O sistema de jogo com três zagueiros foi símbolo de duas das três conquistas consecutivas do São Paulo no Campeonato Brasileiro na era dos pontos corridos. As três torres eram Breno, André Dias e Miranda em 2007. No ano seguinte, Rodrigo, André Dias e Miranda. Muricy Ramalho, hoje coordenador técnico do time tricolor, foi o mentor do plano para favorecer os armadores Hernanes e Jorge Wagner em uma temporada, e Hernandes e Hugo na outra. A pergunta é: até que ponto o mestre influenciou o candidato a discípulo ameaçado de demissão a recorrer a um mantra do passado para vencer o Cobresal no presente, no MorumBis, pela segunda rodada da fase de grupos do torneio? (assista aos melhores momentos no fim deste post)
Não creio na intromissão de Muricy Ramalho. Não aceitaria o bedelho de ninguém no trabalho dele. Parto do princípio de que também não faria isso com Carpini. Embora seja jovem, o técnico de 39 anos tem o sistema 3-5-2 e as variáveis do modelo no repertório.
No ano passado, Carpini usou uma vez na vitória do Juventude contra o Mirassol pela 25ª rodada da Série B do Brasileiro. Venceu por 1 x 0 no 3-4-3. Investiu na linha com três defensores no Água Santa na campanha do vice no Campeonato Paulista. Elimina o São Paulo de Rogério Ceni nas quartas de final de 2023 nos pênaltis configurado no 3-1-4-2.
Carpini usou três zagueiros três vezes desde que assumiu o São Paulo. Duas no Estadual contra Mirassol (1 x 1) e Palmeiras (1 x 1). Agora, diante do Cobresal na Libertadores. A diferença é a seguinte: James Rodriguez só foi utilizado nesse modelo tático contra o time chileno. Em tese, o sistema sai da gaveta em nome do conforto do meia colombiano. Como diriam os três mosqueteiros, “mm por todos e todos por um (James)”.
O São Paulo usou pelo menos cinco peças fazendo o serviço sujo: os três zagueiros Ferraresi, Arboleda e Diego Costa; além dos volantes Alisson e Pablo Maia. Esse quinteto formou um bloco muito baixo e deu pouco opção ofensivamente ao meia James, aos alas Igor Vinícius e Michel Araújo, e à dupla de ataque formada por Luciano e Calleri. Faltava dinâmica ao sistema tático 3-4-1-2. Isso demanda tempo. Pode funcionar? Sim!
A vitória sai devido a algumas transformações. A entrada de Galoppo no lugar de Pablo Maia aumenta a força ofensiva. A troca de André Silva por Luciano, que recuava para fazer um par de meias com James, aumentou a presença tricolor dentro da área. O atacante recém-contratado e Calleri sufocam os zagueiros do Cobresal e aproveitam dois lances para aliviar a tensão de 49.502 torcedores no MorumBis.
Deu certo? Do ponto de vista do resultado, sim. No que diz respeito ao desempenho, não. O São Paulo cumpriu o plano do início ao fim. Sofreu para derrotar o Cobresal por 2 x 0 com gols de André Silva e de Calleri na etapa final, porém agradou pouco. Carpini defendeu a necessidade de repetição da formação e do sistema na entrevista pós-jogo. A questão, agora, é tempo e paciência. A diretoria e a torcida suportam esperar a evolução?
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