de técnicos que vive uma certa crise de identidade. Uma hora são treinadores. Em outra, assumem o papel de dirigentes, ocupam cargos administrativos. Entretanto, ficam com a prancheta dentro da mochila para entrar em ação e gerenciar crises dentro das quatro linhas.

Falo de Vágner Mancini, mas também de Alexandre Gallo, Paulo César Carpegiani, Paulo Autuori, Paulo César Gusmão, Ricardo Gomes. Vamos a um exemplo prático: Paulo Autuori anunciou a aposentadoria em 2016. Virou gestor técnico do Atlético-PR. Na sequência, assumiu o cargo de diretor de futebol do Fluminense. Arrependido, deixou o tricolor e assumiu o papel de técnico do Ludogorets, da Bulgária. Atualmente, é o treinador do Atlético Nacional, da Colômbia. Mas ele não havia se aposentado pra virar dirigente? Tantas reviravoltas em apenas três anos…

De volta à profissão de técnico, Vágner Mancini esclareceu que não mudou de planos. Alega que o momento difícil do São Paulo o obrigou a voltar a escalar equipes. “Não houve mudança de ideia: sou coordenador técnico e estou fechado para o mercado. Eu realmente afirmei que, em hipótese alguma, assumiria o São Paulo. Mas o fato de termos tido uma reunião, e entendido que eu não poderia de maneira alguma dizer não ao clube, aceitei para viabilizar a vinda do Cuca”, disse o integrante da comissão técnica. Ele até começou a trocar ideias com Cuca.

Apesar da dupla face, Vágner Mancini é muito mais técnico do que cartola. O São Paulo é o sexto clube tradicional no currículo do ex-volante de 52 anos. Isso mesmo: ele comandou seis dos 12 principais clubes do país. Antes de topar fazer a transição de André Jardine para Cuca, passou como técnico por Grêmio, Santos, Vasco, Cruzeiro e Botafogo. Porém, jamais conquistou título à frente dessas camisas pesadas do futebol brasileiro.

Vágner Mancini se consolidou como técnico de clubes medianos. Levou o Paulista ao título da Copa do Brasil em 2005. Faturou o Campeonato Baiano no Vitória em 2008 e 2016. Um Cearense em 2011 e um Catarinense em 2017. É muito pouco para assumir um boeing tricolor em turbulência.

O melhor trabalho de Vágner Mancini no Campeonato Brasileiro aconteceu em 2013. Faz tempo! O Atlético-PR terminou em terceiro lugar, atrás apenas do campeão Cruzeiro e do vice, Grêmio. Antes, ele havia perdido o título da Copa do Brasil para o Flamengo. Essas são as melhor recordações recentes.

Vágner Mancini é lembrado muito mais pela coleção de rebaixamentos. Caiu cinco vezes na era dos pontos corridos. Foi para a Série B com Vitória (2018), Botafogo (2014), Sport (2012), Ceará (2011) e Guarani (2010). Antônio Lopes, Lori Sandri e Toninho Cecílio também acumulam cinco descensos. À frente deles, apenas os recordistas Adílson Batista, Gilson Kleina e Hélio dos Anjos. Cada um amargou seis quedas para a segunda divisão.

Vágner Mancini é um técnico de títulos estaduais. Se souber organizar o time minimamente e conseguir ser competitivo contra Corinthians, Palmeiras e Santos poderá ser lembrado como o cara que encerrou o jejum de 14 anos do São Paulo sem o título paulista. É muito tempo. A última conquista aconteceu em 2005. O técnico era Emerson Leão. Na época, Vágner Mancini conduzia o modesto Paulista ao título da Copa do Brasil contra o Fluminense.

Em tempos de crise de identidade no confuso futebol brasileiro, Vágner Mancini é mais um técnico-dirigente de plantão. Os menos pessimistas dirão que, hoje em dia, é necessário jogar em todas as posições. No caso específico do São Paulo prefiro chamar de falta de organização mesmo…

 

Siga o blogueiro no Twitter: @mplimaDF