Ele nasceu em Ceilândia, passou pelo Paranoá, foi formado nas divisões de base do Gama, teve uma saída conturbada do alviverde após a eliminação do time da Copa do Brasil diante do Santos — com direito a boletim de ocorrência e batalha jurídica — ganhou segundos de fama no início do ano, no Fantástico, ao protagonizar uma lambreta com a camisa do Paraná Clube contra o Foz do Iguaçu no Estadual, e de repente sumiu. Apelidado de “Gabriel Jesus” pelos colegas, o atacante Ítalo Barbosa de Andrade, 19 anos, está relacionado para o duelo de hoje contra o Flamengo, no Estádio Kleber Andrade, em Cariacica (ES), pelas quartas de final da Primeira Liga. Ele tem um gol no torneio no triunfo por 2 x 0 sobre o Avaí, em 25 de janeiro.
“Eu tive uma lesão no menisco e fiquei três meses sem jogar. Vamos ver se volto agora, depende do professor (Luiz Carlos Cirne, o Lisca)”, comentou Ítalo por telefone ao blog. A tendência é que ele seja opção no banco de reservas. O jogador tem dois gols em 14 partidas no ano. Entrou em campo quatro vezes na Copa do Brasil, sete no Paranaense e três na Primeira Liga. No entanto, não joga desde 19 de abril, quando o Paraná eliminou o Vitória da Copa do Brasil e avançou às oitavas de final.
Ítalo e o Gama travam uma batalha jurídica que se arrasta desde 23 de agosto de 2016. O processo voltou às mãos da ministra Maria Helena Mallman em 24 de maio e aguarda o despacho. Depois da eliminação do Gama da Copa do Brasil, Ítalo teria desaparecido. O clube chegou a registrar o Boletim de Ocorrência 4.800/2016 na 20ª Delegacia de Polícia do Gama. A entidade havia encaminhado a cessão de Ítalo ao Atlético-PR. O Furacão pagaria R$ 300 mil pelo empréstimo do atacante até julho deste ano. Se optasse pela permanência, o alviverde receberia mais R$ 100 mil e ficaria com 30% dos direitos econômicos em uma venda futura.
Paralelamente, representantes do jogador pediram a rescisão indireta do contrato com o Gama alegando atraso salarial e falta de recolhimento de INSS e FGTS. Era o início da batalha jurídica que se arrasta no Tribunal Superior do Trabalho. Há um ano, em 26 de agosto de 2016, a ministra Maria Helena Mallman deferiu liminar em habeas corpus impetrada pelo jogador e o liberou para participar de jogos e treinamentos em qualquer clube. No despacho, ela chegou a comparar o caso ao do meia Oscar na guerra jurídica entre Internacional e São Paulo. Ítalo foi levado para o Guarani e começou a temporada de 2017 no Paraná, onde continua. Presidente do Gama à época, Antônio Alves do Nascimento Neto, o Tonhão, acusou empresários de iludirem os pais, prometerem mundos e fundos para o jogador e indispor o atleta com o clube.
Em 24 de fevereiro deste ano, a juíza titular da Vara de Justiça Trabalhista do Gama, Tamara Gil Kemp, decidiu que Ítalo tem o direito de assinar contrato com o clube que quiser pelo fato de o Gama só ter depositado INSS e FGTS após o início do processo judicial. No despacho, escreveu que, além de pagar as custas do processo, no valor de R$ 300, o Gama ainda deve ao jogador R$ 12.186,66 referente a salários de 1º de setembro de 2016 a dezembro de 2017 (fim do contrato), e o recolhimento do FGTS do período.
O Gama não se dá por vencido e apresentou recurso. Representado pelo advogado e conselheiro do clube Arggeu Breda, o alviverde espera receber no mínimo a multa rescisória no valor de R$ 1 milhão. “Entramos com recurso no Tribunal Superior do Trabalho e estamos aguardando o julgamento. Foi uma rapidez violenta para tirar o menino daqui “, disse ao blog o ex-presidente do Gama Antônio Alves do Nascimento Neto, o Tonhão, mandatário do clube à época.
Ítalo foge de dividida com o clube que o projetou. “Sou muito grato ao Gama, foi um clube que abriu as portas para mim, onde virei profissional e tive oportunidade”, disse.