A uma semana do início da Copa Libertadores da América, há quem olhe apenas para o próprio umbigo e contabilize os altíssimos investimentos dos clubes brasileiros que participarão do torneio. Do Palmeiras, principalmente. Mas é bom ficar sintonizado com os movimentos do mercado em um país vizinho ao nosso. O ano começa com pelo menos três times argentinos fazendo a maior compra de suas vidas. Todos eles estão classificados para a nova edição do principal torneio do continente.
Adversário do Flamengo na primeira rodada do Grupo 4 da Libertadores, o River Plate desembolsou R$ 44,4 milhões para tirar o centroavante Lucas Pratto do São Paulo. É a maior transação da história do clube. Supera — e muito — os R$ 17,6 milhões (valor atualizado) pagos na temporada de 2000 para repatriar o meia Ariel Ortega. Campeão da Libertadores pela última vez em 2015, o time de Marcelo Gallardo também se reforçou com o goleiro Franco Armani, titular do Atlético Nacional, de Reinaldo Rueda, na conquista de 2016.
Concorrente do Cruzeiro, e provavelmente do Vasco caso o clube carioca avance nas fases eliminatórias da Libertadores, o Racing também acaba de atualizar o seu ranking de compras. Ricardo Centurión, com passagem pelo São Paulo em 2015, acaba de ser contratado pela trupe de Eduardo Coudet por R$ 12,8 milhões. O negócio deixa para trás o colombiano Andrés Ibarguen, que havia chegado ao clube no ano passado. A Academia também contratou para a próxima disputa da Libertadores: Alejandro Donatti (ex-Flamengo), Neri Cardozo, Neri Domínguez e Leonardo Sigali.
Carrasco do Flamengo nas finais da Supercopa dos Campeões de 1995 e da Copa Sul-Americana no ano passado, e adversário do Corinthians no Grupo 7, o Independiente está muito próximo de quebrar seu recorde. A maior compra da história do clube aconteceu em 2006. O “Rei de Copas” arrematou Rolfi Montenegro por R$ 9,6 milhões. Faltam detalhes para o clube anunciar a compra do titular da seleção do Equador Fernando Gaibor por R$ 13,4 milhões.
O Boca Juniors está no caminho do Palmeiras. O clube xeneize não quebrou o recorde de R$ 48,1 milhões pagos ao Villarreal por Riquelme em 2008, mas também fez investimentos de peso neste mês. Repatriou o ídolo Carlitos Tévez, buscou Buffarini no São Paulo e Emmanuel Mas no Trabzonspor, da Turquia.
Em síntese, há algumas explicações para o despertar dos clubes argentinos no mercado. Uma delas, a criação da Superliga Argentina, como passou a ser chamado o campeonato nacional. Os direitos de transmissão deixaram de ser do canal estatal e voltou a ser negociado com empresas privadas, como acontece, por exemplo, aqui no Brasil. Consequentemente, houve aumento na receita dos clubes. Quem já tinha as contas organizadas — casos de River Plate e Boca Juniors — ficou ainda mais turbinado para ir às compras. O River ainda usou no mercado o que faturou com as vendas recentes de Alario e Driussi.
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