Um bate-papo com Cuca, técnico do Palmeiras

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Alexi Stival, o Cuca, faz aniversário nesta terça-feira. A lista de presentes é grande. Em uma entrevista descontraída ao blog depois do jantar de ontem no hotel em que o Palmeiras está concentrado para a partida de hoje, às 16h, contra o Flamengo, no Mané Garrincha, pela sexta rodada do Campeonato Brasileiro, o técnico alviverde repetiu várias vezes a seguinte um mantra: “Se Deus quiser, nós vamos sair com a primeira vitória fora de casa”. Técnico do Gama em 2002, Cuca lembra em alto astral da passagem pelo clube candango. Supersticioso, se diverte com a lembrança de que, naquela época, já pedia ao motorista do ônibus do Gama para evitar sair de ré. Jura que é folclore. Sem cerimônia, faz um paralelo entre Neymar e Gabriel Jesus e fala muito bem do adversário de hoje. “Eu tenho o Flamengo guardado na minha lembrança para sempre porque foi onde eu tive o meu primeiro título”. Mas o desejo, hoje, é de dar o troco. Na última passagem pelo novo Mané Garrincha, em 2013, o então técnico do Atlético-MG foi goleado por 3 x 0 pelo rubro-negro. Mas ele tem uma explicação para o vexame…

Você faz 53 anos na terça-feira. Qual é o presente que pediu a Papai do Céu: o título brasileiro? Uma chance na Seleção Brasileira?

O presente que eu peço é ter saúde para exercer a minha profissão com prazer. A Seleção é sempre um pensamento. Se um dia vier, vai ser com uma sequência de bons trabalhos. Não tenho isso como uma obsessão, não, é uma coisa que pode acontecer naturalmente.

Há 14 anos, você chegava a Brasília para uma outra missão alviverde: comandar o Gama. Quais são as lembranças daquele período?

Foi um período muito curto. Eu vivi a Copa do Mundo de 2002 na cidade do Gama. Fiquei só no Campeonato Candango. Perdemos o hexagonal final para o CFZ, mas foi uma passagem que deu para conhecer bem a cidade e o clube.

Na época, você foi contratado para comandar o Gama no Campeonato Brasileiro, mas contrataram outro treinador nas suas costas. Foi uma frustração?

São coisas do futebol… Essas coisas infelizmente acontecem. Eu me lembro que, naquele ano, o presidente era o Wagner (Marques), mas preferiram contratar outro treinador (Hélio dos Anjos). Pra mim, a vida seguiu naturalmente.

“Há 10 anos o Palmeiras não vem a Brasília e vamos fazer de tudo. Jogar com sacrifício, com alma, com entrega, com luta para, se Deus quiser, conseguirmos a primeira vitória fora”

O que a passagem pelo Gama o ensinou?

Embora tenha sido uma passagem pequena, o bom convívio com todos. Edvan Aires era um bom diretor, eu gostava muito dele, estava sempre comigo. Não sei como ele está hoje. Deu para fazer grandes amizades.

Seu João, motorista do ônibus do Gama, diz que, naquela época, você já pedia para ele não sair de ré. É isso mesmo?

Isso é mais folclore, né, mais brincadeira da turma comigo. Eu me divirto com isso também.

Você lembra do seu João?

Eu lembro. Um dia, a torcida do Gama estava brava comigo e ele abriu o portão para eu falar com a torcida e voou logo uma bicicleta para dentro em cima de nós. Pergunta se o seu João lembra disso também (risos).

Na sua última partida contra o Flamengo no Mané Garrincha, o Atlético-MG perdeu por 3 x 0, quatro dias depois do título da Libertadores. A história vai ser outra pelo Palmeiras?

Não viemos para aquela partida com espírito de jogo, de Campeonato Brasileiro. A gente estava ainda voando, nas nuvens em cima da conquista que tivemos (na Libertadores). Foi uma derrota ruim naquela partida, eu lembro. Hoje, é um jogo decisivo, o quarto contra o quinto, quem ganhar se aproxima muito da liderança. E nós precisamos ter uma primeira vitória fora de casa. Vamos jogar com humildade, respeitando o adversário, e seu Deus quiser vamos sair de campo com a vitória.

“Um dia, a torcida do Gama estava brava comigo e ele (seu João, motorista do ônibus do Gama na época) abriu o portão para eu falar com a torcida e voou logo uma bicicleta para dentro em cima de nós”

Você foi campeão carioca e fez parte da campanha do título brasileiro do Flamengo em 2009. Como é a sua relação com o clube?

Eu não tenho mais amizade com ninguém lá dentro do clube. Naquela época, o diretor de futebol era o Kleber Leite e quem me levou para o Flamengo não está mais lá, não tem mais ninguém. Os anos passam e a gente vai se afastando dos clubes. Eu tenho o Flamengo guardado na minha lembrança para sempre porque foi onde eu tive o meu primeiro título.

Flamengo em quarto e Palmeiras em quinto. Qual é a sua expectativa para esse clássico?

Um jogão. Espero que seja assim, com as duas equipes propondo bem o jogo, campo cheio, duas grandes torcidas e seu Deus quiser vamos conseguir a nossa primeira vitória fora.

“Eu tenho o Flamengo guardado na minha lembrança para sempre porque foi onde eu tive o meu primeiro título”

Você trabalhou com duas das maiores joias recentes do futebol brasileiro: Neymar, no Santos, e Gabriel Jesus, no Palmeiras. O Gabriel tem potencial para ser o próximo Neymar?

São características um pouco diferentes. O Gabriel tem muita força, muita explosão, é um jogador de mais objetividade ao gol em relação ao que o Neymar é. O Neymar tem um estilo plástico, mais técnico, com mais habilidade digamos assim. Mas o Gabriel Jesus vai ser um excelente jogador. Hoje, ele é um ótimo jogador. Com o passar do tempo, o aprendizado natural, ele vai servir muito bem à Seleção.

“O Gabriel Jesus vai ser um excelente jogador. Hoje, ele é um ótimo jogador. Com o passar do tempo, o aprendizado natural, ele vai servir muito bem à Seleção”

Qual é a mensagem para a torcida do Palmeiras que vai ao Mané Garrincha amanhã?

Que ela entenda que são duas equipes fortes e só uma delas pode ganhar, a menos que seja empate. Há 10 anos o Palmeiras não vem a Brasília e vamos fazer de tudo. Jogar com sacrifício, com alma, com entrega, com luta para, se Deus quiser, conseguirmos a primeira vitória fora.

Marcos Paulo Lima

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