Falamos com Reinaldo Rueda em Moscou: filho com a camisa do Flamengo, simplicidade no metrô, almoço em família e discrição no jogo do Brasil

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De dentro de um vagão, o atento amigo rubro-negro Bernardo Brandão me avisa antes do jogo entre Sérvia e Brasil, em Moscou: “Marcão, o Reinaldo Rueda está aqui dentro do metrô, a caminho do estádio”. Imediatamente, entrei em contato com o técnico do Chile, ex-Flamengo.
Via WhatsApp, Rueda confirmou que estava aqui em Moscou. Desceu antes do Spartak Stadium. Acompanhado da família — o filho Juan David vestia uma camisa branca do Flamengo —, passou no hotel para almoçar. Contou que assistiria in loco ao jogo da Seleção à noite. E prometeu falar um pouquinho comigo sobre Copa do Mundo antes do embarque para a Alemanha, de onde retornou, ontem, ao Chile.

Prometeu e cumpriu. “Jogos muito fechados, com transições rápidas, muita bola parada, gols de escanteio, direto ou em rebotes a partir da segunda bola. Devemos esperar o fim do torneio para apontar uma tendência”, comentou Rueda, que não quis falar sobre o Flamengo, líder do Campeonato Brasileiro, nem sobre a Seleção de Tite.

Estudioso, Rueda ficou na Rússia durante a primeira fase. Não sem antes se reciclar na fonte preferida: o futebol alemão. Tanto que regressou ao Chile de lá. Informalmente, o treinador contou que gostou muito da Croácia na primeira fase e do México, do compatriota dele Juan Carlos Osorio, mas evitou se aprofundar.

Aos 61 anos, Reinaldo Rueda pode ter defeitos, como a forma que conduziu a saída do Flamengo. Foi muito mal. Mas não tem preguiça de se reciclar, aprender, ver a olho nu, como diz ele, as tendências.

“Jogos muito fechados, com transições rápidas, muita bola parada, gols de escanteio, direto ou em rebotes a partir da segunda bola. Devemos esperar o fim do torneio para apontar uma tendência”

Aqui na Rússia, encontrei Cuca e Muricy Ramalho trabalhando, no papel de comentaristas. Mas onde estão os outros? Por que não estão aqui se reciclando? Duas semaninhas aprendendo com a fase de grupos não faz mal a ninguém.

A rotina de ir aos estádios é pesada para o sessentão Rueda. Tanto que ele assume que viu alguns jogos do hotel, mesmo, pela tevê. Focou em partidas mais relevantes, como Sérvia e Brasil, por exemplo.

Levou as anotações de volta para Santiago. Afinal, no ano que vem, o Chile, atual bicampeão da Copa América, defenderá o título aí no Brasil.

Rueda sabe que um novo fracasso em uma competição continental, como a herança maldita deixada por Juan Antonio Pizzi, que não classificou o país para a Copa da Rússia, pode custar o emprego do ex-treinador do Flamengo. Embora ele esteja resolvido na vida financeira, dar um F5 na vida profissional é sempre uma boa saída quando não se tem preguiça.

Marcos Paulo Lima

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