Um bate-papo com o técnico do Equador, Gustavo Quinteros, adversário do Brasil nesta quinta

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Ele tem fama de estraga prazer. Na Copa América de 2011, comandava a Bolívia quando arrancou um empate por 1 x 1 com a Argentina no Estádio Único de La Plata na abertura da competição. Nestas Eliminatórias, aprontou de novo em uma partida contra o país em que nasceu ao levar o Equador à vitória dentro do Estádio Monumental de Núñez, em Buenos Aires, por 2 x 0, na primeira das 18 rodadas da maratona rumo à Copa da Russia-2018. Na sequência, o técnico Gustavo Quinteros derrotou outro campeão mundial — o Uruguai, em casa, por 2 x 1. A próxima vítima pode ser o Brasil, nesta quinta, às 18h (de Brasília).

Vencer o Brasil não seria novidade na carreira de Gustavo Quinteros. Nas Eliminatórias para a Copa do Mundo de 1994, ele era titular da Bolívia na vitória por 2 x 0 na altitude de La Paz. O camisa 1 da Seleção na primeira derrota do país na história das Eliminatórias era Taffarel, hoje preparador de goleiro do técnico estreante Tite. Na entrevista a seguir ao blog por telefone, nesta quarta-feira, Gustavo Quinteros diz o que espera do novo Brasil dois meses depois de empatar por 0 x 0 no Rose Bowl, em Los Angeles, com um time que era comandado por Dunga. Quinteros deixa escapar mais de uma vez que estudou bastante o Corinthians de Tite, diz até em qual sistema tático espera o Brasil, elogia os campeões olímpicos e surpreende ao dizer que a altitude de 2.850m de Quito é um adversário também para o Equador.

O que você espera da nova Seleção Brasileira, agora com Tite no lugar do Dunga?

Vai ser um pouco difícil, já que um novo técnico assumiu o Brasil. Ele teve pouco tempo para treinar, mas conhece a maioria dos jogadores que convocou. Tite fez boas escolhas e isso vai ajuda-lo bastante. Além dos jogadores que atuaram com ele no Corinthians e no Internacional, ele tem excelentes jogadores. Por isso, eu digo que vai ser muito difícil vencer o Brasil.

Quais são as diferenças entre Tite e Dunga?

Creio que a principal seja a organização. É o que mostrou o Corinthians. Tite é um bom treinador, coleciona muitos títulos e com o passar do tempo vai formar uma grande Seleção Brasileira, eu não tenho dúvida quanto a isso.

Você lembra se já enfrentou o Tite alguma vez como jogador ou técnico?

Eu nunca enfrentei Tite na minha carreira. Ao menos, não me recordo…

Como espera o Brasil taticamente?

O sistema tático que ele sempre aplicou no Corinthians foi com quatro defensores, dois volantes, três meias ofensivos, dois pelas pontas, um pelo meio e um centroavante. Contra o Equador, talvez, ele utilize um 4-3-3m ou 4-1-4-1, que é um sistema parecido.

O Brasil tem seis jogadores que conquistaram a medalha de ouro nos Jogos Olímpicos do Rio-2016. Até que ponto isso é uma vantagem para o Brasil e uma desvantagem para você?

Tite convocou vários jogadores que ganharam a medalha de ouro no Rio nos Jogos Olímpicos. Eu creio que quatro devem ser titulares (Marquinhos, Renato Augusto, Neymar e Gabriel Jesus). Eles se conhecem, são bons jogadores, vieram ao Equador motivados pela conquista, pela convocação para a seleção principal. Eles jogaram juntos e se conhecem muito bem.

A pressão da torcida e altitude são seu 12º e 13º jogadores?

Jogar a 2.850m é uma adversidade a mais a superar tanto para o Equador quanto para o Brasil. É sempre um pouco mais difícil atuar nessa situação. Falam que o prejuízo maior é para o Brasil, mas o Equador tem poucos jogadores que estão atuando na altitude. No máximo um, dois ou três. Portanto, não há vantagem. Muitos viveram aqui (em Quito), mas tivemos um êxodo de jogadores para a Europa e a América e muitos deles não jogam mais aqui. Todos nós teremos que fazer um grande esforço para vencer o Brasil e deixar a nossa torcida satisfeita.

O Brasil se apresentou em Quito, principalmente, para se adaptar à velocidade da bola. Foi uma decisão importante da Seleção?

É importante se adaptar à velocidade da bola, sobretudo o goleiro às bolas aéreas, aos chutes de fora da área ao gol. Nesse sentido, nós estamos mais acostumados. Para quem treina há pouco tempo aqui é complicado, demora um pouco mais. Cientificamente, em termos físicos, é sempre melhor chega a Quito no dia da partida.

Neymar é a sua maior dor de cabeça?

Neymar não é ainda o melhor jogador do mundo, mas, para o Brasil, tem sido determinante. Foi decisivo nas fases principais dos Jogos Olímpicos e com certeza vai ser o melhor nos próximos anos. Quando o Brasil tiver um time muito competitivo, capaz de ganhar uma Copa do Mundo, seguramente Neymar vai ser a figura máxima dessa equipe. Falta ao Brasil um time capaz de fazer com que Neymar se sobressaia.

Pode escalar o Equador?

Só vou decidir o time no dia do jogo. Estou em dúvida se utilizo Enner Valencia pela direita ou Ibarra ou Fidel Martínez. Eu tenho três opções para suprir a ausência de Antonio Valencia, mas é segredo.

É muita responsabilidade para você defender uma invencibilidade de 33 anos?

O Brasil não vence o Equador há 33 anos em Quito, mas jogar contra o Brasil é muito complicado para o Equador e qualquer outra seleção. Quando o Brasil está 100% é muito difícil batê-lo. Temos que jogar o nosso máximo. Não deixar de pressionar, de marcar, tratar de ir para cima do rival desde o início da partida. Temos que nos comportar em alto nível durante os 90 minutos para sair com a vitória.

Marcos Paulo Lima

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