Parafraseando Lulu Santos, todo mundo espera alguma coisa de um sábado à noite de Fla-Flu decidindo o título carioca. Tudo, menos o que foi esse empate por 1 x 1, no Maracanã. Minha expectativa era maior. Aumentou quando saiu a escalação. Rogério Ceni e Roger Machado esqueceram os compromissos da Libertadores contra LDU e Junior Barranquilla, respectivamente, e escalaram o que tinham de melhor.
Em vez de oferecerem um jogo inteligente, os dois times preferiram o excesso de contato físico, reclamações, provocações, faltas e um futebol preguiçoso, com um lampejo aqui outro ali de talento, criatividade, qualidade no espetáculo. Os jogadores pareciam dispersos. Prova disso foi o pênalti cometido pelo Flu no volante Gerson. Até o árbitro parecia no mundo da lua. Foi incapaz de enxergar falta dentro da área. Precisou do auxílio do VAR.
Gabriel Barbosa, Gabigol ou Gabi, como queira, fez o de sempre: bateu o pênalti com categoria e abriu o placar. A partir dali achei que o Flamengo calçou salto alto. Abusou dos toquinhos, charminhos, dos desperdícios de gols e, principalmente, de abrir certa vantagem diante de um Fluminense um tanto assustado, que abriu mão da posse de bola para sofrer à espera do contra-ataque. No entanto, o domínio rubro-negro conseguir tirar Nenê e Fred do jogo por muito tempo. Enquanto isso, Gerson tomava conta do pedaço e dava cadência ao confronto.
Gabigol é impecável nas cobranças de pênaltis, mas não pode perder oportunidades como aquela na cara de Marcos Felipe. O menino Kayky e o centroavante Fred também cometeram pecados capitais no primeiro tempo. Bruno Henrique também vacilou, assim como Luiz Henrique na jogada em que poderia ter virado o placar do clássico.
Quando o gongo soou para o intervalo, Roger transformou o Fluminense em um time mais competitivo e passou a explorar o que o Flamengo tem de pior: o posicionamento nas bolas aéreas. Assim, Egídio achou Luiz Henrique na área, que desviou de cabeça para o uruguaio Abel Hernandez empatar o duelo. Por sinal, inaceitável o Fluminense fazer tabela pelo alto dentro da área rubro-negra. Detalhe: o centroavante Pedro, repito, Pedro era quem estava sozinho contra três jogadores tricolores. Acrescento a indecisão do goleiro Gabriel Batista. Bola na pequena área deveria ser dele, mas o goleiro não parte atrás dela.
Tenho dito aqui no blog que o Fluminense é um dos adversários que mais incomoda o atual Flamengo. Não mais que o São Paulo, por exemplo. Mas é o time que faz jogos dutos até mesmo ameaça conquistas rubro-negras. Foi assim na decisão do Carioca passado, ainda na era Jorge Jesus, no duelo contra a equipe de Domenèc Torrent e naquela virada por 2 x 1 no último minuto contra a equipe liderada por Rogério Ceni no no Brasileirão, quando Arrascaeta saiu de campo compondo marimbondos com críticas ao time.
O Flu pode, sim, derrotar o Flamengo. Por sinal, vale lembrar, não perdeu para o rival nos últimos três clássicos. O tricolor só precisa depender menos dos milagres do goleiro Marcos Felipe, escolher uma opção entre Nenê e Fred para permanecer no time titular e tratar a bola com mais carinho e menos ansiedade, agonia, pressa para definir os lances. Do contrário, o Flamengo dominará a próxima partida, como neste sábado. Quem conquistará o título? Não tenho bola de cristal.
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