Tite relutou, mas arrumou uma excelente dor de cabeça. A informação vinda de dentro da comissão técnica na última sexta-feira, publicada aqui no blog, era de que Tite vê potencial no mil e uma utilidades Rodrygo para emular o papel do lesionado Neymar. O maior defensor dessa alternativa é o filho dele. Para Matheus Bachi, Rodrygo vai além de um atacante capaz de fazer as pontas e a função de centroavante. Tem talento para ser 10.
Mas Tite esbarrou em seus critérios de justiça. Fred jogou mais vezes do que Rodrygo no meio de campo. O ex-menino da Vila, joia do Real Madrid, foi submetido ao teste no papel de meia ao lado de Neymar no amistoso contra a Tunísia na última data Fifa antes do anúncio dos 26 convocados.O jogador ficou surpreso com a função delegada pelo treinador.
Rodrygo entrou no segundo tempo no lugar de Lucas Paquetá. O meia do West Ham tentou alguns passes no primeiro tempo, porém não correspondeu. Rodrygo, sim. Foi dele a assistência para Casemiro em uma total inversão de papéis. Ambos confundiram o aplicado sistema defensivo da Suíça. Quando a seleção de Murak Yakin menos esperava, Rodrygo apareceu na entrada da área como se fosse meia ou volante e Casemiro pisou na área travestido de artilheiro para encher o pé e resolver uma partida complicadíssima.
“Eu me senti bem. Sei que posso ajudar a equipe. Foi um jogo muito difícil, eles estavam bem fechados, saindo tocando bem a bola, então colocaram dificuldade para nós. A gente trabalhou, continuou tocando a bola, fazendo o nosso jogo, até que abriu um espaço e eu pude dar a assistência para o Casemiro”, comentou Rodrygo na zona mista.
Vinicius Junior merece menção honrosa. Ele poderia ter sido o protagonista da noite com uma finalização fria e calculista diante do bom goleiro Sommer. Para azar dele, o primeiro gol em Copa do Mundo foi cancelado pela Arbitragem de Vídeo, o popular VAR, e deu ares de suspense ao jogo até Rodrygo e Casemiro entrarem em ação.
O Brasil venceu, está classificado para as oitavas de final, mas tem problemas. Na etapa final, Tite começou uma espécie de tentativa de erro e acerto ao mudar o time. Claramente buscava uma solução para chegar o gol. Marcou duas vezes para valer um e precisa corrigir problemas. O principal deles, a qualidade do passe. O Brasil erra demais e coloca em risco seu maior trunfo — o forte sistema defensivo. Entre as potências ostenta ao lado do Uruguai o posto de invicta. Alisson ainda não foi vazado na competição.
Para sorte dele, há um “amistoso” com Camarões valendo o primeiro lugar para achar uma escalação mais próxima possível da perfeição para as oitavas de final. O cruzamento não se desenha fácil contra Portugal, Uruguai, Coreia do Sul ou Gana. Mais incerto do que o adversário no mata-mata é a situação de Neymar. Sim, o Brasil continua dependente dele. O drama de Tite é o seguinte: e se Rodrygo se firmar, como devolver o camisa 10 ao time. Por isso, o técnico relutou em ouvir o filho Matheus Bachi e começar com o menino.
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