A escalação do Flamengo alternativo com quatro zagueiros em tempos de arrastão de cinco jogadores convocados para a Copa América surpreende quem talvez desconheça a biografia tática de Adenor Leonardo Bachi. Tite usou esse plano na passagem pelo Internacional em 2008. Mais do que isso: levou o Colorado ao título da Copa Sul-Americana jogando assim.
Há 15 anos, Tite ousou na passagem pelo Internacional. Estancou um momento turbulento recorrendo a um plano adotado desde a temporada passada por Pep Guardiola no Manchester City.
O Internacional de 2008 passou a jogar com uma linha de quatro zagueiros-zagueiros: Bolívar, Índio, Álvaro e Marcão. À frente deles, Edinho, Magrão e Guiñazu reforçavam a consistência defensiva para D’Alessandro, Alex e Nilmar decidirem na frente. O Inter conquistou a Copa Sul-Americana desse jetinho. Eliminou o Boca Juniors em La Bombonera, passou pelo Chivas e superou o Estudiantes na finalíssima do torneio continental.
Uma das marcas autorais de Tite na conquista foi a reinvenção de Bolívar. “Um fato marcante que aconteceu comigo foi a dele (Tite) me transformar em lateral-direito. Tinha jogado toda minha base assim, mas foi algo novo no profissional. O Boca era um time que usava muito a bola aérea. Jogamos com quatro zagueiros, o que na Europa se usa muito hoje. Ele ter essa visão já em 2008 é algo marcante. Foi uma demonstração de personalidade”, lembra Bolívar, um dos símbolos do título inédito.
Tite fez com antecedência o que Pep Guardiola aplica no Manchester City. Akanji, Stones, Rúbens Dias e Gvardiol formaram o quarteto de zagueiros, por exemplo, no empate por 3 x 3 com o Real Madrid no Santiago Bernabéu pelas quartas de final da Liga dos Campeões da Europa. Todos eles beques de origem moldados a diferentes funções. Do meio para a frente, um par de volantes formado por Rodri e Kovacik, além de três meias atrás de Haaland. David Silva, Foden e Grealish. Walker assumiu a lateral-direita na partida de volta.
O Flamengo pode lembrar nesta noite os bons tempos de Tite no Inter. Quem sabe jogando assim: Rossi; Fabrício Bruno, David Luiz, Léo Ortiz e Leo Pereira; Wesley, Gerson, Igor Jesus e Lorran; Everton Cebolinha e Pedro. Portanto, não tem invenção. Há repertório e o Internacional de 2008 não me deixa mentir. Vale uma observação. Léo Pereira atuou como lateral no início da carreira no Orlando City.
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