O roteiro é antigo, mas o filme é o mesmo. Dias depois de festejar o título do Campeonato Carioca, o Flamengo precisa exorcizar seus fantasmas na Copa Libertadores da América. As exibições do time no torneio continental depois da ressaca das comemorações do Estadual costumam ser frustrantes para a torcida. São três eliminações neste século após a conquista da hegemonia local. Foi assim em 2007, 2008 e 2017.
O Flamengo faturou o Carioca de 2007 em 6 de maio contra o Botafogo. Três dias depois, entrava em campo obrigado a derrotar o Defensor do Uruguai por três gols de diferença para avançar às quartas de final. A equipe comandada por Ney Franco venceu por 2 x 0 no Maracanã. O palco da festa da volta olímpica de três dias antes virou cenário do vexame.
O clube rubro-negro faturou o bicampeonato carioca em 2008 novamente em uma decisão contra o Botafogo. Levantou a taça em 4 de maio, um domingo. Na quarta-feira, ou seja, três dias após a conquista doméstica, o Flamengo poderia perder por dois gols de diferença para o América do México. Porém, viu o paraguaio Cabañas comandar o triunfo por 3 x 0 e calar o Maracanã. Antes da partida e volta pelas oitavas de final, a diretoria fez até homenagens a Joel Santana. O treinador se despedia do clube. Estava de mudança para assumir a seleção da África do Sul.
O intervalo entre a conquista do Carioca de 2017 sobre o Fluminense e o duelo decisivo contra o San Lorenzo pela última rodada da fase de grupos da Libertadores foi bem maior: 10 dias. Insuficiente para o campeão estadual curar a ressaca e avançar às oitavas de final. Tomou a virada na Argentina e deu adeus precocemente à competição continental.
A trupe de Abel Braga voltará a campo nesta quarta-feira, ou seja, três dias depois da conquista do 35º título estadual. A partida contra a LDU na altitude de 2.850m de Quito, no Equador, não chega a ser um drama, mas pode virar. Líder do Grupo D nos critérios de desempate ao lado do Peñarol, com nove pontos, o Flamengo precisa de um ponto fora de casa contra LDU ou Peñarol para avançar às oitavas. Na pior das hipóteses, ou seja, no caso de derrota, poderá dar a última cartada — arriscada, diga-se de passagem —, na última rodada, em Montevidéu.